O Liberal publicou no dia 21, com grande destaque, declaração do presidente da Associação Indígena Tembé de Tomé-Açu. Paratê Tembé disse que “comunidades indígenas e quilombolas” se reuniu em um dos polos de plantio de dendê da Brasil BioFuels, no Acará, foram recebidas a bala pelos seguranças da BBF. No parágrafo seguinte da matéria, Paratê diz que os integrantes “da comunidade” (no singular), ao passarem em frente ao polo, “os seguranças ameaçam atirar”.

Assim, o mesmo personagem diz e desdiz, afirma e se desmente. Afinal, foram dados tiros ou o que houve foi a ameaça dos seguranças de atirar nos integrantes da comunidade (provavelmente, indígena, sem quilombolas).

O relato da empresa, em nota que, desta vez, o jornal publicou, é de que, na madrugada, “foi invadida por 50 pessoas encapuzadas que intimidaram os trabalhadores [não especifica se eram os seguranças] atirando para todos os lados e causando pânico entre os colaboradores. Os invasores [não identificados, talvez por estarem com os rostos cobertos] incendiaram três ônibus, vários carros, destruíram tratores, maquinários e depredaram o imóvel da empresa. Todos os bens que eles não destruíram acabaram por roubar. Levaram vários tratores, computadores e outros materiais da sede e dos alojamentos”.

O conflito é antigo e grave. Decorre de problemas na titularidade dos imóveis que a BBF considera seus e na relação com as comunidades em torno do seu vasto empreendimento, além de questões trabalhistas e sociais. Não se tem notícia de mortes ou de agressões físicas. A tensão está no ar. As autoridades públicas falham na sua correta apuração e nas medidas eficazes para acabar com o conflito.

A atuação de O Liberal na cobertura desse acontecimento tem sido extremamente negativa. Há fortes indícios de que o jornal da família Maiorana faz campanha contra aquelas empresas do polo de dendê do Pará, que tem significação internacional, como a BBF e a Agropalma, por não fazerem publicidade no jornal ou terem com a sua direção conflitos ou pendências comerciais. Haveria, portanto, razões não jornalísticas para essa campanha.


Além de colaborar com a agência Amazônia Real, Lúcio Flávio Pinto mantém quatro blogs, que podem ser consultados gratuitamente nos seguintes endereços:

lucioflaviopinto.wordpress.com – acompanhamento sintonizado no dia a dia.

valeqvale.wordpress.com – inteiramente dedicado à maior mineradora do país, dona de Carajás, a maior província mineral do mundo.

amazoniahj.wordpress.com – uma enciclopédia da Amazônia contemporânea, já com centenas de verbetes, num banco de dados único, sem igual.

cabanagem180.wordpress.com – documentos e análises sobre a maior rebelião popular da história do Brasil.

Artigos de Opinião ou colunas Sobre a matéria

Lúcio Flávio

 Lúcio Flávio Pinto

Lúcio Flávio Pinto é jornalista desde 1966. Sociólogo formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1973. Editor do Jornal Pessoal, publicação alternativa que circula em Belém (PA) desde 1987. Autor de mais de 20 livros sobre a Amazônia, entre eles, Guerra Amazônica, Jornalismo na linha de tiro e Contra o Poder. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace. Em 2005 recebeu o prêmio anual do Comittee for Jornalists Protection (CPJ), em Nova York, pela defesa da Amazônia e dos direitos humanos. Lúcio Flávio é o único jornalista brasileiro eleito entre os 100 heróis da liberdade de imprensa, pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras em 2014. Acesse o novo site do jornalista aqui www.lucioflaviopinto.com.

Fonte: https://amazoniareal.com.br/jornalismo-ou-negocio-comercial/

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