A Comissão Especial sobre a Mineração e a Ecologia Integral reuniu-se pela segunda vez nesta sexta-feira, 6 de março, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo o bispo de Caxias do Maranhão (MA), dom Sebastião Lima Duarte, a Comissão tem como missão e atribuição central ser presença por meio de assessoria às dioceses onde a questão da mineração é uma realidade e também ajudar a que as Igrejas locais possam incidir mais na realidade da mineração. “Como missão, nós temos que contribuir na sensibilização e formação da consciência das pessoas sobre a realidade da mineração”, disse.

Como estratégia, a Comissão quer consolidar uma maior presença junto aos territórios, conhecendo, assumindo e dando apoio aos povos tradicionais ameaçados pela mineração. Um importante passo neste sentido, conforme dom Sebastião, é a organização de um mapeamento das áreas impactadas pela mineração no país, especialmente nas terras indígenas.

Dom Sebastião informa que a Comissão vai realizar encontros regionais. Um que já está sendo encaminhado é o do regional Leste 1 e também um encontro na Amazônia. Às vésperas da 58º Assembleia Geral, a Comissão vai realizar um encontro com os bispos onde a mineração é uma realidade.

A Comissão buscará atuar em sintonia com o trabalho que vem desenvolvendo o Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) e o Dicastério para o Desenvolvimento Integral do Vaticano e em parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

Também buscará se aliar a outros grupos, no Brasil, que fazem este trabalho numa perspectiva de atuação em rede e também procurará investir e cooperar em processos de produção para que as comunidades tenham alternativas de sobrevivência e de vida e não fiquem sujeitas inteiramente às mineradoras e à mineração ilegal.

Ecologia Integral

Segundo a Moema Miranda, da Ordem Franciscana Secular e da Rede Igrejas e Mineração, a Comissão está dando seus primeiros passos numa articulação e envolvimento na perspectiva  que o Papa Francisco vem orientando desde a Encíclica Laudato Sí, que este ano completa cinco anos.

“A Laudato Sí é a grande inspiradora do nosso trabalho. Estamos com bastante esperança de consolidar e avançar e de construir para dentro da Igreja uma linguagem e compreensão comum dos desafios e perspectivas para serem levadas adiante”, disse.

De acordo com a representante da Comissão, é a partir da luz e da compreensão de que na “nossa Casa Comum” tudo está interligado que será possível compreender o modelo de mineração no Brasil como um modelo predatório que não estabelece limite para a extração de minérios e destrói as condições de vida de toda a natureza.

Para o bispo de Ruy Barbosa (BA), dom André de Witte, também membro da Comissão e presidente da Comissão Pastoral da Terra, a Exortação Pastoral Querida Amazônia envolve toda essa preocupação anterior do Papa Francisco com a Ecologia Integral. “Para nós, que seguimos Jesus, o objetivo da Igreja é que ‘todos tenham vida e vida em abundância’”, disse.

O bispo apontou que a mineração é uma das forças extrativistas junto a agroindústria e as madeireiras que se apresentam como ameaças uma vez que só se preocupam, em sua avaliação, com a parte econômica e com a riqueza que está no solo e no subsolo.  “Enquanto Comissão estamos pensando na continuidade de toda esta luta à serviço da vida. Mostrando que a realidade mais ampla não pode ser limitada à parte econômica, de mercado e de lucro, mas deve respeitar a vida”, disse.

 

 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/comissao-especial-sobre-a-mineracao-e-a-ecologia-integral-se-reune-na-cnbb-em-brasilia-df/

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