A premiação acontece 15 anos depois de o professor ter participado e ganhado o mesmo evento, em 2003. O trabalhado vencedor deste ano tratou sobre mananciais, igapós, rios e igarapés

Imagine, depois de 15 anos, voltar a conquistar um prêmio da juventude, mas agora como mentor do ganhador? Foi exatamente o que aconteceu com o pedagogo Diego Garcia Filgueira, gestor da Escola Municipal Indígena Dr. Jacobina, situada na aldeia Moyray, em Autazes, município distante 113 quilômetros de Manaus.

Ele ajudou o aluno Pedro Gama, do 8º ano, a ganhar a 5ª Conferência Infanto-Juvenil do Meio Ambiente 2018, com o trabalho “Vamos Cuidar do Brasil Cuidando das Águas: Cuidar hoje para termos amanhã”, sobre a preservação de mananciais, igapós, rios e igarapés. O evento deste ano, com temática sobre preservação da água, aconteceu entre os dias 15 e 19 de junho, em Campinas, São Paulo.

“Em 2003 fui a Brasília, como delegado, representando o meu povo Mura. Fui o único de Autazes. Agora, fui como professor acompanhando o aluno da escola a Campinas, em São Paulo. Ganhamos a competição municipal e depois a estadual. Passamos quatro dias com 25 Estados do Brasil, com 15 delegados do Amazonas, discutindo propostas e oficinas de projetos em prol de nossa água”, explica o pedagogo.

Os delegados têm a função de discutir e elaborar propostas sobre o tema. Para ele, ganhar o prêmio foi muito importante porque assim os indígenas vencem o preconceito através da educação. Em adicional, o Meio Ambiente está sendo pautado.

Há 15 anos, o pedagogo Diego ganhou o prêmio na I Conferência Nacional Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente (I CNIJMA), em 2003, com a composição de um rap ambiental. A primeira edição contou com a participação de 15.452 escolas de todos o Pais, mobilizando mais de cinco milhões de pessoas em 3.461 municípios. Isso foi um marco para a educação indígena na cidade. Depois de 15 anos, isso volta a se repetir, mas agora na 5ª Conferência.

Para Pedro Gama, o ganhador dessa edição, também da etnia Mura, a experiência de defender a própria escola e representar seu povo foi construtiva. “Aprendi muita coisa lá e fiz novas amizades. Agora estou com muita vontade de ajudar minha aldeia”, fala.

A educação indígena no Amazonas tem enfrentado vários desafios nos últimos anos. Há dez anos, quem dava aula eram professores não-indígenas. Hoje, já há profissionais indígenas habilitados para essa função. Diego Filgueira explica que faltam dois principais pontos na educação escolar indígena. A primeira é a infraestrutura, como construção de um prédio adequado, além de uma comunidade acadêmica com corpo efetivo.

O segundo ponto é o foco nas escolas indígenas com ensino de qualidade atrelados a valorização da cultura e costume no âmbito escolar. Hoje, os professores ensinam as matérias gerais em conjunto com disciplinas focadas na cultura indígena. “Tudo isso é conquista. O povo mura fica contente”, comemora o gestor. Todos 286 alunos da Escola Municipal Dr. Jacobina são indígenas, com 253 no ensino fundamental e 35 no ensino médio.

Iniciativa

A Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (5ª CNIJMA) é uma iniciativa do órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), constituído pelos ministérios da Educação (MEC) e do Meio Ambiente (MMA) do Governo Federal.

Fonte: A Crítica

Fonte: http://amazonia.org.br/2018/07/professor-e-aluno-de-escola-indigena-do-am-vencem-conferencia-ambiental-em-sao-paulo/

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