Indígenas afirmam que Isac Tembé, de 24 anos, foi morto pela Polícia Militar; crime aconteceu na sexta (12)
Em todo o Brasil, indígenas têm sido alvo de ataques ao seu território, a sua cultura, ao seu modo de existir. Na última sexta-feira (12), uma liderança do povo Tembé Theneteraha foi morta no município de Capitão Poço, no nordeste do estado do Pará. Isac Tembé, 24 anos, foi alvejado com vários tiros no peito e, segundo os indígenas, foi morto pela própria polícia militar.
Na manhã desta segunda-feira (15), os indígenas se reuniram com a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), que vai tomar a frente do caso.
Segundo dados preliminares da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de lideranças indígenas mortas em conflitos no campo vem aumentando nos últimos anos. Foram sete mortes em 2019, contra duas mortes em 2018. As informações são preliminares e o balanço final só será divulgado em abril próximo.
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O corpo de Isac foi enterrado neste domingo (14), no entanto, o ritual de passagem do povo Tembé permanece por 15 dias. O jovem era professor de história e atuante na comunidade. Ele também fazia parte do grupo de jovens indígenas Kamarar Wà.
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Investigação
Nesta terça (16) será realizada a diligência da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) para averiguar o assassinato. O Deputado Carlos Bordalo (PT), Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) disse que “acompanhará o caso para que o assassinato seja devidamente apurado e os responsáveis levados à justiça”.
O Ministério Público Federal (MPF) enviou no sábado (13) à Polícia Militar, à Polícia Federal, à Polícia Civil e à Fundação Nacional do Índio (Funai) informações sobre a morte do indígena.
Em nota, o povo Tembé afirma que o jovem “jamais se envolveu em qualquer ato ilícito e nunca em sua vida portou ou disparou uma arma de fogo”.
“Nosso território sofre diariamente invasões e ataques por parte de exploradores ilegais de madeira ou de fazendeiros que insistem em manter a ocupação de partes da Terra Indígena Alto Rio Guamá, através de cabeças de gado e de outras atividades econômicas. Há décadas lutamos contra essa violência e não vamos parar até que nenhum metro de nossa terra esteja ilegalmente ocupado. Não temos medo. A Constituição Federal protege nossos direitos e o estado brasileiro precisa fazer cumprir o que manda a lei maior”.
Edição: Rogério Jordão
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