Foto: Daniel Marenco/Agência O Globo e @domphillips no Twitter

Saiba o que teve de mais importante no monitoramento do Observatório dos Direitos e Políticas Indigenistas na última semana (06/06-13/06).

Com informações desencontradas, as buscas pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista Dom Phillips continuam essa semana. Os dois desapareceram no Vale do Javari, na Amazônia, no dia 5 de junho, quando faziam o percurso entre a vila São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte (AM). O objetivo dos dois era chegar até a equipe de Vigilância Indígena, localizada perto da Base de Vigilância da Fundação Nacional do Índio (Funai), no rio Ituí, onde Dom entrevistaria indígenas. 

No Twitter, o jornalista André Trigueiro disse ter sido informado pela esposa de Dom Phillips que os corpos dos dois haviam sido encontrados. A informação veio do embaixador do Reino Unido no Brasil, Francis Vijay. A Polícia Federal, entretanto, negou a informação. Até o momento a PF encontrou alguns pertences pessoais dos dois, além de amostras de sangue na embarcação de um pescador conhecido como “Pelado”, Amarildo da Costa Oliveira. Ele é um dos principais suspeitos e teve sua prisão temporária decretada. 

Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirmou que o acontecido está “intrinsecamente relacionado ao desmonte das políticas e órgãos públicos de proteção aos povos originários e aos seus territórios – acompanhado do enfraquecimento das Bases de Proteção Etnoambientais da Funai, responsáveis pela fiscalização da área, que atualmente se encontram sem a capacidade operacional mínima para desempenhar o seu papel”. As organizações indígenas têm denunciado invasões na TI Vale do Javari por garimpeiros, madeireiros, narcotraficantes, pescadores e caçadores, “que se sentem respaldados e empoderados diante da negligência e do permanente ataque aos direitos indígenas por parte do governo federal”. Antenor Vaz, ex-chefe da Funai na região, disse em entrevista à BBC que o desaparecimento “expõe o total abandono que servidores e indígenas” experimentam na região. 

Com a repercussão internacional do caso, Erika Guevara Rosas, diretora da Anistia Internacional para as Américas, cobrou que as autoridades brasileiras empregassem todos os recursos disponíveis para encontrar Bruno e Dom vivos. 

Para lideranças indígenas da região, não existe interesse do Estado para encontrá-los. Os indígenas têm ajudado a Funai, Polícia Federal, Exército e Marinha nas buscas, mas citam, por exemplo, a falta de helicópteros sobrevoando a área. A Justiça Federal da 1ª Região também falou em omissão e determinou a disponibilização de helicópteros, embarcações e equipes de buscas. Reportagem da Folha mostrou que o clima entre os que participam das buscas é de desesperança, além de ressentimento pela ausência do Exército. Eles também apontam falta de coordenação. Saiba mais

Indígenas ameaçados. Relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que 32 indígenas e quatro servidores públicos receberam ameaças de morte em 2021. Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava), Bruno Pereira e indígenas da região vinham sofrendo ameaças por tentar coibir invasões ao território por quadrilhas de caçadores, pescadores e garimpeiros.

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