Polícia diz que Ruben Villar, o Colômbia, é investigado por suposto envolvimento nos assassinatos de Bruno e Dom; defesa não foi localizada
MANAUS
A PF (Polícia Federal) voltou a prender Ruben Dario da Silva Villar, o Colômbia, suspeito de liderar uma organização criminosa de pesca ilegal na região da terra indígena Vale do Javari, na tríplice fronteira do Brasil com Peru e Colômbia.
A polícia investiga a possibilidade de conexão entre esse grupo criminoso e os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, em 5 de junho. A reportagem não localizou a defesa de Villar.
Os dois foram mortos quando navegavam pelo rio Itaquaí, na parte de fora da terra indígena. Os suspeitos do duplo homicídio são pescadores ilegais da região, segundo denúncia do MPF (Ministério Público Federal).
Villar foi preso pela primeira vez por uso de documentos falsos. Enquanto esteve detido, a PF deu sequência à investigação sobre a atuação da suposta organização criminosa.
Ele foi solto em outubro após pagar fiança e deveria permanecer em prisão domiciliar, o que foi descumprido, segundo nota da PF no Amazonas —ele era considerado foragido da Justiça Federal.
A nova prisão ocorreu nesta terça-feira (20), conforme a polícia, e foi determinada pela Vara Federal em Tabatinga (AM), cidade que fica na fronteira com a Colômbia.
“O réu havia descumprido as condições impostas por ocasião da concessão de sua liberdade provisória”, disse a PF na nota.
A polícia afirmou ainda que Villar é suspeito de envolvimento nos assassinatos de Bruno e Dom.
“Para evitar nova fuga, a PF irá solicitar o seu encaminhamento a um presídio federal de segurança máxima”, cita a nota.
O principal suspeito do duplo homicídio, Amarildo Oliveira, o Pelado, foi transferido em novembro para a penitenciária federal de segurança máxima em Campo Grande (MS).
Bruno e Dom foram mortos por pescadores de uma comunidade ribeirinha vizinha à terra indígena, no rio Itaquaí, em razão da atuação do indigenista contra a pesca ilegal.
Em julho, o MPF denunciou Oliveira, seu irmão Oseney de Oliveira, o Dos Santos, e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha. Os três são réus na Justiça Federal por suspeita de terem assassinado Bruno e Dom.
Depois, um novo inquérito foi aberto para investigar a atuação de um grupo na pesca ilegal e a conexão desse grupo com o duplo homicídio. A PF investiga a possibilidade de que os crimes tiveram um mandante.
Em agosto, a PF fez uma operação contra pesca ilegal no Vale do Javari para cumprir sete mandados de prisão preventiva, expedidos pela Justiça Federal.
A operação mirou parentes de Oliveira e moradores das comunidades suspeitos de ocultação dos corpos de Bruno e Dom. Eles foram assassinados em 5 de junho, e os corpos só foram encontrados dez dias depois.
Um dos suspeitos de participação no esquema de pesca ilegal, que seria liderado por Villar, foi solto pela Justiça no começo deste mês.
O juiz Fabiano Verli, da Vara de Tabatinga, concedeu liberdade provisória a Laurimar Lopes Alves, o Caboclo.
Alves precisa pagar fiança de R$ 2.000 e terá de comparecer mensalmente à Justiça. Além disso, ele deve ficar em prisão domiciliar, com exceção de quatro horas diárias para trabalho.
“Laurimar está preso há meses com base em duas coisas: um relato de uma pessoa da região, preocupada com a ação de grupo criminoso ligado principalmente à pesca ilegal, e uma espingarda achada na sua casa”, disse o juiz na decisão da soltura.
Desde a prisão, nada de novo apareceu, segundo Verli, o que justificou a concessão da liberdade.
Comentários