O ano foi de reconhecimentos importantes para a agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real. Celebrar as premiações e homenagens é importante para o fortalecimento desta organização de mídia, que completou 8 anos de fundação em 2021. Estamos sentindo que o nosso objetivo de visibilizar a Amazônia está sendo conquistado. Isso é muito bom, pois os povos da região amazônica precisam ser escutados e respeitados.  

Mas a maior celebração é saber que contamos neste ano com o trabalho de cerca de 70 pessoas, entre editores, repórteres, fotógrafos, ilustradores, infográficos, designers, desenvolvedores, pessoal da administração, colunistas e comunicadores. São pessoas sensíveis que relataram as histórias da Amazônia de dentro e de perto, chegando em locais de conflitos para ouvir quem está na linha de frente de combate às violações de direitos. 

Nesta retrospectiva de 2021, realizada a partir do olhar dos repórteres e comunicadores, fazemos um balanço da produção jornalística. 

Fazer bom jornalismo e investigar os fatos como eles são na Amazônia requer coragem e enfrentamento até de ações judiciais e censura. Mas, com o apoio dos parceiros, estamos superando esses obstáculos que violam as liberdades de expressão e de imprensa.     

Na nossa retrospectiva é fundamental lembrar também que 2021 foi mais um ano de desafios e de muito esforço e sensibilidade dos jornalistas para relatar, em forma de reportagens, os ataques e os descasos que atingem a Amazônia sob a pandemia da Covid-19 e o governo Jair Bolsonaro (PL).

Um desses esforços em equipe resultou na série especial “Ouro do Sangue Yanomami”, um retrato contundente da exploração ilegal protagonizada por garimpeiros e de toda a cadeia econômica e política que envolve a questão em terras indígenas. Premiada, a série mostra a importância do jornalismo investigativo na região norte do país. Foi realizada em parceria com a Repórter Brasil.

Outras reportagens importantes foram produzidas e publicadas, gerando repercussão nacional e global e contribuindo para pautar outros veículos de imprensa e diversos impactos na sociedade. Os jornalistas que fazem parte da rede da Amazônia Real tiveram que lidar com as limitações impostas pela pandemia e com a insegurança que marca o exercício da profissão ainda mais nos tempos atuais. Essas questões, no entanto, não diminuíram a intensidade da dedicação no exercício jornalístico.

Nesta retrospectiva, como já aconteceu em anos anteriores, os jornalistas da Amazônia Real escolheram as reportagens que consideram mais importantes realizadas em 2021 e produziram textos para falar sobre as experiências de apurar e aprofundar questões como as mortes provocadas pela Covid-19, as denúncias de desmatamento, queimadas, garimpo ilegal, conflitos relacionados à migração, violações de direitos humanos e ambientais e a luta pela sobrevivência na região Norte do país.

Amazônia Real agradece aos colaboradores e aos leitores e deseja um Ano Novo com mais Saúde e Esperança em 2022. No dia 10 de janeiro voltaremos do recesso trazendo a vocês novas histórias dos povos da Amazônia.

Amazônia Viva!

Águas para Vida!

RETROSPECTIVA 2021


Caos na Pandemia: Sem oxigênio, pacientes morrem asfixiados em Manaus

Familiares reclamam da falta de oxigênio para seus pacientes internados
(Foto: Sandro Pereira/Foto Arena/Estadão Conteúdo)

Por Leanderson Lima

“Escrever sobre a crise causada pela falta de oxigênio em Manaus durante a segunda onda da pandemia do coronavírus foi sem dúvida um dos maiores desafios da minha carreira jornalística. Atuando pela Amazônia Real, tive a oportunidade de contar as histórias de quem sofreu na pele com o problema. Foi como um filme de horror. Pessoas morriam asfixiadas enquanto tentavam montar estruturas hospitalares dentro de suas próprias casas, uma vez que os hospitais – públicos e privados – estavam colapsados. Nunca vi nada igual a isso”.

Leia a reportagem publicada em janeiro de 2021

Morre de Covid-19 o guerreiro Aruká Juma

O líder foi tratado com medicação ineficaz para o vírus
(Foto: Gabriel Uchida/Amazônia Real)

Por Luciene Kaxinawá

“Eu conheci a história do povo Juma em 2014, no início da minha carreira de jornalista. Contar a história desse povo foi um grande marco. Quando descobri que o Aruká Juma estava com Covid e não havia UTI em Humaitá, onde ele estava,  fizemos uma força-tarefa para levá-lo até Rondônia para o tratamento que precisava. Ele era o último ancião da etnia. Fiquei muito triste com o falecimento. Junto com ele foram várias histórias, um legado. Apesar de tudo, eu me senti honrada em poder contar a trajetória dele.”

tratamento indevido de Aruká Juma foi denunciado pela Anistia Internacional.

Leia a reportagem publicada em fevereiro de 2021

Isac Tembé foi assassinado por PM em ação desproporcional

Uma ligação foi a justificativa para PMs matarem indígena
 (Foto de Sarah Souza/Assessoria Dep. Bordalo)

Por Erika Morhy

“Foi doloroso e temeroso investigar este caso, ainda inconcluso, porque envolve tanto uma violação a direitos de povos originários e a direitos humanos quanto o entrelaçamento de redes de forças tradicionalmente impunes no Brasil. É uma pauta que não trata apenas de um crime, mas do perfil histórico e estrutural da violência contra indígenas, e com novos elementos, que dão complexidade ao tratamento”.

Leia a reportagem publicada em fevereiro de 2021

Os jovens sem direito ao luto

O sofrimento pela Covid-19 desafiou jovens na Amazônia
(Foto: Juliana Pesqueira/Amazônia Real)

Por Edda Ribeiro

“A reportagem conta o momento em que jovens manauaras – entre 15 e 29 anos – perderam ou quase perderam familiares para a Covid-19. Todos os entrevistados moram em Manaus (AM), por conta da visibilidade que a cidade tomou frente aos números de infectados e óbitos pela doença, assim como a crise de fornecimento de oxigênio nos hospitais. Na época em que foi publicada a reportagem, o Amazonas passava dos 12 mil mortos pelo coronavírus e a capital concentrava 8,4 mil deles. Jovens perderam pais e avós. O toque principal da matéria foi mostrar, através de relatos, a proximidade desses jovens com o luto, um direito que, em muitos momentos, foi vivido de forma breve”.

Leia a reportagem publicada em abril de 2021

Covid-19 tira renda de profissionais de sexo

A pandemia e o isolamento prejudicaram trabalhadores do sexo
(Foto: Gempac – Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará)

Por Vivianny Matos

“Falar sobre mulheres invisibilizadas e que desempenham, há séculos, a função do entretenimento adulto, é desafiador. Primeiro pelo fato de muitas trabalhadoras do sexo sofrerem preconceito e terem receio de expor suas histórias. E, ao mesmo tempo, é relevante, sobretudo em tempos de pandemia e pelo fato de existirem mulheres da terceira idade que ainda atuam com esta atividade”.

Leia a reportagem publicada em junho de 2021

Céu sem lei é controlado por garimpeiros

Um avião (foto) ilegal tentou interceptar a aeronave da reportagem
((Imagem: Bruno Kelly/Amazônia Real)

Por Maria Fernanda Ribeiro

“Foram vários os desafios para realizar essa reportagem. Foi a primeira reportagem em campo que eu fiz durante a pandemia e já começamos com os desafios dos cuidados em relação à nossa saúde. Teve também o desafio de planejar o sobrevoo. E o terceiro desafio foi o próprio sobrevoo, chegar à terra indígena e encontrar rapidamente a ilegalidade: muitos aviões dos garimpeiros, os riscos, a tensão, a cautela. E o outro desafio foi escrever a reportagem, como passar tudo o que a gente viu e sentiu para um texto e para um vídeo, para que o impacto fosse o mesmo que sentimos”.

A reportagem especial levou o Ministério da Saúde a afastar uma funcionária da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) flagrada negociando ouro do garimpo Yanomami, além de provocar uma investigação do Ministério Público Federal.

Outro desdobramento da especial foi a Ação Civil Pública que o MPF ingressou pedindo suspensão das atividades das Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs) citadas na reportagem HStern, Ourominas e D’Gold: as principais compradoras do ouro ilegal da TI Yanomami.

Em novembro, a reportagem ganhou o segundo lugar no Prêmio Amaerj Patrícia Acioli de Direitos Humanos.

Leia a reportagem publicada em junho de 2021

‘Pseudo Indígenas’ é premiada no festival de fotografia Les Rencontres d’Arles

Menina Akroá Gamella na retomada Cajueiro Piraí, no Maranhão, 2018
(Foto da série ‘Pseudo Indígenas’, de Ana Mendes)

Por Pedro Alexandre Sanches

“A premiação do trabalho fotográfico ‘Pseudo Indígenas no programa Um Olhar Sobre o Brasil’, no festival francês de fotografia Les Rencontres d’Arles, deu oportunidade para conhecer mais do trabalho não só da fotógrafa Ana Mendes, mas também da curadora Marcela Bonfim e de seu projeto Amazônia Negra. Gaúcha e paulista, Ana e Marcela têm belas histórias para contar sobre como se radicaram na Amazônia”.

Leia aqui a reportagem publicada em julho de 2021

No Amapá, feminicídio é um crime que não se apaga

A imagem mostra protesto contra o feminicídio em Macapá
(Foto: Rudja Santo/Amazônia Real)

Por Bianca Andrade

“A Covid-19 segue ceifando vidas. Nesse período pandêmico, outras pandemias se intensificaram, entre elas a do feminicídio, principalmente na região Norte do país. Após finalizar a reportagem, na qual destaquei as dores e a reconstrução de Rose, sobrevivente desse tipo de crime, e as manifestações dos familiares das vítimas que transformam o luto em luta, o Amapá teve mais registros e, lamentavelmente, não serão os últimos, assim como as subnotificações”.

Leia a reportagem publicada em agosto de 2021

Por que as mulheres negras não podem parar de marchar

A luta dos movimentos das mulheres negras na Amazônia 
(Foto: Nay Jinkss/Amazônia Real)

Por Roberta Brandão

“Acho que as matérias que mais me tocam são as que falo dos meus pares. Não que outros mundos não importem. Mas eu sei por que uma mulher negra não pode deixar de marchar. Porque eu sou uma mulher racializada de acordo com a lógica colonial. Uma mulher preta de pele parda na Amazônia. Eu me emocionei muito ouvindo cada mulher e histórias. É sobre mim também”.

Leia a reportagem publicada em agosto de 2021

Desemprego reflete a fome em tempos de pandemia no centro de Manaus

A desempregada Maria de Nazaré Campos recebe prato de sopa 
(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

Por Wérica Lima

“A reportagem mostra um lado esquecido pelas autoridades em Manaus. Crianças, adultos e senhores acima dos 60 anos convivem diariamente com a fome e a falta de moradia. Boa parte perdeu tudo na pandemia e, sem apoio, acabou indo dormir na rua. A reportagem mostra que não existem dados oficiais sobre essa população nem políticas públicas eficazes. Foi necessário ir à noite no centro da cidade e nos prédios abandonados. Os relatos foram impactantes e foi difícil segurar as lágrimas e não chorar durante as entrevistas. A cada praça, esquina ou prédio encontramos pessoas que, ao verem o carro do projeto Sopaterapia, gritavam pedindo comida”.

Leia a reportagem publicada em agosto de 2021

Garimpo causa má formação e desnutrição em crianças Yanomami, denunciam lideranças indígenas

Mães Yanomami relataram dramas nas comunidades indígenas
(Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real)

Por Ana Lucia Montel

“Ver de perto as súplicas das mães Yanomami, ver de perto as reivindicações e a luta para que o futuro do povo Yanomami não seja morto foi algo que deu força e mais certeza do trabalho que fazemos, de escuta desse povo, divulgar suas lutas. Acredito que a Amazônia Real é um canal de voz, que luta junto com todos os povos indígenas, principalmente da Amazônia”. 

Leia a reportagem publicada em setembro de 2021

Indígenas querem fundar a 1ª Academia da Língua Nheengatu

Professores indígenas se organizam para criar estratégias  de ensino 
(Foto: Paulo Desana/Dabukuri/Amazônia Real)

Por Jullie Pereira

“Essa foi a primeira matéria que fiz para a agência e fala de uma iniciativa de professores indígenas que buscam valorizar o Nheengatu. Eu passei algumas semanas conversando com eles, li pesquisas científicas, participei de grupos no whatsapp e lidei com diferentes perspectivas do que é a língua indígena. Depois, recebi bons retornos tanto do editor que me acompanhou quanto dos próprios indígenas que entrevistei. Também recebi e-mails de pessoas interessadas no tema e a matéria foi replicada e indicada em sites especializados de educação e literatura. Por ter sido a primeira, tenho um carinho. Estou muito contente de aprender com a equipe da Amazônia Real e ter a oportunidade de assinar aqui”. 

Leia a reportagem publicada em setembro de 2021

Surto da urina preta prejudica pescadores no Amazonas

Venda de pescado na Feira da Ponte em Parintins
(Foto: Liam Cavalcante/Amazônia Real)

Por Gabriel Ferreira

“Esta foi a minha segunda reportagem para a agência Amazônia Real e foi bastante desafiadora a forma que foi feita, sobretudo pelo ângulo utilizado. Ouvi especialistas que levantaram hipóteses a respeito do surto que estava ocorrendo na época. Também pude entrevistar o barbeiro Paulo Afonso Pereira, que foi contaminado pela doença. Consegui conversar com um morador da comunidade de várzea São Francisco Xavier, de Barreirinha, no Baixo Amazonas, que era pescador de subsistência e junto da família estava sem consumir alguns peixes por medo da contaminação. Essa entrevista foi a mais difícil, pois o sinal de internet no local é remoto e ligações por chamadas de voz também são cheias de ruídos. A reportagem teve uma relevância enorme para que as pessoas pudessem entender o que estava acontecendo. Conseguimos ser didáticos ao explicar o fato, ouvindo especialistas, autoridades, pescadores, representantes do setor de pesca, consumidores, peixeiros e uma das vítimas de contaminação”.

Leia a reportagem publicada em setembro de 2021

Centro de Triagem de Animais Silvestres em Manaus está lotado

Macaco Barrigudo amarrado em casa no sul do Amazonas 
(Foto: Edmar Barros/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Por Alicia Lobato

“Escolhi essa matéria para a retrospectiva por conta do tema ser algo que eu sempre gostei de retratar. Acredito que a pauta animal não é tão valorizada, mas quando observamos pelo ponto de vista de que estamos em uma cidade tão próxima da floresta devemos pensar como a nossa expansão e o nosso crescimento podem afetar outros seres e começar a rever o nosso modo de vida, além de pensar em pautar esses temas na nossa rotina”.

Leia a reportagem publicada em setembro de 2021

Mulheres marcham e tacam fogo em boneco de Bolsonaro

A 2ª Marcha das Mulheres Indígenas reuniu 5 mil mulheres de 172 etnias
(Foto: Leonardo Milano/Jornalistas Livres)

Por Cristina Ávila

“Tensão, explosões de alegria, rituais religiosos, impressionante resistência e uma centena de idiomas marcaram acampamentos indígenas em Brasília. Enfrentaram bombas nas portas do Congresso Nacional e Funai, truculência dos apoiadores do governo nas ruas e comemoraram vitórias. A cobertura pela Amazônia Real foi intensa e emocionante, durante dias e noites de junho a setembro, encerrando o período com a grandiosa marcha de 5 mil mulheres guerreiras, em 11 km de uma manhã seca de sol tórrido na área central da capital, em que elas falaram em carro de som sobre conjuntura política, projetos genocidas, julgamento do marco temporal no STF e assuntos femininos, como saúde, educação, machismo e feminicídio”.

Leia a reportagem publicada em setembro de 2021

Hotel de Manaus barra reserva para ensaio fotográfico de drag queen

‘Somos um hotel de família’ foi a alegação do Boutique Hotel Casa Teatro
(Foto: César Nogueira/Amazônia Real)

Por Nicoly Ambrosio

“Essa matéria foi importante de ser escrita porque acredito que movimentou as coisas. Tanto pelo fato de eu ser uma pessoa LGBTQIA+ e querer dar voz à minha comunidade de forma efetiva quanto pela repercussão que acabou gerando um pedido de desculpas formal por parte do hotel para a Gibona. Sabemos que não é o suficiente, mas a nossa comunidade às vezes não tem o mínimo”.

Leia a reportagem publicada em setembro de 2021

Coletoras de Marãiwatsédé recuperam a floresta

Colheita do Buruti por xavante do grupo Nödzö’u 
(Foto: Rogério Assis-ISA)

Por Marcio Camilo

“Só de lembrar dessa matéria me arrepio com a história dessas mulheres. Foi um dos textos mais afetuosos e emocionados que já escrevi. Me envolvi com a história, vi vídeos, documentários, músicas sobre elas… Escrevi essa matéria com lágrimas nos olhos. Foi muito legal escrever uma notícia boa em meio a tanto caos provocado pela pandemia e acentuado por esse governo genocida do Bolsonaro”.

Leia a reportagem publicada em outubro de 2021

Grávida é estuprada em hospital de Itacoatiara

“A única coisa que eu quero é justiça”, disse a jovem de 24 anos
(Foto: Coren-AM) 

Por Ariel Bentes

“Esta foi a segunda reportagem que produzi para a Amazônia Real. A Kátia Brasil me contou sobre o caso, trocamos algumas fontes de Itacoatiara e conversamos sobre os direcionamentos que poderiam ser dados. A pauta é extremamente sensível e foi a primeira vez que acompanhei e escrevi sobre um caso de estupro. Reportar, denunciar e cobrar os responsáveis por uma violência de gênero na imprensa é importante para que caso ganhe repercussão e as autoridades tomem as medidas necessárias. A Amazônia Real tem feito isso ao longo da sua história através do jornalismo investigativo, independente e com credibilidade”.

Leia a reportagem publicada em novembro de 2021 

A Bienal dos Indígenas

As serpentes gigantes instaladas pelo artista Jaider Esbell
(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

Por César Nogueira

“A montagem da ‘Bienal dos Indígenas’ foi o trabalho que mais gostei de fazer esse ano. Primeiro pelos discursos dos artistas indígenas na Bienal. É muita poesia, muita potência, muita história. Segundo, aprofundamos os processos na Amazônia Real. Estamos cada vez mais entrosados e seguros de fazer narrativas aos poucos mais longas. Por fim, o material ganhou outra dimensão, infelizmente, com a partida do Jaider Esbell”. 

Veja o vídeo a Bienal Indígena e a homenagem a Jaider Esbell, ocorrida em novembro de 2021

Morre Jaider Esbell, a espinha dorsal da Bienal de São Paulo

Jaider Esbell, curador, escritor, educador, ativista e pensador
(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

Por Jotabê Medeiros

“A razão pela qual eu escolhi essa reportagem como a mais impactante é porque foi um duplo desafio escrever sobre a morte precoce do artista indígena Jaider Esbell, que eu tinha acabado de conhecer pessoalmente (também para uma reportagem na Amazônia Real). O desafio maior foi não falhar em descrever qual a abrangência de sua obra e ação. Em geral, obituários são articulados em torno dos grandes feitos do passado do personagem em questão, e eu subitamente me vi olhando para um legado que estava apontado resolutamente para o futuro. Isso modificou meu jeito de ver a vida”.

Leia a reportagem publicada em novembro de 2021

Como uma milícia rural aterrorizou os sem-terra no Pará

Trabalhadores rurais foram sequestrados e torturados em Nova Ipixuna
(Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)

Por Cícero Pedrosa Neto

“Talvez esta tenha sido uma das reportagens mais duras que já fiz até hoje por conta da violência, da atmosfera de medo —  que ainda pairava no local quando estive com as pessoas que foram torturadas na ocasião —, e pela desproporção de forças que acabaram culminando nos fatos narrados na reportagem. É duro perceber que existem pessoas que estão classificadas pelos jogos de poder como passíveis de serem violentadas, como se seus corpos e vidas valessem menos que a de determinados grupos. Isso tem fundo nas desigualdades sociais, que são temas recorrentes das minhas reportagens na agência”.

Leia a reportagem publicada em novembro de 2021

Nova corrida do ouro ilegal leva 1,8 mil homens ao Rio Madeira, na Amazônia

Garimpeiros bloqueiam com balsas o rio Madeira, no Amazonasa
(Foto: Bruno Kelly/Greenpeace)

Por Kátia Brasil

“A imagem dos paredões de balsas de garimpo ilegal de ouro no rio Madeira, na região de Autazes, no sul do Amazonas, me deixou tão impactada que abandonei minha licença do trabalho para me juntar a cobertura com as jornalistas Jullie Pereira e Alice Lobato para investigar este crime ambiental gravíssimo. Estávamos diante de uma grande pauta e de um tema que acompanhamos diariamente: a degradação dos rios pela atividade da mineração com o uso de mercúrio, que contamina os peixes e as pessoas. Trouxemos como diferencial o viés político que há na atividade no Amazonas, que recebe apoio de governantes e parlamentares. E, mais uma vez, a Polícia Federal destruiu equipamentos e máquinas, mas ainda não prendeu os líderes responsáveis pelos crimes ambientais.”

Leia a reportagem publicada em novembro de 2021

Leia também o ataque contra a líder Alessandra Munduruku

Indígenas LGBTQIA+ rompem o silêncio

Assunto tabu, a diversidade sexual ganha espaço nas aldeias
(Foto: reprodução do Facebook)

Por Keka Werneck

“A reportagem com os Indígenas LGBTQIA+, quebrando o silêncio sobre este assunto ainda tabu, mostra que a diversidade sexual ocorre também entre povos indígenas, seja no Brasil ou no mundo. Há inclusive relatos históricos de práticas sexuais alternativas às heterossexuais observadas na região amazônica, em tempos antes da colonização européia, cristã, moralista”.

Leia a reportagem publicada em dezembro de 2021

Como os indígenas de Manaus foram apagados na pandemia

A liderança Terezinha Ferreira, do povo Sateré-Mawé, na aldeia Gavião
(Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real).

Por Elaíze Farias

“Em junho de 2020, Terezinha Ferreira, do povo Sateré-Mawé e moradora da comunidade Gavião, na zona rural de Manaus, quase morreu de Covid-19. Em 2021, foi vacinada e atualmente retoma suas atividades no roçado e no artesanato. A história de Terezinha é emblemática da luta pela sobrevivência dos indígenas de contexto urbano, um grupo silenciado e não reconhecido pelo Estado brasileiro. No meio deste ano, junto com o fotógrafo Bruno Kelly, estive na comunidade para saber mais sobre a história e dos demais indígenas de Gavião. A realidade dos indígenas de contexto urbano sempre me intrigou nesta pandemia. Desde março de 2020, muito vem se falando sobre os impactos da Covid-19 entre os indígenas, mas até o momento não se sabe com precisão a extensão da infecção do coronavírus nesta população”.

Leia a reportagem publicada em dezembro de 2021

Blog Jovens Cidadãos da Amazônia

“O garimpo adentra meu território”

Por Janderson Henrique Macuxi

“Minha reflexão é sobre o nosso território, que atualmente vem sendo ameaçado pelos garimpeiros que adentram a Terra Indígena Raposa do Sol, em Normandia, em Roraima. Minha região sofre consequências dos não-índios no garimpo, maiores até que a pandemia de Covid-19.”

Leia o artigo publicado junho de 2021

Jovens falam de suas participações na COP26

Mulheres indígenas na COP26: Célia Xakriabá, Juma Xipaia, Txai Suruí, Samela Sateré Maw´é e Sonia Guajajara (Foto: Bitate Uru-Eu-Wau-Wau Juma/Amazônia Real)

Por Bitate Uru-Eu-Wau-Wau Juma

“A nossa avaliação como indígena foi que a COP só foi decidida pelos e para os mais ricos, não pela minoria que ali estava presente como indígenas, quilombolas e pessoas de periferias. Estamos passando por um retrocesso até de outros países que ainda não veem as mudanças climáticas como um risco para a humanidade e a biodiversidade do planeta.” 

Leia o artigo publicado em dezembro de 2021

Veja as imagens que marcaram 2021

  • Um paciente em uma maca aguarda atendimento na área externa do Hospital 28 de Agosto, na Zona centro-sul de Manaus (Foto: Raphael Alves/Amazônia Real/12/01/2021)
  • Enfermeira na tenda de triagem para casos de Covid-19, montada na área externa do Hospital 28 de Agosto, na Zona Centro-Sul de Manaus (Foto: Raphael Alves/Amazônia Real/12/01/2021)
  • Sepultamentos de vítimas da Covid-19 são realizados em uma nova área aberta no cemitério público Nossa Senhora Aparecida, na zona Oeste de Manaus (Foto: Raphael Alves/Amazônia Real/08/01/2021)
  • Chegada em Teresina do avião da Força Aérea Brasileira com 9 pacientes vindo da cidade de Manaus, depois de o sistema de saúde do estado do Amazonas entrar em colapso por conta da pandemia da Covid-19 (Foto: Thiago Amaral/Amazônia Real/15/01/2021)
  • Profissionais de saúde fazem uma oração na frente do Hospital 28 de agosto em Manaus (Foto: Márcio James/Amazônia Real/15/01/2021)
  • Crise de de oxigênio na UPA José Rodrigues na Cidade Nova, zona Norte de Manaus (Foto: Márcio James/Amazônia Real/15/01/2021)
  • Chegada de cilindros de oxigênio na UPA José Rodrigues na Cidade Nova, zona Norte de Manaus (Foto: Márcio James/Amazônia Real/15/01/2021)
  • Chegada de oxigênio em Parintins e nos hospitais da cidade (Foto: Liam Cavalcante/Amazônia Real/15/01/2021)
  • Marcelo Augusto Evangelista, 23 anos estudante universitário perdeu o pai para a Covid-19, o motorista de ônibus José Maria, de 52 anos (Foto: Juliana Pesqueira/Amazônia Real)
  • Texto Media library caption Media library description Enter manually A fila da vacinação de profissionais da saúde no Centro de Convivência do Idoso Padre Vignola na Cidade Nova, zona norte de Manaus, para receberem a segunda dose da Coronavac (Foto Raphael Alves/Amazônia Real)

Fonte: https://amazoniareal.com.br/especiais/2021-um-ano-de-conquistas-e-desafios-para-a-amazonia-real/

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