Foto: da esquerda para a direita: Beatriz Matos, Leonardo Lenin e Maria Janete
Teve início na segunda-feira (27) o Encontro de coordenadores e coordenadoras das Frentes de Proteção Etnoambiental (FPEs), no Centro de Formação em Política Indigenista da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em Brasília (DF). O objetivo do evento é planejar estrategicamente o trabalho das frentes e fortalecer as discussões sobre a política de promoção dos direitos dos povos indígenas de recente contato.
Compondo a mesa de abertura, estiveram presentes a diretora de Proteção Territorial (DPT) da Funai, Maria Janete de Carvalho; o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai, Leonardo Lenin; e a diretora de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Beatriz Matos. O encontro também conta com a presença de duas coordenadoras e nove coordenadores das FPEs, além da diretora de Administração e Gestão da Funai, Mislene Mendes, e de servidores das frentes, da Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) e de diversos outros setores da fundação.
Para Leonardo Lenin, o encontro é de suma importância para que se possa “realinhar e pactuar algumas questões históricas da CGIIRC e das FPEs, da Política de Proteção de Índios Isolados e de Recente Contato”. O coordenador da CGIIRC abriu o evento e agradeceu o apoio que tem recebido da Presidência da Funai em sua atuação no órgão.
Maria Janete retomou suas origens ao relembrar que é filha de um grande sertanista da Funai, Porfírio de Carvalho, e que possui uma carreira de 20 anos na fundação. “É um dever a gente assumir essa atividade para poder reconectar, reconstruir e remontar parte dos trabalhos que foram destruídos nos últimos quatro anos. É trabalhar para que vocês tenham condições de trabalho, como vocês trabalham incansavelmente nas pontas”, afirmou. A diretora também chamou atenção para a importância da troca de informações e de conhecimento entre gerações. “Ainda que a gente tenha diferenças metodológicas, estamos todos aqui pelo mesmo objetivo: a proteção e a promoção dos direitos dos Povos Indígenas. É nesse encontro de mundos que a gente vai construindo a política de uma forma melhor”, completou.
Beatriz Matos, diretora de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato do MPI, contextualizou seu trabalho pelos direitos dos Povos Indígenas, principalmente na região do Vale do Javari (AM), e falou de sua experiência com os servidores que trabalham nas FPEs. A também viúva de Bruno Pereira, morto em uma emboscada em 2022 enquanto atuava em defesa da região do Vale do Javari, relembrou que sabe muito bem o que é passar dias sem ter notícias de alguém que atua em campo, sem condições, e que sabe o sacrifício que é esse trabalho. A diretora também falou sobre como funciona a pasta voltada para a temática de indígenas isolados e de recente contato no MPI e da importância do encontro para a construção da pauta no ministério. “É um ministério inédito que está realmente sendo construído pelas pessoas que estão lá. Esse encontro é importante para a gente construir a pauta desse departamento. Pela primeira vez, as demandas de vocês podem chegar num nível de discussão e de pautar o governo que a gente acredita que é mais eficiente”, afirmou.
Presente no evento, Jair Candor, coordenador da FPE Madeirinha-Juruena (MT), é um indigenista que atua numa região conhecida como Arco do Desmatamento, que fica no noroeste do Mato Grosso, e seu trabalho contribui para a preservação das riquezas culturais e naturais do Brasil. “Esse encontro é muito bom para as frentes porque é uma troca de experiência muito grande para todos. A gente acaba aprendendo e também ensinando para as outras pessoas”, frisou o servidor.
O coordenador da FPE Guaporé, Altair Algayer, que ficou conhecido por monitorar durante mais de 20 anos o território do chamado “índio do buraco”, também esteve presente no evento. “A expectativa desse encontro é que se discuta e melhore a Política de Proteção dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato. É um momento para a Funai refletir sobre todas essas situações e busque soluções de melhoria”, destacou.
Representando as mulheres num ambiente que, durante muito tempo, foi protagonizado apenas por homens, a coordenadora substituta da FPE Yanomami Yekuana, Elaine Maciel, reforçou a importância do encontro para o atendimento das demandas das FPEs. “Esse evento vem sendo aguardado pelas coordenações há muito tempo. Hoje existe a necessidade de realinhar essas ações, principalmente na área Yanomami, que vem passando por uma crise muito grave. Esperamos que nossas reivindicações sejam avaliadas, entendidas e atendidas. É muito importante podermos falar das dificuldades que temos vivenciado na ponta e tentar sempre melhorar nosso trabalho”, afirmou.
O Encontro de coordenadores e coordenadoras das Frentes de Proteção Etnoambiental ocorre até a próxima quinta (30).
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