Porto Velho (RO)
 – Estado predominantemente bolsonarista, os eleitores de Rondônia elegeram Marcos Rocha (União Brasil) para o governo. Rocha foi eleito com 52,60 % dos votos, em uma das disputas mais acirradas do país. A diferença entre Coronel Marcos Rocha e Marcos Rogério foi de votos. Os eleitores de Rondônia também votaram em Bolsonaro, que saiu vitorioso no estado com 70,67 % dos votos. Os dois candidatos disputavam voto a voto os eleitores, porque ambos eram apoiadores do presidente Bolsonaro.

Assim como em várias partes do país, sobretudo no Nordeste, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizou operações de fiscalização de transportes nas rodovias. Rondônia tem 22.433 km de rodovias, dos quais 1.803 km são federais, 4.289 km são estaduais e 16.341 km são municipais. As mais utilizadas são as BRs-174, 319 , 364, 421, 425, e 429.

Por volta do meio-dia, os policiais pararam um ônibus na região central da capital que transportava ribeirinhos. Os passageiros embarcaram no distrito de São Carlos, região do Baixo Madeira.  Segundo a PRF, era uma operação de rotina em busca de armas e drogas. Não há relatos de outras operações semelhantes.  

A manhã do segundo turno das eleições em Rondônia exibia um sol firme, céu de azul profundo e sem nuvens, quando os primeiros eleitores compareceram aos locais de votação, às 07h da manhã, horário definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mais de 1,2 milhão de eleitores estava aptos a votar nas eleições de 2022. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia (TRE/RO), cerca de 91% dos eleitores do estado possuem biometria cadastrada. 

Rondônia chegou ao segundo turno das eleições 2022 sem um favorito entre os dois candidatos. Independente de quem seja eleito, Marcos Rogério (PL) ou Marcos Rocha (União Brasil), o bolsonarismo já sai vencedor. A disputa entre os dois Marcos se dá entre quem é mais aliado de Jair Bolsonaro (PL).

Eleitores de Bolsonaro

  • Transporte público em Porto Velho, no dia do 2º turno das eleoições (Foto: Francisco CostaAmazônia Real)
  • Transporte público em Porto Velho, no dia do 2º turno das eleoições (Foto: Francisco CostaAmazônia Real)
  • Movimentação do 2º turno das eleições em Porto Velho, RO (Foto: Francisco Costa/Amazônia Real)
  • Movimentação do 2º turno das eleições em Porto Velho, RO (Foto: Francisco Costa/Amazônia Real)
  • Rita Francisca Leite vota no 2º turno das eleições em Porto Velho, RO (Foto: Francisco Costa/Amazônia Real)
  • O casal Priscila e Jonas com os filhos após votarem no 2º turno das eleições em Porto Velho, RO (Foto: Francisco Costa/Amazônia Real)
  • Ivoneide Machado vota no 2º turno das eleições em Porto Velho, RO (Foto: Francisco Costa/Amazônia Real)

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Pela manhã, não foram registradas filas consideráveis. No colégio Classe A – Unidade II, zona Sul da cidade, bairro Eletronorte, zona Sul,  maior local de votação da capital, com 24 seções eleitorais e mais de 7,3 mil eleitores cadastrados, as filas começaram a partir das 10h. O tempo médio de votação do eleitor em Rondônia é estimado em 20 segundos. Foram substituídas 41 urnas eletrônicas e houve 14 ocorrência policiais em todo o Estado. 

Na capital, Porto Velho, há, aproximadamente, 350 mil eleitores. Terezinha Sabino de Souza Manoel, 86 anos, moradora do bairro Flodoaldo Pontes Pinto, zona Leste de Porto Velho, escolheu a melhor roupa para este 30 de outubro de 2022. Foi questionada pela família por que iria sair de casa para votar, quando o voto é facultativo para eleitores com mais de 70 anos de idade. “O que é que a senhora vai fazer lá? Eu digo que é porque eu quero dar meu voto. E na outra eleição para presidente eu vou votar se eu tiver por aqui”.  A aposentada foi votar junto com o marido, que tem 92 anos, que votou em Lula para presidente.

A funcionária pública Ivaneide Machado, 49 anos, moradora do bairro Lagoa, zona Leste da capital, considera que é importante votar para decidir o futuro do estado e do país. “É decisivo para o nosso futuro, pra questão da nossa vida, da vida das famílias do Brasil, questão financeira, do contexto de tudo”. 

Rita Francisca Leite, 72 anos, mora na Zona Sul, bairro Eletronorte. Ela disse saber que não é mais obrigada a votar, em função da idade, mas votou porque gosta e porque pensa no futuro dos filhos, netos e da nação brasileira. Nunca faltou a nenhuma eleição.  

“Aprendi com meu pai. Sempre fui fiel. Vou continuar enquanto eu viver. Eu estou cumprindo o meu dever de cidadã, porque gosto do meu país, nasci aqui, sou daqui. Eu contribuí para melhorias, é o que eu preciso daqui pra frente, vou ficar mais idosa, se Deus me der vida, né? Vou precisar muito, do que hoje eu coloquei lá. Um dia desse eu tava falando para o meu filho: daqui pra frente, se Deus abençoar, eu vou ter muita coisa para dizer pra eles (filhos e netos)”.

O contador Jonas Santos Oliveira tem 37 anos e saiu da zona Norte, bairro Rio Madeira, onde mora, para votar na zona Sul da cidade.  Foi acompanhado da esposa e dos dois filhos, ambos crianças. “A gente já repassa pros nossos filhos a importância da democracia, de escolher um representante certo. Trazer eles hoje aqui é demonstrar pra eles que a gente tá exercendo a nossa cidadania para o melhor do país”, avalia. 

Priscila Oliveira, 35 anos, esposa de Jonas, também contadora, considera que o dia de hoje é importante para o futuro das crianças e do Brasil. “E essa diferenciação entre o que é certo e o que é errado,  é o que vai refletir na vida deles presente e na futura, porque esse reflexo no futuro é o que a gente precisa: de uma educação de qualidade, da formação de um caráter, de personalidade”, pontua a contadora que, assim como o marido, votou em Bolsonaro e no candidato Marcos Rocha, ambos da extrema direita no Brasil.

Indígenas não votaram por falta de apoio

Cotidiano da Terra Indígena Karipuna (Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)

Segundo dados do TRE do estado, há 2.762 eleitores indígenas cadastrados para votar em Rondônia. Eles ficam vinculados aos cartórios eleitorais da circunscrição onde estão localizadas as terras indígenas. Em Rondônia, existem locais de votação sob a jurisdição de oito juízos eleitorais com sede nos municípios de Guajará-Mirim, Porto Velho, Ariquemes, Cacoal, Espigão d’Oeste, Alta Floresta d’Oeste, Ouro Preto d’Oeste e Ji-Paraná. 

Na Terra Indígena Karipuna, que fica a 196 km de Porto Velho, assim como no 1º turno, faltou apoio logístico e alguns indígenas deixaram de votar. Sem ônibus, alguns indígenas Karipuna da aldeia conseguiram se deslocar de moto até a capital para poder votar, já que não há seção eleitoral na TI Karipuna.

“Sem esse apoio é complicado porque muitos Karipuna ficam sem votar”, aponta Adriano Karipuna, liderança indígena, que também se disse indignado com as operações montadas pela PRF nas estradas brasileiras contra veículos usados no transporte público de eleitores.

“Isso é antidemocrático. Cada voto faz diferença. Justamente no dia da eleição, a força do estado proíbe o livre acesso, o direito de ir e vir do povo para escolher o seu presidente . A ditadura ainda não acabou”, relata a liderança indígena. 

PRF parou transporte de ribeirinhos

Segundo a Polícia Militar de Rondônia, cerca de três mil policiais foram para as ruas do estado para garantir a segurança da população. A despeito da determinação do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes proibindo as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de fiscalização nas estradas que atrapalhasse o transporte de eleitores, a PRF realizou uma operação em Porto Velho na manhã deste domingo, no cruzamento das avenidas Jorge Teixeira com Imigrantes, região central da cidade.

Na ocasião, um ônibus que vinha da localidade de São Carlos, distrito ribeirinho, passou por uma revista feita por patrulheiros rodoviários e logo depois foi liberado. Até às 13h foram registrados dois termos circunstanciados de ocorrência referentes a boca de urna nos municípios de Governador Jorge Teixeira e Colorado do Oeste.

Dois candidatos bolsonaristas 

Marcos Rogério e o Cel Marcos Rocha em campanha (Foto: Reprodução redes sociais)

O governador de Rondônia e candidato à reeleição pelo partido União Brasil, Coronel Marcos Rocha, votou pela manhã, às 10h,  no Colégio Militar Tiradentes, bairro Rio Madeira. Ele estava acompanhado dos filhos e da esposa Luana Rocha. Segundo a assessoria do candidato, ele fará uma coletiva de imprensa, a partir das 18h, após o resultado final da apuração de votos, na sede do partido União Brasil localizada no bairro São Cristóvão, em Porto Velho.

Marcos Rocha é natural do Rio de Janeiro (RJ), formado em análise de sistema de dados, administração de negócios com pós-graduação em educação e técnicas de ensino. Evangélico, casado e pai de dois filhos, foi secretário de Justiça de Rondônia (2014 a 2017). É oficial do Exército, coronel da Polícia Militar e trabalhou como secretário municipal de Educação de Porto Velho. Em 2018, foi eleito governador com 66,34% dos votos válidos no segundo turno.

Já o senador Marcos Rogério, candidato ao governo de Rondônia,  votou às 10h  em Ji-Paraná, região central de Rondônia, distante 370 km da capital do estado. Deputados eleitos e lideranças da região, acompanharam o candidato que votou na escola Aluízio Ferreira, zona 30. De Ji-Paraná ele se deslocará para Porto Velho, onde falará com a imprensa após a apuração total das urnas no comitê de campanha que fica na avenida Nações Unidas, bairro Roque.

Marcos Rogério, 44, foi vendedor ambulante e começou na vida pública trabalhando nas funções de jornalista, repórter e radialista no interior do Estado. Foi vereador em Ji-Paraná, região Central de Rondônia e eleito deputado federal. Em 2018 foi eleito senador da república. Fez bacharelado em direito. É mestre em administração pública e doutorando em direito constitucional. Hoje é pecuarista e vice-líder no senado do presidente Bolsonaro e ganhou notoriedade nacional ao fazer a defesa do presidente durante a CPI da Pandemia.

Bolsonaro venceu com 70,70 % dos votos 

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro vota na Escola Municipal Rosa da Fonseca, na Vila Militar, no Rio de Janeiro
(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Em Rondônia, no primeiro turno do pleito eleitoral deste ano,  Bolsonaro (PL) teve 64,36% dos votos válidos (581.306) enquanto Lula (PT) fez 261.749 votos, um percentual de 28,98%. Bolsonaro ganhou em todos os 52 municípios do Estado no primeiro turno. Historicamente, o PT só teve sucesso uma vez nas urnas em Rondônia nas eleições presidenciais. 

Em 2002, Lula venceu com 283.279 votos ante os 128.000 do então adversário José Serra (PSDB). No segundo mandato, Lula teve uma derrota apertada para Geraldo Alckmin, que teve 344.096 (47,04%) votos e o petista, 329.598 (45,06%). Em 2014, o candidato Aécio Neves (PSDB) superou a presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) com 442.349 votos (54,86%) ante os 364.055 (45,15%). Dos 52 municípios do Estado, 39 preferiram Aécio e 13 escolheram Dilma. Essa evolução dos dados evidenciam uma aproximação do eleitorado com políticos de centro-direita.


Acompanhe a cobertura das Eleições 2022

Reportagem Noticiosa

 Sobre a matéria

Francisco

 Francisco Costa

Francisco Costa é natural do Acre e jornalista desde 1996. Tem um blog com seu nome, onde escreve sobre meio ambiente, mudanças climáticas, direitos humanos e justiça global. É videojornalista para agências de notícias nacionais e internacionais. Colabora com Agência Amazônia Real em Porto Velho, Rondônia. (Twitter: @FCostaReal)

Fonte: https://amazoniareal.com.br/coronel-marcos-rocha-e-reeleito-em-rondonia/

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