Com o companheiro, Bekwyjkà Metuktire construiu uma história de luta pelos direitos dos povos indígenas do Brasil

SÃO PAULO

Nascida na antiga aldeia Kapot, em 1930, a anciã indígena Bekwyjkà Metuktire conheceu o Cacique Raoni quando os dois eram muito jovens e tinham um longo caminho pela frente.

Esposa e conselheira do líder indígena reconhecido internacionalmente, ela viveu ao lado dele durante oito décadas.

Tiveram oito filhos e construíram uma história de luta pelos direitos dos povos indígenas do Brasil.

Bekwyjkà Metuktire (1930-2020) e cacique Raoni
Bekwyjkà Metuktire (1930-2020) e cacique Raoni – Reprodução/Facebook

Bekwyjkà morreu no dia 23 de junho, na aldeia Metuktire, no Mato Grosso, após sofrer acidente vascular encefálico.

Aos 90 anos, ela estava com a saúde debilitada. Segundo uma das netas, a anciã não foi removida para um hospital por medo da pandemia do coronavírus.

“Meu avô está arrasado pela perda de sua companheira, conselheira e matriarca”, disse a neta Mayalú Txucarramãe.

Raoni descrevia Bekwyjkà como uma estrela que desceu na terra. “Então pude ver que ela era ainda mais linda, essa é a minha estrela”, dizia sobre a esposa.

A morte foi lamentada pela presidente da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Sonia Guajajara.

“São muitas fontes de sabedoria que estão nos deixando, levando nossa originalidade, cultura e aprendizado. Minha solidariedade e imenso pesar”, disse.

Protagonista ao longo de sua trajetória de várias lutas em defesa dos povos indígenas e da Amazônia, Raoni voltou a assumir nos últimos anos a linha de frente da mobilização, diante de um cenário que descreve como dramático.

No ano passado, ele percorreu vários países do mundo para denunciar o desmatamento da Amazônia e em janeiro deste ano convocou um encontro histórico de lideranças de povos da floresta.

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