Com o companheiro, Bekwyjkà Metuktire construiu uma história de luta pelos direitos dos povos indígenas do Brasil
Nascida na antiga aldeia Kapot, em 1930, a anciã indígena Bekwyjkà Metuktire conheceu o Cacique Raoni quando os dois eram muito jovens e tinham um longo caminho pela frente.
Esposa e conselheira do líder indígena reconhecido internacionalmente, ela viveu ao lado dele durante oito décadas.
Tiveram oito filhos e construíram uma história de luta pelos direitos dos povos indígenas do Brasil.
Bekwyjkà morreu no dia 23 de junho, na aldeia Metuktire, no Mato Grosso, após sofrer acidente vascular encefálico.
Aos 90 anos, ela estava com a saúde debilitada. Segundo uma das netas, a anciã não foi removida para um hospital por medo da pandemia do coronavírus.
“Meu avô está arrasado pela perda de sua companheira, conselheira e matriarca”, disse a neta Mayalú Txucarramãe.
Raoni descrevia Bekwyjkà como uma estrela que desceu na terra. “Então pude ver que ela era ainda mais linda, essa é a minha estrela”, dizia sobre a esposa.
A morte foi lamentada pela presidente da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Sonia Guajajara.
“São muitas fontes de sabedoria que estão nos deixando, levando nossa originalidade, cultura e aprendizado. Minha solidariedade e imenso pesar”, disse.
Protagonista ao longo de sua trajetória de várias lutas em defesa dos povos indígenas e da Amazônia, Raoni voltou a assumir nos últimos anos a linha de frente da mobilização, diante de um cenário que descreve como dramático.
No ano passado, ele percorreu vários países do mundo para denunciar o desmatamento da Amazônia e em janeiro deste ano convocou um encontro histórico de lideranças de povos da floresta.
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