Para fortalecer a autonomia das mulheres no território e impulsionar o empreendedorismo indígena, o Departamento de Mulheres do Conselho Indígena de Roraima (CIR) promoveu uma oficina de corte, costura e grafismo para mulheres da comunidade Canauanim, T.I Canauanim, na região Serra da Lua.
A oficina foi realizada na Casa Intercultural das Mulheres Indígenas da comunidade, um momento de troca de conhecimentos e aprendizado, onde as participantes puderam desenvolver habilidades para criar roupas e pintá-las com grafismo dos povos Macuxi e Wapichana, valorizando a cultura indígena.
“Essa é uma maneira de fortalecer as mulheres. As ações e oficinas são para empoderar cada vez mais quem já empreende nos territórios. Trouxemos também a indígena jornalista Helena Leocádio para falar sobre como as mulheres podem empreender pelas redes sociais, como essa ferramenta é importante para divulgar os produtos feitos aqui na comunidade”, destacou Kelliane Wapichana, tuxaua geral do Movimento das Mulheres Indígenas de Roraima.

Durante os dias 12 e 13, as mulheres aprenderam técnicas de corte, costura e grafismo com as artesãs Valdelia Macuxi e Cíntia Laurentino, da região Tabaio. As roupas com grafismo indígena e os artesanatos feitos por elas são vendidos pelas redes sociais Instagram e Facebook, no perfil Estilo Indígena, uma oportunidade de empreender pelas redes sociais mostrando para o mundo produtos feitos dentro do território, alinhando conhecimentos tradicionais e tecnologia.
“Estamos aqui para fortalecer vocês, compartilhar um pouco da experiência no corte, costura e também na pintura de grafismo feita pela minha filha Cíntia. Nós trabalhamos juntas: eu faço as roupas e ela pinta. Temos recebido bastante encomendas de vestidos, conjuntos e camisas masculinas. Pra dar certo, eu divido meu tempo entre os afazeres de casa, a minha roça, crochê e fazer as roupas. E isso é um sonho realizado”, afirmou Valdelia.
Por dois dias, mãe e filha, juntamente com a tuxaua geral do Movimento de Mulheres Indígenas, Kelliane Wapichana, e a assessora do Departamento de Mulheres, Leirijane Macuxi, acompanharam as mulheres da comunidade na oficina. Cada uma costurou e fez o grafismo nas peças que elas mesmas escolheram como modelo.

Pela primeira vez a oficina ocorreu em Canauanim, uma oportunidade de aprendizado e de crescer o empreendimento que já é praticado na comunidade, conforme explicou a coordenadora local de mulheres, Gleiciane Nicacio.
“Aqui nós temos o projeto de panificação, produção de biojoias e tapetes. Alguns deles são produzidos durante as oficinas que ocorrem aqui, e quando as mulheres viajam para outra cidade, levam para vender nossos produtos. Eu gostei bastante; teve a participação expressiva das mulheres da comunidade”, disse a coordenadora.
Ainda conforme a coordenadora, a comunidade tem 26 artesãos entre homens, mulheres e a juventude. Vinte mulheres atuam na panificação e, no corte e costura, são cerca de 10 mulheres.
A oficina contou com a participação da indígena jornalista Helena Leocádio, assessora de comunicação no CIR, que falou sobre como as mulheres indígenas podem empreender usando as redes sociais, uma das ferramentas mais usadas para alavancar os negócios nas mais diversas áreas.
“Atualmente as redes sociais, seja o Facebook, Instagram ou WhatsApp, têm sido bastante usadas para divulgar, vender produtos e anunciar serviços. Aqui elas já fazem isso por meio dos grupos da própria comunidade, e isso já é um grande passo. Então, é mais para aprimorar o que elas já fazem e, quem sabe, criar um perfil comunitário para mostrar a produção delas para o mundo”, reforçou Leocádio.
A tuxaua geral do Movimento Indígena de Roraima entregou às mulheres uma máquina de costura que vai fortalecer o trabalho já desenvolvido na comunidade na área de corte e costura. No final da oficina, as mulheres desfilaram usando as peças produzidas por elas.
A iniciativa teve apoio dos parceiros Ford Foundation e Conservação Internacional (C.I).
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