Organizações indígenas realizam atos e bloqueios de vias para pressionar por agenda com dez reivindicações
Michele de MelloBrasil de Fato | São Paulo (SP) | 17 de Junho de 2022 às 15:45
A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) decidiu manter a paralisação nacional contra o governo de Guillermo Lasso. A Conaie apresenta uma lista com dez reivindicações, entre elas a redução dos preços dos combustíveis e a proibição de atividades de mineração nos territórios indígenas.
Também exigem mais emprego e respeito aos direitos trabalhistas, mais verbas públicas para saúde e educação, e criação de políticas públicas para conter a onda de violência e crime organizado que assola o país.
O presidente do país, Guillermo Lasso, disse que estar aberto para o diálogo, mas mantém uma postura hostil em relação ao direito de protesto social. “Estamos prontos para impedir que as mobilizações se tornem mais violentas, vamos utilizar o uso progressivo da força para defender todos que queremos trabalhar em paz”, disse.
No primeiro dia de greve geral, o presidente da Conaie, Leonidas Iza Salazar, chegou a ser preso, acusado de interromper serviços públicos, com o bloqueio da rodovia Panamericana, que conecta o norte ao sul do país. Após 24h e sob pressão popular, o líder indígena foi solto, mas está impedido de sair do país, continua sendo processado e deve comparecer semanalmente ante as autoridades.
“O diálogo deve ter resultados. [O presidente] oferece diálogo mas também ameaça com o uso coercitivo da força. Não há coerência”, denuncia o líder indígena.
Pelo menos cinco províncias do país têm suas principais vias de acesso bloqueadas pelas manifestações: Cotopaxi, Tungurahua, Chimborazo, Bolívar e Pastaza. Nessas regiões se concentra 30% dos 1,1 milhão de indígenas do Equador.
“Não aceitamos que uma luta que levamos de maneira transparente e construtiva se converta em vandalismo, de violência ou enfrentamento. Essa resistência será feita com dignidade, mas não deve ser confudida com violência”, disse Leonidas Iza.
Em menos de dois anos de gestão esta é a segunda greve geral organizada contra Lasso.
Cerca de 27,7% da população equatoriana vive na pobreza, 10,5% na pobreza extrema, enquanto 66% está na informalidade laboral, segundo dados de dezembro de 2021 do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Inec).
Edição: Rodrigo Durão Coelho
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