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No início da noite de ontem (5 de abril), balanço feito pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas registrava 417 casos de coronavírus no Amazonas, soma que crescera em 106 casos novos nas 24 horas anteriores, recorde brasileiro. Manaus concentrava 379 casos; 38 se distribuíam pelo interior: 16 em Manacapuru, 5 em Itacoatiara e Santo Antônio do Içá, 3 em Tonantins e Parintins e 2 em Iranduba. Anori, Boca do Acre, Careiro da Várzea e Novo Airão, um caso cada.

Hoje (6), os casos já totalizam 532 (473 na capital), com 19 mortes, consolidando a posição do Amazonas de quinto maior na incidência da covid-19. O Ministério da Saúde prevê que quatro Estados e o Distrito Federal poderão passar para a fase de aceleração descontrolada da epidemia nas próximas semanas. Nesse caso, haverá um aumento considerável no número de casos e o sistema de saúde dessas quatro unidades da federação entrará em colapso.

Todas elas – São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro e Amazonas –apresentam um coeficiente de incidência – número de casos por 100 mil habitantes – muito acima do nacional. O índice brasileiro é de 4,9 por 100.000 habitantes, superado pelo Distrito Federal (14,9), São Paulo (9,9), Ceará (7,9), Amazonas (7,4) e Rio de Janeiro (7,2).

O que une esses Estados? Serem o destino da maior quantidade de voos internacionais (e nacionais) do país, por terem grande atração turística (no caso de São Paulo, o turismo de negócios). O que distingue o Amazonas? Talvez a desídia dos seus governantes. A crise do coronavírus no Estado vem sendo anunciada há dias, desde que o Amazonas partiu na frente quando começaram os registros da doença, já na 7ª posição.

Só agora, porém, as providências anunciadas – e ainda por implementar – guardam alguma – mesmo que remota – correspondência com a situação local da saúde. Na prática, as medidas são cosméticas ou mesmo simbólicas. O prefeito de Manaus faz só agora uma declaração de força. Diz que a saúde na capital amazonense, a 9ª maior cidade do Brasil, entrou em colapso. Só a espantosa carência de informações nos sites e portais oficiais explica essa súbita declaração de impotência.

Como anunciava o título de um filme famoso, advirta-se: atenção, o piloto sumiu!


A fotografia que abre este artigo mostra família em estacionamento de supermercado, em Manaus. É um “Ensaio Insulae ” de Raphael Alves sobre a crise da COVID-19


Além de colaborar com a agência Amazônia Real, Lúcio Flávio Pinto mantém quatro blogs, que podem ser consultados gratuitamente nos seguintes endereços:

lucioflaviopinto.wordpress.com – acompanhamento sintonizado no dia a dia.

valeqvale.wordpress.com – inteiramente dedicado à maior mineradora do país, dona de Carajás, a maior província mineral do mundo.

amazoniahj.wordpress.com – uma enciclopédia da Amazônia contemporânea, já com centenas de verbetes, num banco de dados único, sem igual.

cabanagem180.wordpress.com – documentos e análises sobre a maior rebelião popular da história do Brasil.


Lúcio Flávio Pinto é jornalista desde 1966. Sociólogo formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1973. Editor do Jornal Pessoal, publicação alternativa que circula em Belém (PA) desde 1987. Autor de mais de 20 livros sobre a Amazônia, entre eles, Guerra Amazônica, Jornalismo na linha de tiro e Contra o Poder. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace. Em 2005 recebeu o prêmio anual do Comittee for Jornalists Protection (CPJ), em Nova York, pela defesa da Amazônia e dos direitos humanos. Lúcio Flávio é o único jornalista brasileiro eleito entre os 100 heróis da liberdade de imprensa, pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras em 2014. Acesse o novo site do jornalista aqui www.lucioflaviopinto.com.

 

Fonte: https://amazoniareal.com.br/o-governo-sumiu/

 

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