
No Dia Nacional dos Povos Indígenas (19), a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, Joenia Wapichana, participou do evento Nunca mais um Brasil sem nós. A solenidade ocorreu no Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) e celebrou a luta histórica dos Povos Indígenas no Brasil. A ação teve como proposta dar visibilidade à luta dos mais de 305 Povos Originários que resistem e existem no Brasil, e que garantem a preservação de 274 línguas faladas.
Estiveram presentes no evento a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o ministro de estado do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, a deputada Federal Celia Xakriabá, o coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Tuxá, e a representante da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), Braulina Baniwa.
A celebração teve início com um toré dançado por todos os participantes do evento, e com a leitura de um texto que relembra que, pela primeira vez, em 523 anos de história, o Brasil comemora o Dia dos Povos Indígenas, sendo o novo nome da data resultado da aprovação do projeto de lei nº 5.466/2019, de autoria de Joenia Wapichana, enquanto exercia seu mandato de deputada federal.
Joenia Wapichana falou sobre as motivações que a levaram a criar o projeto de lei, à época, e reforçou a importância da data. “A história dos Povos Indígenas precisa ser contada e nunca esquecida. Durante todos esses anos, vivemos uma história de luta, resistência e resiliência, e chegamos agora, em 2023, com 305 Povos, de diferentes culturas, crenças, biomas e organizações sociais e 274 línguas faladas”. A presidenta também falou sobre o impacto da crise Yanomami, que poderia ter sido sanada no governo anterior. “Nós vamos reverter esse quadro, estamos correndo contra o tempo”.
Por último, Joenia reforçou a importância da valorização dos servidores da Funai nesse contexto de luta, lembrando daqueles que foram perseguidos e assassinados nos últimos anos, como Bruno Pereira e Maxciel dos Santos, mencionando a falta de infraestrutura do órgão e fazendo um apelo para que seja aprovado o Plano de Carreira da Funai. “A gente precisa de servidores reconhecidos. Hoje, estamos acolhendo o Plano de Carreira dos Servidores da Funai. Sem servidores, não há como se executar esse trabalho”, reforçou.
No início do evento, foi apresentado o vídeo da campanha Nunca mais um Brasil sem nós, que tem como mote celebrar a força da ancestralidade, que persiste, luta e existe. “Hoje, a terra indígena resplandece em sua grandeza. É tempo de honrar a cultura, a história e a diversidade dos povos originários, que emergem exuberantes, pintados de urucum e jenipapo”, afirmou o MPI na divulgação da iniciativa. Confira o vídeo.
O desmonte sofrido pela Funai e outros órgãos ligados à causa indígena nos últimos anos e a grave situação pela qual os Povos Indígenas passaram durante a epidemia da covid-19 foram assuntos lembrados pela ministra Sonia Guajajara. ”Estamos aqui com esse ministério que marca um novo tempo na história do Brasil. Sempre falamos que tínhamos que contar uma nova história. Agora estamos aqui, refazendo essa história com a nossa presença. Não vamos conseguir recuperar tanto tempo perdido em 100 dias ou em quatro anos, mas estamos trabalhando com coragem, compromisso e muita sabedoria”, afirmou.
Encerrando as falas dos presente, Celia Xakriabá comparou a Funai a uma flecha que serve para acertar corações de todos na possibilidade de indigenização. “Nós, Povos Indígenas, sempre fomos alvo. Mas esqueceram da nossa grande capacidade de sermos flechas. Entramos aqui para assinar, não para assassinar direitos. Nós chegamos para reflorestar a mente das pessoas. Nós queremos o nosso pagamento histórico e não o apagamento de nossa história. Nós somos o povo que resiste pela força do cantar, antes desse Brasil da coroa, existe o Brasil do cocar”, declamou a deputada federal.
Ao final do evento, a indígena Elisa Kariri-Xocó, do estado de Alagoas, entoou, junto com seu povo, um canto de reza para abençoar a todos os participantes do evento.
A programação segue no período da tarde, com o Encontro MPI-Funai pelo fortalecimento da Política Indígena, que reunirá servidores da Funai e MPI numa roda de conversa sobre temas relevantes como “condições para o exercício do trabalho indigenista de qualidade” e “territórios, diversidade e ação indigenista de qualidade”.
O encontro terá transmissão online do canal do Youtube da Funai. Acompanhe.
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