TI Sararé é a área indígena com maior número de alerta de garimpo ilegal; em 2025, foram mais de 1,8 mil casos
Uma operação conjunta entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) e a Polícia Federal (PF) desmontaram um acampamento de garimpo ilegal ligado ao Comando Vermelho (CV) dentro da Terra Indígena (TI) Sararé, no Mato Grosso. A ação aconteceu entre os dias 28 e 30 de setembro em área conhecida como “Garimpo do Cururu” e é uma das fases da Operação Xapiri-Sararé, iniciada em 1º de agosto.
De acordo com nota do Ibama, o grupo criminoso exerce o controle de diversas áreas dentro do território indígena com grupos fortemente armados, munidos de grande quantidade de armamentos de uso restrito.
Em agosto, reportagem do Brasil de Fato sobre a Operação Xapiri-Sararé mostrou que a região da TI Sararé, onde vive o povo Nambikwara, concentra atualmente a maior quantidade de alertas de garimpo do país: foram 1.814 registros apenas em 2025. O avanço da atividade ilegal já provocou a destruição de 743 hectares de vegetação nativa, além de contaminação dos rios com mercúrio e resíduos oleosos.
A região é considerada pelo Ibama uma “zona sensível”, pela proximidade com a fronteira do país no estado de Mato Grosso onde há forte
incidência de crimes como o tráfico de drogas e de armas. “Estima-se que aproximadamente 2 mil hectares tenham sido devastados pela exploração ilegal de ouro, impulsionada por organizações criminosas armadas que invadiram e atuam dentro da área”, informa nota técnica do instituto.
O acampamento onde os criminosos fizeram sua base contava com 14 bunkers com estoques de alimento e grande quantidade de equipamentos e insumos diversos para as atividades ilegais. Em um dos abrigos identificados, foram encontradas seis armas de fogo, incluindo um fuzil 5.56 mm e duas espingardas calibre 12.

Segundo informações do Ibama, ao longo dos três dias da operação, foram apreendidos e destruídos 42 motores estacionários, três escavadeiras hidráulicas, um quadriciclo, duas caminhonetes, 13 motobombas, 18 motores geradores, três motosserras, oito motocicletas, 14 depósitos subterrâneos (bunkers) com equipamentos e insumos diversos, 101 acampamentos, sete armas de fogo e grande quantidade de explosivos (emulsões, nitropenta e espoletas). Além disso, quatro minas subterrâneas abertas para exploração de ouro de filão foram demolidas por uma equipe da PF especializada em explosivos.
A ação deve prosseguir na região e, segundo as forças policiais e o Ibama, o objetivo é a desarticulação completa da rede criminosa, garantindo o fim dos “danos ambientais, preservação ambiental, a proteção dos povos originários e o cumprimento da legislação brasileira”.
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