Talvez o único paralelo de se viver em uma pandemia seja a roleta russa. A cada novo caso na estatística, a cada baixa e, se já não fosse suficiente o poder mortífero do vírus, a cada declaração irresponsável do presidente da República diante de uma das maiores crises sanitárias enfrentadas por esse país, fica-se esperando o estampido da bala em forma de sintomas. A iminência da fatalidade.

Até que tu és pego de surpresa e precisa tentar sobreviver.

Sinto medo como nunca senti antes e, dessa vez, ele vem acompanhado de certezas que também nunca existiram para mim. “Se fulano pegar, acho que não aguenta”. A gente passa a calcular quem vive e quem morre segundo nossas próprias expectativas. Sim, é insano e doloroso.

Andressa, minha companheira, tem 23 anos e uma saúde que não é das melhores. Ela trabalha como Orientadora Social em um Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) da Região Metropolitana de Belém e isso nos deixou de orelha em pé desde o começo, dada sua interação constante com o público. Apesar do regime especial de funcionamento instalado com a pandemia da covid-19, ela seguiu trabalhando uma vez por semana, às terças-feiras.

Eu, sedentário de carteirinha, fumante e hipertenso – apesar dos 30 anos de idade – temia pelos meus pais, com os quais dividimos um apartamento. Ambos são cardiopatas e, no caso do meu pai, já passou por alguns muitos procedimentos cardiológicos. Digo sempre que ele está com a “passagem de ida” pra lá de carimbada, em referências às vezes que ele já bateu na trave da vida e voltou. Enquanto escrevo este relato tento falar por vídeo chamada com ele, que está isolado no quarto contíguo ao nosso. Há dois dias começou a ter sintomas muito semelhantes ao que tivemos no início da doença.

Todo o contato com o mundo exterior da minha família se deu por intermédio de mim e da Andressa: supermercado, bancos, farmácias (e, esporadicamente, no portão da casa da minha avó para buscar algumas laranjas que ela e minha tia separam para o meu pai. “Vitamina C”, dizem).

Hipocondríaco que sou, passei a adotar um protocolo rigoroso

com as mãos, olhos e vias aéreas. Nunca saímos sem pelo menos dois pares de luvas para cada um de nós, máscaras e uma boa quantidade de álcool em gel. E isso não foi suficiente e a gente está aqui tentando entender o que aconteceu, bestificados com toda essa onisciência e poder de infecciosidade do vírus.

Não é fácil segurar a ansiedade e o desespero quando os sintomas surgem. O peito aperta e dificuldade de respirar aumenta. É preciso ter calma e atenção para não confundirmos o que pode ser proveniente do vírus ou de uma crise de ansiedade daquelas enormes e sufocantes. Agora, imaginem todas as crises de ansiedades de uma vida multiplicada por todo esse turbilhão cotidiano que vimos evoluir em todo o mundo desde o último dia de dezembro de 2019. Pois é, é dessa ansiedade toda que estou falando.

Dormir e acordar todos os dias em horários absurdamente irregulares, correr ao celular para ver as manchetes que saíram enquanto dormíamos em busca de algo novo – ou pra ouvir a decretação final do caos que com angústia também esperamos – vira rotina.

Enfim, concebo a metáfora que busquei para iniciar este texto: a imagem que me chega é a do mar crescendo paulatinamente, quando a gente, imóvel na areia, fica esperando a onda nos atingir, inundar nossos pés, espalhar a areia do entorno até que fiquemos um palmo a menos do chão borbulhantemente.

O início dos sintomas

Fila no Hospital de Campanha em Belém, no Hangar Centro de Convenções
(Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)

Tudo começou no sábado, dia 18, depois do almoço. Andressa sentiu o corpo “mole” e dolorido. Não ligamos muito e atribuímos o fato ao tempo que temos passado ociosos em casa deitados e assistindo a filmes, e lendo, e jogando sinuca no celular. Na noite do dia seguinte, os sintomas se repetiram em mim e evoluíram em nós para cefaleia, mais dores no corpo ­– especialmente nos membros inferiores – seguidos de espirros, tosses com secreção: alerta vermelho. Tentamos várias vezes, e sem sucesso, reportar nossas suspeitas para a prefeitura de Ananindeua, município onde moramos, e para a Secretaria de Saúde do Estado do Pará. Todos os números caiam na caixa postal.

Na segunda, reduzimos nossas saídas do quarto e idas à cozinha, (as quais já eram feitas com o uso constante de máscaras e regadas a álcool em gel); as dores no corpo persistiram, ficamos absolutamente constipados e com certa dificuldade de respirar. Acordamos na terça (21) com a ligação de uma amiga. Contava os sintomas para ela dizendo estar já bastante preocupado; foi quando ela sugeriu o teste do olfato e paladar, cuja perda, segundo consta, é um dos sintomas mais específicos e recorrentes da infecção por covid-19. “Cheira um perfume aí da tua estante”, insistiu. Tomei nas mãos uma mistura de patchouli e outras ervas encantadas da Amazônia que trago sempre comigo, um odor muito específico e do meu afeto: dito e feito. O cheiro conhecido, inebriante e que aciona as chaves de toda a minha ancestralidade, havia simplesmente desaparecido.

Naquela manhã tomamos um café preto, puro e sem gosto de nada. Ficamos no quarto o restante do dia e a noite conseguimos contatar a vigilância epidemiológica de Ananindeua, que nos informou que seria necessário irmos a uma Unidade Básica de Saúde (UBS), passarmos por uma triagem que identificaria a gravidade e o perfil dos sintomas, e que só faríamos testes se estivéssemos “graves”. Ou seja, ela sequer nos incluiu no hall dos “suspeitos”. Noite longa, mal preguei os olhos.

O dia raiou às 10h para os insones e decidimos sair em busca de um suposto exame “drive thru” que estava sendo realizado em uma tenda montada na frente do maior shopping de Belém. Queríamos confirmar nossas suspeitas e entender o que estava acontecendo com meu pai. Almoçamos rapidamente uma farofa de ovo feita pela minha irmã e saímos depois do meio dia. Cruzamos Ananindeua e Belém em aproximadamente 1h e 20 minutos no carro emprestado do meu pai. Olhávamos perplexos pelas janelas as paisagens urbanas reconfiguradas pela pandemia, e o elemento máscara (ou a ausência dele), nos calcava mais fundo na realidade. O sol ardia e o ar era escasso em nossos pulmões.

Chegamos ao shopping e para nosso desespero a testagem para o novo coronavírus estava sendo feita por um laboratório privado que, além de caro (R$ 210,00 o teste rápido e, outro mais específico, R$340,00), deveria ser pré-agendado, com vagas disponíveis só a partir da segunda quinzena de maio.

Esse hiato causado pela incerteza e pela falta de esperança também sufoca. Na volta, decidimos tentar alguma informação ou atendimento no hospital de referência montado pelo governo do estado na capital paraense, a Policlínica Metropolitana inaugurada no dia 21 de abril, e localizada no meio da Almirante Barroso, principal avenida da cidade de Belém. Ao chegarmos, vimos do portão um trabalhador da saúde gesticular negativamente para uma senhora que parecia querer ingressar nas dependências do hospital. Entendendo o gesto, voltamos para casa desolados e com a ansiedade a mil.

Mais uma noite longa. Acordamos tarde de novo e havíamos decidido tentar a todo custo, dessa vez, o atendimento na Policlínica. Chegamos por volta das 13h no mesmo portão que vimos a desdita da senhora no dia anterior. Lembro que falei pouquíssimas palavras ao médico que, atrás do portão, todo paramentado, parecia estar fazendo uma triagem visual de quem chegava ali. “Olá, doutor. Eu e minha companheira estamos com muitos sintomas. Sobretudo o da falta de ar…”. Antes mesmo que eu terminasse o relato ofegante, determinou: “entrem, entrem logo!”. Alívio.

Entramos no hospital por um corredor coberto e chegamos em uma sala com dez pessoas dispostas aleatoriamente em cadeiras enfileiradas. Diante delas, duas profissionais estavam encarregadas de coletar os sinais vitais e preencher a ficha dos pacientes. Portávamos as senhas 397 e 398, dadas pelo guarda quando passamos o portão. Estando ali a ansiedade era outra: nunca havíamos estado deliberadamente tão em contato com o vírus até aquele momento. Sua onisciência especulada era toda realização naquele espaço. A gente pensa milhões de absurdos nessas horas. Eu olhava o lance de janelas entreabertas sobre nossas cabeças e clamava pela renovação do ar na sala. Olhava os demais e todos estavam piores que nós. “Amor, olha aquele senhor, está ardendo em febre”. Eu só conseguia assentir letargicamente com a cabeça as observações cochichadas por Andressa, consumido pela ansiedade. Crianças, idosos, jovens, quarentões, mais pessoas chegavam ao recinto enquanto éramos transportados para outra ambiência do hospital, um lugar que parecia ser a sua recepção. As paredes rosadas tentavam sem sucesso dar ao local uma aura de calma e acolhimento. Entregamos as fichas com os dados recém preenchidos e aguardamos por trinta minutos.

Um rapaz novo e gentil orientava sobre a necessidade do distanciamento entre os presentes. Nem todos obedeciam. Ouvimos uma senhora se queixar a outro senhor que ela havia sido contaminada por sua patroa: “Ela viajou e quando voltou, depois de uns dias, começou a ficar doente. Aí a filha dela entrou pelo mesmo rumo, depois eu. Agora, minha família toda está assim. Nem máscara ela usava em casa, acredita?”. Precisei me conter muito para não ir ter com ela sobre o assunto, ouvir sua história, tentar dizer algo, querer saber o nome da patroa desumana.

De quatro em quatro, as pessoas eram conduzidas pelo mesmo rapaz ao piso superior do hospital onde estavam os consultórios. Chegou nossa vez. A ideia é sempre não tocar em nada, mas no confinamento do interior exíguo do elevador, seria impossível. Subimos espremidos os cinco: nós dois, uma criança de uns doze anos, sua mãe e nosso condutor.

O piso era largo e comprido quando saímos do corredor em L. Muitas cadeiras e praticamente todas preenchidas. O famigerado distanciamento social ali já não existia. Contei 60 pessoas. No centro, uma espécie de trincheira abrigava cinco profissionais que se ocupavam das fichas dos pacientes, do remanejamento delas aos consultórios e, nos computadores, pareciam registrar o movimento de entradas e saídas dos atendimentos. Trabalhavam freneticamente, mas tentando preservar o silêncio quando dava. Uma funcionária saiu daquele núcleo e abriu um palmo das quatro janelas do lugar. Li no crachá “Fernanda, Assistente Social”. Respirei melhor. Imediatamente soou na sala um coro de tossidas fortes e longas. Cinco segundos de tensão. Num movimento orquestrado de cabeças todos olharam com perplexidade os que tossiam.

Atrás de nós um casal acompanhado do filho não parava de falar. O filho devia ter uns 25 anos, máscara abaixo da boca, parecia bem incomodado com tudo ali e repetia: “quero ir pra casa”. Os pais tentavam convencê-lo da importância de saber o resultado de um suposto exame por imagem que ele havia feito. Os três, pelo que ouvimos, eram egressos do sistema privado de saúde e haviam sido dispensados de um dos maiores hospitais de Belém, o Porto Dias.

“Vamos entrar em casa hoje pela área de serviço”, disse a mulher, “tiramos a roupa e vamos direto para a piscina”. O homem perguntou: “e os cachorros?”. “Eles não pegam, não!”, ela garantiu. O homem agradeceu a Deus em voz alta e em seguida afirmou: “tinha era que matar esses chineses todos, povo porco e imundo”. Levantamos dali quando eles começaram  a tramar o envenenamento dos chineses que trabalham no comércio de Belém e em São Paulo, na 25 de Março.

“Não há testes”

No primeiro atendimento a busca pela testagem do novo coronavírus
(Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)

Um homem tosse desesperadamente. Deve ter uns 55 anos, veste uma blusa branca, um jeans escuro e sandálias havaianas. Visivelmente debilitado, estica-se na cadeira procurando o ar. O médico do consultório dez, um senhor de uns 70 anos, chama cinco vezes por Maria Aparecida Amaral, ela não vem e outro paciente entra em seu lugar.

Outro senhor de 75 acabou de sair do consultório acompanhado do médico: “Leva para a sala amarela porque ele está quase desmaiando”, cochichou o doutor à uma enfermeira que portava um pacote denso de novas fichas de atendimento. O médico se foi e ela só conseguiu levar o senhor dali oito minutos depois.

A médica do consultório 12 chamou o nome de um senhor de 65 anos aproximadamente, que, num gesto impressionante, a considerar o contexto, cedeu a vez no atendimento ao homem mais novo que tossia e se esticava na cadeira. Todos os que aguardavam viram a cena. “Resta-nos alguma esperança”, eu tentava perguntar com os olhos para minha companheira. Ela sorriu.

Andressa entrou primeiro no consultório 14 e saiu de lá doze minutos depois com três folhas nas mãos enluvadas. Chamaram-me no mesmo consultório. Sentei-me diante da médica pediatra que, professora da Universidade Estadual do Pará, havia se voluntariado para atuar na Policlínica diante da crise causada pelo novo coronavírus. Contei-lhe o que estava sentindo e fiz milhões de perguntas. “Estou com o vírus, doutora?”. “Você está com uma síndrome gripal e com todos os sintomas característicos da covid-19. Eu gostaria de testá-lo, mas não há testes suficientes para ninguém. Estamos testando os pacientes mais graves com o que temos aqui… não tem teste nem mesmo pra gente, que está na linha de frente”, contou-me.

Saí do consultório com as mesmas três folhas que Andressa: uma receita médica que orientava administrar uma dose única de dois comprimidos de ivermectina 6 mg e um comprimido a cada 24h por cinco dias azitromicina 500 mg; um atestado médico e um pedido de teste para a covid-19.

Partimos de lá desesperados atrás dos medicamentos. Já tinha ouvido falar que eles estavam ficando escassos nas redes de farmácias da Região Metropolitana de Belém (RMB). Da capital até Ananindeua fomos a doze farmácias. Perguntávamos já na porta pela disponibilidade e partíamos para a próxima. Desesperador.

Na décima, uma farmácia no bairro do Paar, periferia de Ananindeua, encontramos as duas últimas caixas de ivermectina. A atendente trouxe até o carro as caixas e pagamos com cartão. Na décima segunda encontramos a azitromicina. Não tivemos escolha senão um de nós descer e ir até o balcão. Andressa veio debulhando as embalagens no caminho e já entrou no carro com as drágeas em punho. Pensei muitas vezes que não conseguiríamos. Muitos não encontram mais e nas farmácias tem ouvido, como ouvimos em muitas, “estamos aguardando chegar” ou “não encontramos disponíveis em nenhum de nossos fornecedores”. Caos.

Não há nenhuma melhora sensível do quadro após as primeiras doses dos medicamentos, pode-se dizer. Estamos em casa, sem testes e depois de termos administrado os paliativos que médicos de todo o mundo têm utilizado para tratar os doentes deixados pelo avanço do novo coronavírus. As noites continuam difíceis e as crises respiratórias são as piores manifestações do vírus em nosso organismo.

Meu pai no outro quarto, mergulhado na dúvida, avança com os sintomas. Minha mãe tenta se preservar dormindo na sala, no sofá. Hoje se queixou de dores nas costas e não dá para saber se são por conta das más instalações noturnas ou se já podem ser o início do ciclo dos mesmos sintomas que nos acometeram. Ela divide com minha irmã a rotina desgastante de desinfetar a todo momento o único banheiro da casa, as maçanetas, as torneiras etc., e de cuidar da alimentação dos doentes.

Vivemos de perto a dificuldade de acessar informações e às instituições responsáveis por quantificar e cuidar dos casos de covid-19 no Pará. Tivemos sorte de irmos no terceiro dia de funcionamento da Policlínica, o que nos garantiu um pronto atendimento mesmo frente a quantidade de doentes que existem na Região Metropolitana de Belém em busca de tratamento.

Não há testes para quase ninguém, o que nos leva a crer que haja uma quantidade expressiva de pessoas contaminadas que nem passam perto das estatísticas, sobretudo as que já vivem em situação de vulnerabilidade social e com pouco ou nenhum acesso à informação.

Há um colapso ainda das farmácias que não estavam preparadas para essa avalanche de demanda pelas substâncias que têm sido utilizadas no tratamento dos sintomas da covid-19. “Como não há testes, todo mundo é suspeito e o melhor é ingressar com o tratamento corrente”, parece ter sido a compreensão dos médicos.

No Pará, segundo o Ministério da Saúde, 2.128 pessoas foram confirmadas com coronavírus e 114 morreram, até esta segunda-feira (27). Todos os leitos da rede pública estão ocupados. O Hospital de Campanha construído pelo governo do estado na capital paraense e inaugurado há poucos dias, já opera no limite de sua capacidade com seus 420 leitos. Muitas UPA’s de Belém e Região Metropolitana estão fechadas por falta de médicos e a angústia que martela na alma da gente é a de que esses números estão em franca ascensão e sem data para decréscimos.

“Teu irmão, o sogro, a esposa e tua sobrinha também estão doentes”, é o que diz a mensagem que acabo de receber do meu pai.

  • Movimento incomum no túnel do Entroncamento, Belém-Pará (Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)
  • Parada de ônibus na avenida José Malcher (Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)
  • Parada de ônibus na avenida Almirante Barroso (Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)
  • Movimento nas ruas de Ananindeua (Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)
  • Familiares aguardam pacientes que se encontram no Hospital de Campanha (Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)
  • Portão da Policlínica Metropolitana de Belém (Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)
  • Portão da Policlínica Metropolitana de Belém (Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)

Veja as fotos desse relato no Flickr

Cícero Pedrosa Neto é fotojornalista e colaborador da agência Amazônia Real desde 2018. Sociólogo de formação e mestrando em antropologia pela Universidade Federal do Pará, pesquisa desastres da mineração na Amazônia. Em 2019 foi um dos jornalistas premiados com o  41º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humano na categoria multimídia com a série “Sem Direitos: o rosto da exclusão social no Brasil”, um trabalho em parceria das mídias digitais independentes #Colabora, Ponte Jornalismo e Amazônia Real.

 

 

 

Fonte: https://amazoniareal.com.br/relato-de-uma-pandemia-fotografo-enfrenta-via-crucis-e-nao-consegue-fazer-o-teste-para-coronavirus-em-belem/

Thank you for your upload