Imagem: Acervo/Funai
Imagem: Acervo/Funai
AFundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) realizou, entre os dias 18 e 20 de fevereiro, a Oficina de Construção do Guia de Orientação para Elaboração e Gestão de Planos de Visitação Turística em Terras Indígenas, na UnB Cerrado, em Alto Paraíso (GO).
O evento foi promovido pela Coordenação Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento (CGEtno/DPDS), por meio da Coordenação de Geração de Renda (COGER), e com o apoio de diversas coordenações regionais da Funai como Rio Negro, Kayapó Sul do Pará, Minas Gerais e Espírito Santo, Sul da Bahia, Xingu, Roraima, Cuiabá, Manaus e Araguaia-Tocantins.
A oficina teve como objetivo discutir e aprofundar temas relacionados ao turismo de base comunitária (TBC) em territórios indígenas, promovendo um entendimento coletivo sobre os principais elementos da Instrução Normativa n° 03/2015/Funai, que segue sendo o principal instrumento para normatizar e promover a visitação turística em terras indígenas. Além disso, o encontro visou levantar subsídios para a elaboração e futura publicação de um guia de planejamento de visitação turística destinado às comunidades indígenas e demais interessados no tema.
A oficina contou com a participação de aproximadamente 25 representantes indígenas de diferentes iniciativas de turismo de base comunitária em terras indígenas de diversas regiões do país. Cada coordenação regional indicou três representantes de suas regiões para apresentar suas experiências e contribuir com a discussão sobre os principais elementos que deverão compor o Guia de Elaboração de Planos de Visitação Turística em Terras Indígenas.
É uma dívida que nós tínhamos com eles desde a elaboração da Instrução Normativa n° 03, assinada e publicada em 2015.
Ivan Abreu Stibich, coordenador de Geração de Renda da Funai
Para Ivan Abreu Stibich, da COGER, a iniciativa representa um compromisso da instituição com os povos indígenas. “Esse evento é de suma importância para os povos indígenas e é uma dívida que nós tínhamos com eles desde a elaboração da Instrução Normativa n° 03, assinada e publicada em 2015. Finalmente teremos um meio de se comunicar e de informar as comunidades de forma clara e objetiva sobre os princípios e sobre os procedimentos para o desenvolvimento do turismo na terra indígena. A gente espera, a partir daí, que as comunidades com acesso à informação possam fazer os seus planos e desenvolver atividades turísticas de forma segura, sustentável e responsável nas suas terras.”
Os participantes também destacaram a importância da oficina. Rogério de Souza Borges, da Coordenação Regional Kayapó Sul do Pará, afirmou: “A oficina foi importantíssima para os indígenas Kayapó, pois, se apropriaram de novos conhecimentos, garantindo assim maior entendimento e controle dos seus projetos de ecoturismo e etnoturismo na TI Kayapó e Mekrãgnoti.”
Já Roberto Pereira Lopes, do povo Baré, relatou sua experiência com iniciativas de turismo de base comunitária. “Participar do projeto de pesca esportiva do Marié, cuja proponente é a Associação das Comunidades Indígenas do Baixo Rio Negro, para mim foi muito maravilhoso por ter conhecimento de outros projetos de base comunitária, como é a diferença de uma para outra e como é construir o plano de visitação de sua região.”
A percepção das próprias pessoas envolvidas na construção do plano facilita o correto direcionamento do passo a passo.
Eliane Santos Almeida, da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN)
Eliane Santos Almeida, técnica de turismo da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), ressaltou o impacto positivo da participação indígena na elaboração do guia: “A participação de vários povos indígenas na oficina sobre o guia de elaboração do plano de visitação foi muito importante e necessária, pois a percepção das próprias pessoas envolvidas na construção do plano facilita o correto direcionamento do passo a passo, visto que o objetivo do guia é ser de fácil compreensão para todos os envolvidos no processo de desenvolvimento do plano. Tanto para as associações proponentes, quanto para os comunitários e parceiros dos projetos turísticos em Terras Indígenas. Tal iniciativa acaba fortalecendo também a autonomia dos povos indígenas na gestão do turismo em seus territórios.”
Os próximos passos da iniciativa incluem a revisão do material coletado durante a oficina e a elaboração de uma proposta preliminar do Guia de Elaboração de Planos de Visitação Turística em Terras Indígenas. Essa proposta será posteriormente validada junto às representações comunitárias antes da editoração e publicação do guia. Uma vez publicado, o material será amplamente divulgado para apoiar as comunidades indígenas na gestão do turismo em suas terras.Categoria
Agricultura e Pecuária
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