Audiências são realizadas em Tabatinga (AM). Novas testemunhas são ouvidas
Bruno Pereira (acima) e Dom Phillips desapareceram em junho de 2022 – Divulgação/Funai
O julgamento dos suspeitos pelas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips será retomado nesta segunda-feira (17), na Justiça Federal em Tabatinga, cidade do Amazonas.
Há previsão de que sejam ouvidas novas testemunhas apresentadas pela defesa. A expectativa é que os suspeitos sejam ouvidos em até dez dias. Estão sendo processados Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”; Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”; e Jefferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha”.
Ao final desta etapa processual, o juiz federal responsável pelo caso decidirá se a competência para o julgamento será de um júri popular, por se tratar de homicídio. No Brasil, crimes dolosos contra a vida são julgados neste modelo.
O que já aconteceu
Depoimentos dos suspeitos e de testemunhas se iniciaram em março deste ano, mas forma interrompidos por problemas técnicos, inclusive envolvendo a estabilidade do acesso à internet. Em abril, as audiências foram retomadas, ouvindo testemunhas de acusação e de defesa.
Em maio, Amarildo, Oseney e Jefferson foram ouvidos.Os dois primeiros assumiram a culpa pela morte de Bruno e Dom, como já haviam feito no inquérito policial. Jefferson negou seu envolvimento nas mortes. Apesar da negativa, o inquérito policial aponta para sua participação, confirmada no depoimento dos outros dois acusados.
Todos os suspeitos estão detidos em presídios federais e depuseram através de vídeo-conferência.
Os três depoimentos, entretanto, foram anulados após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região determinar que testemunhas de defesa fossem ouvidas no processo – o juízo de primeira instância havia rejeitado sua participação. A retomada do julgamento, assim, significa refazer parte do procedimento.
O caso
Com base nas investigações, Amarildo da Costa de Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima, foram acusados pelo assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips. De acordo com o Ministério Público Federal, Bruno e um dos acusados, Amarildo, tiveram um desentendimento em outras ocasiões por causa da pesca ilegal em território indígena, que o servidor da Funai trabalhava para coibir.
Bruno, ex-servidor da Funai, e Dom, colaborador do jornal britânico The Guardian, chegaram a Atalaia do Norte (AM) no começo de junho de 2022. Foram considerados como desaparecidos a partir do dia 5 daquele mês. Seus corpos seriam encontrados pela Polícia Federal dez dias depois. De acordo com as investigações, após as mortes – com disparos nas cabeças e nas regiões do tórax – foram incendiados e esquartejados.
A região possui 21 mil habitantes e convive com o avanço de garimpeiros, madeireiros e pescadores ilegais.Em 2010, registrou o terceiro pior resultado nacional no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Edição: Leandro Melito
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