Histórias em quadrinhos, poesia slam e videos são alguns dos formatos dos conteúdos. A agência Amazônia Real é a única iniciativa da região Norte a fazer parte da plataforma. A imagem acima mostra os 12 apresentadores do canal (Foto: Reload)


Da Equipe de Reportagem da Amazônia Real

Manaus (AM) – Dez organizações jornalísticas lançaram nesta terça-feira (01) o Canal Reload, uma plataforma colaborativa que tem o objetivo de descomplicar a linguagem das notícias para o público jovem. O Reload é formado por ((o))eco, Agência Lupa, Agência Pública, Amazônia Real, Congresso em Foco, Énois, Marco Zero Conteúdo, Ponte Jornalismo, Projeto #Colabora e Repórter Brasil. O conteúdo do canal pode ser acessado em @canalreload no Instagram e no Twitter, em /reloadcanal no Facebook e no Youtube.

O canal é apresentado por 12 jovens de diferentes origens étnicas, gêneros e trajetórias pessoais: indígenas, negros, LGBT+ e trans de diversas cidades do país. Duas delas são as indígenas Samela Sateré-Mawé, do Amazonas, e Priscila Tapajowara, do Pará.

É a primeira vez que dez organizações de jornalismo se juntam em uma redação compartilhada para produzir conteúdo em vídeo a partir de suas reportagens. A grade de programação é decidida colaborativamente e o conteúdo final é construído junto com jovens comunicadores de diversas regiões.

Entre os formatos de notícias do Canal Reload estão histórias em quadrinhos, gifs animados, poesia slam e lyric videos, que são vídeos musicais onde a letra é exibida em sincronia com a música. Veja o primeiro vídeo O que tá rolando no MEC?


Para a construção do canal, foram feitas ao longo de três meses pesquisas para entender como os jovens consomem notícias e conteúdo nas redes sociais. A Énois ouviu jovens com idades entre 18 e 28 anos para a pesquisa, que revelou que 75% dos respondentes consomem notícias na internet diariamente. As redes sociais são a principal fonte de notícias para 91% destas e destes jovens. Para 70% deles, o Instagram é a principal rede usada para se informar.

Hugo Cuccurullo, diretor do Reload, diz que um dos pontos que apareceu nas pesquisas foi que, para os jovens, credibilidade parte muito de uma conexão e proximidade entre quem passa e quem recebe a informação.

“Buscamos não somente aproximar a linguagem, mas também trazer jovens comunicadores para o projeto. São 12 influenciadores entre 19 e 27 anos que vão trabalhar junto com os jornalistas na construção e apresentação dos vídeos e apresentação. E para tentar espelhar a diversidade da juventude urbana brasileira fizemos uma seleção entre quase 100 comunicadores para escolhermos uma equipe bastante plural e com bastante representatividade”, explica Cuccurullo.

Natalia Viana, coordenadora geral do Reload, afirma que o canal é um projeto inovador em muitos sentidos e tem no seu DNA a marca da diversidade presente nas dez organizações, que são de diferentes locais do país, com perfis e atuações em diferentes tipos de jornalismo.

“Dentre essas premiadas start-ups de jornalismo, que conquistaram alguns dos maiores prêmios do continente, temos desde um veículo que cobre a Amazônia com excelência, como a Amazônia Real, até sites de jornalismo investigativo e fact-checking, mas também sites especializados em coberturas temáticas, de segurança pública ao Congresso Nacional”, diz a jornalista.

Ela também destaca que o grupo de apresentadores e seus sotaques, suas cores, suas etnias e suas vivências vai deixar o Reload mais rico. “Essa colaboração traz um perfil do que é o novo Brasil ao qual o jornalismo tradicional não está dando a devida atenção. Um terço dos apresentadores é do grupo LGBTQIA+, incluindo a primeira apresentadora trans de jornalismo online no Brasil, a carioca Mia Fidelis”, diz Natalia Viana.

Reload vai apresentar informação de maneiras inovadoras (Foto: Reprodução)

Para Hugo Cuccurullo, a diversidade também é representatividade e isso significa abrir espaços para diferentes públicos. “Além dos apresentadores do grupo LGBTQIA+, tem cinco negros e duas indígenas e uma representação forte de mulheres (9 em um grupo de 12). Jovens falando a partir de 5 cidades e 3 regiões do país. Com isso queremos criar conexão de verdade com a juventude brasileira”, afirma o diretor do Reload.

Amazônia Real é o único veículo da região Norte a fazer parte do Canal Reload. Criada em 2013 pelas jornalistas Kátia Brasil e Elaíze Farias, a agência sediada em Manaus (AM) foi convidada por Natalia Viana e Hugo Cuccurullo a integrar o grupo de organizações. Para Elaíze Farias, o Canal Reload vai agilizar a forma de mostrar a notícia para um público que nem sempre se entusiasma com o jornalismo tradicional.

“Em um momento de forte apelo digital e da força das redes sociais, os jovens tem outra percepção do conteúdo da notícia. Há um apelo geracional que o Canal Reload está priorizando para disseminar informações produzidas por estas dez organizações de jornalismo, mas de uma forma mais ágil, veloz, atrativa e diferente”, diz Elaíze Farias.

Ela também destaca a participação da Amazônia Real no Canal Reload como uma oportunidade de tornar mais abrangentes as notícias da região sobre meio ambiente, crise climática, impactos na vida de populações tradicionais e dos povos indígenas.

O Reload foi uma das iniciativas ganhadoras do Google News Innovation Challenge em 2019, projeto do Google News Initiative para ajudar o jornalismo a prosperar na era digital.

Apresentadoras indígenas

As apresentadoras Samela Sateré-Mawé, do Amazonas, e Priscila Tapajowara, do Pará

O conteúdo do Reload será publicado no Instagram e no Youtube, mas também terá contas no Twitter, Facebook e Whatsapp. O canal tem como apresentadores um time de 12 jovens influenciadores. Cada um a seu modo, eles vão apresentar o conteúdo escolhido entre as reportagens produzidas pelas 10 organizações do consórcio.

Para a jovem indígena do povo Tapajó, Priscila Tapajowara, o Canal Reload é um importante espaço de protagonismo da juventude indígena e uma forma de incentivar esta população a ocupar espaços em plataformas de comunicação nas mídias digitais.

“Os jovens consomem as notícias pelas redes sociais, mas na maioria das vezes os jovens indígenas acabam consumindo as notícias vindas de outra pessoa que é branca ou preta. Não se tem indígena. Então, eles verem outros jovens indígenas ou meninas indígenas nesse local de fala, se expondo, falando, é algo que os incentiva para também ocuparem mais espaços, buscando aprender e falar mais”, afirma Priscila.

“No Reload posso aprender e passar meus conhecimentos também. Vamos poder contar nossas histórias, através de pessoas que são filhas daquele lugar. Falando, mostrando nossa cara e dando voz à luta dos nossos povos. Esse é um projeto onde a consegue dar voz para as nossas lutas”, completa.

 

Fonte: https://amazoniareal.com.br/dez-midias-independentes-lancam-o-canal-reload-para-distribuir-noticias-a-jovens-01-09-2020/

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