A II Oficina de Artesanatos Indígenas foi realizada entre os dias 16 e 18 de outubro de 2025, com o tema “Soluções Ancestrais: pelo clima, pela Amazônia e por todas as vidas”. A ação integra as atividades contempladas pelo Prêmio Ciências Indígenas, do Fundo Podáali, e tem como objetivo valorizar o protagonismo da juventude indígena na preservação cultural e no enfrentamento às mudanças climáticas.
A oficina foi organizada pelo Coletivo Artes Pimydy, que na língua Wapichana significa Beija-flor, com o apoio da Coordenação da Juventude da Terra Indígena Tabalascada, região Serra da Lua. A iniciativa dá continuidade ao trabalho iniciado na primeira edição da oficina, realizada entre 26 e 28 de junho de 2023, ainda durante a gestão de Maria Betânia, então secretária do Movimento de Mulheres Indígenas do CIR, que abriu espaço para a realização da atividade dentro do território.
O evento contou com a presença de importantes lideranças indígenas, como o vice tuxaua geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Paulo Ricardo, e o coordenador e assessor político Edinho Batista, que destacaram a importância do fortalecimento dos saberes tradicionais e do protagonismo da juventude no movimento indígena de Roraima. Também estiveram presentes o tuxaua da Comunidade Indígena Tabalascada, César da Silva, o coordenador da Igreja Católica local, Valdeildo Wapichana, e Francivânia Wapichana, vice coordenadora do Projeto Tucupi Preto e representante das mulheres do bairro Colares.
O Coletivo Artes Pimydy surgiu da iniciativa de quatro artesãos, Helena Wapichana, Gilberto Macuxi, Joaquim Andrade e Ricardo Peterson Macuxi, e foi formalizado em 12 de novembro de 2021. No início, as atividades eram desenvolvidas de forma artesanal e familiar, na própria comunidade, com a produção de peças tradicionais como biojoias com sementes, tranças de fibras de arumã, peneiras, jamaxins e darruanas de palha de buriti, abanos com fibra de olho de tucumã e trajes feitos com buriti. Após as primeiras produções, o coletivo começou a expor seus trabalhos em assembleias, seminários e mobilizações indígenas, fortalecendo a valorização cultural e a geração de renda para os artesãos locais.
Coordenado por Isabela Pimydy, o coletivo pretende seguir ampliando a produção de artesanatos indígenas, fortalecendo também outros projetos comunitários, como as iniciativas de avicultura voltadas à juventude dentro da Terra Indígena Tabalascada. Trata-se de um projeto de longo prazo, que une tradição, geração de renda, fortalecimento cultural e protagonismo da juventude indígena.
“Essa oficina marcou um momento importante para o coletivo, pois contou principalmente com a participação dos jovens, além de lideranças locais. O coletivo foi inscrito no edital do Prêmio Ciências Indígenas do Fundo Podáali, fortalecendo o projeto que já vinha sendo desenvolvido com a produção de artesanatos tradicionais. Com esse apoio, foi possível planejar novas edições de oficinas voltadas à juventude indígena da Terra Indígena Tabalascada”, destacou Isabela Pimydy.












Lideranças e juventude indígena durante a oficina. (Fotos: Divulgação CIR)
A oficina contou ainda com a colaboração dos instrutores Helena Tomás, que trabalhou com fibras, e Seu Oreste Wapichana, que conduziu as oficinas de tranças com darruana.
A programação incluiu uma palestra para os alunos da Escola Estadual Indígena Professor Ednilson Lima Cavalcante, com o tema “Mudanças Climáticas e COP30”. Os palestrantes, a orientadora Eliane de Souza e os professores Gleidson e Rômulo, abordaram o papel dos povos indígenas nos espaços internacionais de debate sobre o clima, sob o lema “A Resposta Somos Nós”. Durante a atividade, os alunos elaboraram calendários climáticos comunitários, baseados nos conhecimentos e observações dos moradores locais, propondo ações para preservar o meio ambiente e proteger a biodiversidade da Amazônia.
No segundo dia, a oficina foi marcada pela prática e troca de saberes tradicionais. Os participantes aprenderam técnicas de produção de biojoias com o Coletivo Artes Pimydy, grafismo em tecidos com o artista indígena Kalvin Wapichana, artes com ossos com Macdonison Saunuro e Breno Macuxi, fibras com Helena Tomás e tranças com Seu Oreste Wapichana.
O encerramento contou com uma exposição dos trabalhos produzidos pelos jovens participantes, que expressaram através do artesanato a criatividade, identidade e resistência cultural dos povos indígenas. Ao todo, 93 pessoas participaram da atividade, entre jovens, professores, coordenadores e lideranças comunitárias.
Sobre o prêmio
O Prêmio Ciências Indígenas do Fundo Podáali reconheceu o projeto do Coletivo Artes Pimydy na Categoria A: Coletivos Indígenas Locais, dentro do tema “Soluções Ancestrais: pelo Clima, pela Amazônia e por Todas as Vidas”. A iniciativa foi premiada na Linha de Fortalecimento Cultural e Conhecimentos Tradicionais Indígenas, reforçando o compromisso do coletivo em unir saberes ancestrais e inovação comunitária.
Fotos: Marlon Thaylor, Mariane e Raquel Wapichana. (Comunicadores locais- Serra da Lua).
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