A agência Amazônia Real publica nesta segunda-feira (13) mais um vídeo da série “Histórias de mulheres invisíveis aos olhos coloniais”, produzido pela marca-protesto feminista @Peita. O documentário traz a voz de Camila dos Santos e Silva, do povo Kaingang, do Paraná. Ela mora na comunidade Kakane Porã, na periferia de Curitiba (PN), considerada a segunda aldeia urbana do país, onde vivem 38 famílias. A escola de sua comunidade enfrenta dificuldades como o risco de perder o direito a merenda das crianças, se não finalizar a construção do refeitório infantil.

No documentário, Camila fala do papel da liderança feminina no território indígena, sobre a relação da mulher indígena com a mulher branca, sobre a educação universitária, entre outros temas.

Ela diz que a relação da mulher indígena com a mulher branca ainda está sendo construída: “a sociedade branca, não só mulher, mas o indígena assim como aquela figura distante, caricata. Eu bati muito de frente com a semana de antropologia que teve na faculdade (UFPR) porque tinha um GT (Grupo de Trabalho) que falava dos Kaingang que vendiam artesanato na quinze (Rua XV de Novembro em Curitiba). Então é mais fácil enxergar os Kaingang que vendem artesanato na quinze do que enxergar os que estão dentro da faculdade? Sendo que a gente tem mais de 52 acadêmicos indígenas do Brasil inteiro na UFPR”, questiona Camila, que é acadêmica do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná.

Falantes do tronco linguístico Jê, os Kaingang vivem hoje em 38 terras indígenas fragmentadas, muitas delas ainda não demarcadas, entre os Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A população é a terceira maior de indígenas do país. Em 2014 eram 45.620 pessoas, segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

Na série “Histórias de mulheres invisíveis aos olhos coloniais”, as indígenas falam do genocídio dos povos indígenas desde a colonização europeia até os dias atuais, da luta pela demarcação dos territórios, a identidade indígena e luta delas nas aldeias, das histórias e saberes ancestrais, do preconceito contra os povos indígenas no Brasil. A ideia da série surgiu após a designer Karina Gallon, presidenta da @Peita, participar de um curso de política para mulheres, em Curitiba, que contemplou pessoas de todo o Brasil, em 2019.

Ficha técnica

Direção: Karina Gallon

Produção: Luana Angreves

Coprodução: Bruna Kamaroski e Nathalia Sibuya.

Cinegrafista: Patricia Carvalho e Luana Angreves.

Edição: Sofia Suplicy

Trilha: Grupo Kanhgág Ojik Nen Ga – Apucaraninha/PR.

Áudio: Toro Áudio

Fotos: Bruna Kamaroski e Patrícia Carvalho

Apoio: Projeto Origem

A marca Peita é também idealizadora da campanha Jogue Como Uma Garota, que reuniu torcedoras da Seleção Brasileira de Futebol Feminino durante a Copa do Mundo 2019. Leia mais.

*Esta matéria foi atualizada para correção, pois Camila Silva não é do Movimento Xondaria Kuery Jera Rete.

 

 

Fonte: https://amazoniareal.com.br/camila-silva-do-povo-kaingang-indigena-ainda-e-uma-figura-caricata-na-sociedade-branca/

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