Força, coragem e solidariedade, assim a campanha emergencial do Conselho Indígena de Roraima (CIR), organizações parceiras e comunidades indígenas completa um ano na linha de frente de combate à pandemia da Covid-19. Em 27 de março de 2020, após o registro dos primeiros casos do novo coronavírus em Roraima, se iniciava uma grande mobilização humanitária para atuar em defesa dos povos indígenas do estado. Passado um ano, a campanha emergencial, que ainda continua, atendeu mais de 15 mil famílias, entre indígenas que residem nas comunidades e em Boa Vista, além dos povos da etnia Warao e Taurepang da Venezuela, que também receberam apoio.
Contando sempre com cuidados essenciais, o CIR permaneceu ao longo de 2020 e também em 2021 distribuindo toneladas de EPIs como máscaras, luvas, aventais, toucas, oxímetros, álcool em gel, testes rápidos, rádios comunicadores, entre outros, que atenderam a maioria dos postos de saúde, escolas indígenas, e famílias. Neste período, também foram confeccionados mais de 20 mil folders com informações educativas, parte deles nas línguas nativas, além de banners e faixas sobre a Covid-19.
Famílias indígenas que estavam nos hospitais infectados pelo coronavírus também receberam apoio com medicamentos. A CASAI, distrito Leste de Roraima e Yanomami receberam material de limpeza e EPIs. Foram atendidos 1.900 mulheres e 1.100 crianças indígenas com kits de higiene e 17 postos de saúde das comunidades mais distantes e com difícil acesso receberam motores geradores. O CIR também fortaleceu as casas de medicina tradicional das comunidades e regiões com a compra de insumos e equipamentos e oferece atendimento psicológico às famílias afetadas pela pandemia.
Parte das doações também foi direcionada a apoiar as próprias comunidades indígenas que tiveram a iniciativa de se organizar e buscar meios de se proteger na guerra contra o coronavírus montando barreiras sanitárias. Ao todo, 38 barreiras foram montadas, e diante da incerteza de uma cura a longo prazo, os povos também recorreram aos saberes da medicina tradicional.
O coordenador geral do CIR, Edinho Batista, agradeceu as lideranças, colaboradores e os parceiros que não mediram esforços para apoiar a luta no combate à pandemia. “Vivemos ainda uma realidade difícil, na luta pela superação das famílias das comunidades indígenas. Fizemos o que era pra ser feito, que é ajudar os nossos parentes, infelizmente não conseguimos conter que muitas vidas fossem perdidas. Somamos para proteger, defender e hoje continuamos com esse apoio emergencial para as nossas comunidades indígenas. Agradecemos as lideranças indígenas, os seguranças indígenas que vestiram a camisa de poder ficar na linha de frente dessa batalha. Estas pessoas são consideradas heróis por defender as comunidades indígenas dessa pandemia nas barreiras sanitárias, dia e noite enfrentando sol e chuva, na proteção da vida dos seus povos”.
Ao todo, a ação já alcançou 32 terras indígenas em Roraima e 12 regiões, sendo elas: Serra da Lua, Amajari, Murupu, Wai Wai, Alto Cauamé, Tabaio, Amajari, São Marcos, Surumu, Serras, Raposa e Baixo Cotingo, os povos Wapichana, Macuxi, Ingarikó, Patamona, Taurepang, Wai Wai, Yanomami, Warao. Ao longo de um ano, o CIR mobilizou parceiros do Brasil e do mundo, recebendo apoio da Ford, Niatero, ERN Ranforest, Tebtebba, Cafod, NCI, ICS, AVAAZ, RCA, ABIM que doaram para campanha emergencial do CIR e a arrecadação ultrapassou os R$ 2 milhões
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