Sônia Guajajara anunciou que pretende sair como candidata pelo estado de São Paulo
“Nós queremos ocupar a política institucional, queremos participar das decisões deste país” – seguindo tom de luta e aldeamento da política, foi assim que a liderança indígena Sônia Guajajara iniciou sua fala na tarde do 5º dia do Acampamento Terra Livre (ATL), durante o evento onde mulheres indígenas lançaram suas pré-candidaturas para as eleições de 2022. Ela anunciou sua pré-candidatura para deputada federal pelo estado de São Paulo.
Fazendo um contraponto à Bancada Ruralista ou Bancada da Bala, as indígenas de diferentes partidos, anunciaram que seria a oportunidade para se criar uma “Bancada do Cocar” para defender os direitos dos povos tradicionais.
“A gente não está atrás de cargos ou regalias; aceitamos enfrentar mais esse desafio, porque nós cansamos de ver as nossas crianças sendo sugadas pela draga do garimpo ilegal, nós cansamos de vê-las sendo contaminadas pelo mercúrio das mineradoras, pela lama que não vale a vida de ninguém; aceitamos esse desafio porque nós não queremos mais ver as nossas florestas sangrarem, nós não queremos mais ver os animais sendo queimados, nós não queremos mais ver o agronegócio adentrar os nosso territórios […]” expõe Guajajara em seu discurso.
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Na agenda do dia, dedicada exclusivamente a vozes de mulheres, um tema em comum foi a exposição da violação contra os direitos humanos que impacta, sobretudo, mulheres e crianças, reforçando a necessidade da representatividade dessas mulheres indígenas na política.
“Queremos chegar não somente com um único cocar, queremos chegar com muitos. Queremos desafiar e indigenizar essa caneta, indigenizar o Congresso Nacional”, explicou Célia Xakriabá, pré-candidata de Minas Gerais. Uma das preocupações dos povos indígenas é a aprovação de projetos de leis que visam dificultar a demarcação de terras indígenas ou permitir a exploração dos seus territórios. “Além da bancada do cocar, queremos fazer um um Congresso [Nacional] ancestral e é por isso que queremos levar a presença das mulheres indígenas. Não somente a força da caneta, mas levar a força do jenipapo e do urucum”.
No Brasil vivem hoje, de acordo com o IBGE, 897 mil indígenas de 305 diferentes povos, sendo 448 mil deles mulheres. Mesmo representando metade da população originária, atualmente apenas duas indígenas atuam diretamente na política. A deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), que foi a primeira mulher indígena a ser eleita para a Câmara e a Chirley Pankará, que é co-deputada da Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) pelo PSOL.
Objetivando transformar esse cenário, foram lançadas as pré-candidaturas para concorrer aos cargos de deputadas federal, os nomes de Sonia Guajajara (SP), Celia Xakriabá (MG), Eunice Kerexu (SC), Larissa Pankararu (DF), Joenia Wapichana (RR) e Potira Potiguara (DF); já para os cargos de deputadas estadual, Simone Karipuna (AP), Val Terena (MS), Juliana Jenipapo Kanindé (CE), Chriley Pankará (SP), Eliane Bakairi (MT) e Tereza Arapium (RJ).
Sobre o ATL
O Acampamento Terra Livre teve início nesta segunda-feira (04) e vai acontecer até o dia 14. Confira a agenda oficial da mobilização no site da APIB e acompanhe também os principais destaques do ATL por aqui.
Por: Aldrey Riechel e Anna Francischini
Fonte: Amazônia.org.br
Fonte: https://amazonia.org.br/mulheres-indigenas-lancam-pre-candidaturas-durante-acampamento-terra-livre/
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