Em nota oficial à imprensa, a Polícia Federal informou que as investigações sobre as mortes do indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips prosseguiam e que havia “indicativos da participação de mais pessoas na prática criminosa. As investigações também apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”.

É da rotina da investigação de casos desse tipo só avançar até eventuais organizadores desses assassinatos (os “autores intelectuais” dos crimes) depois da prisão e depoimentos dos participantes diretos nos atos, os assassinos. Quando a apuração chega tão longe, o que não é a regra, muito pelo contrário.

Se a PF está convencida de que não houve mandante nem organização criminosa “por trás do delito”, é por se basear no que disseram os dois executores presos. No entanto, a polícia anunciou que haveria oito participantes do crime. O número certo do primeiro anúncio foi substituído por um genérico “indicativos da participação de mais pessoas na prática criminosa”.

Logo, a PF se bipartiu. Mesmo ainda tendo que sair atrás de outros membros da conspiração, já sabe que eles (sendo oito ou qualquer outro número) não têm conexões – eventuais ou permanentes. Ou seja: deduziu uma conclusão onde ainda há uma apuração. Na base do grito, quer estancar a investigação.

Qual o ramo da Polícia Federal que está empenhado nessa finalização – artificial e suspeita?


 Lúcio Flávio Pinto

Lúcio Flávio Pinto é jornalista desde 1966. Sociólogo formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1973. Editor do Jornal Pessoal, publicação alternativa que circula em Belém (PA) desde 1987. Autor de mais de 20 livros sobre a Amazônia, entre eles, Guerra Amazônica, Jornalismo na linha de tiro e Contra o Poder. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace. Em 2005 recebeu o prêmio anual do Comittee for Jornalists Protection (CPJ), em Nova York, pela defesa da Amazônia e dos direitos humanos. Lúcio Flávio é o único jornalista brasileiro eleito entre os 100 heróis da liberdade de imprensa, pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras em 2014. Acesse o novo site do jornalista aqui www.lucioflaviopinto.com.

Fonte: https://amazoniareal.com.br/o-fim-antecipado/

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