O Conselho Indígena de Roraima (CIR), por meio do Departamento de Mulheres e Jurídico, a convite da cadeia pública feminina, realizou uma manhã de atividades voltadas para as mulheres privadas de liberdade. A ação é realizada pela primeira vez e foi em alusão ao mês dos povos indígenas.

A iniciativa, que ocorreu nesta quarta-feira (07), foi articulada pelo ex-assessor jurídico do CIR, Ivo Macuxi, junto ao Grupo de Monitoramento e Fiscalização Carcerário e Socioeducativo (GMF) do Tribunal de Justiça de Roraima.

Oportunidade de abordar sobre os direitos das mulheres e conhecer de perto a necessidade jurídica de cada uma. As mulheres responderam a um questionário simples, produzido pelo Departamento Jurídico do CIR.

Durante o encontro, a assessora jurídica do CIR, Fernanda Wapichana, ressaltou que o momento é histórico para a instituição, que atua há 54 anos na luta e defesa dos direitos dos povos indígenas de Roraima, e que muitas ações podem ser feitas por meio da parceria.

“Hoje é um dia histórico. O CIR tem 54 anos de luta e resistência, e esta é a primeira vez que estamos aqui nesse espaço, para conhecer, dialogar e construir estratégias de como garantir o direito de mulheres indígenas no sistema prisional. Que esse encontro se repita por muitas vezes”, expressou Felix.

Dra. Fernanda Félix e a equipe do CIR em momento de apresentação. (Foto: Helena Locádio- ASCOM/CIR)
Dra. Fernanda Félix e a equipe do CIR em momento de apresentação. (Foto: Helena Locádio- ASCOM/CIR)

Atualmente, a Cadeia Pública Feminina tem cerca de 18 mulheres indígenas privadas de liberdade, dos povos Wapichana, Macuxi e Yanomami.

A atividade contou com acolhimento, diálogo, roda de parixara e produção de artesanatos — momento de resgatar a cultura e fortalecer a identidade indígena.

Emocionadas, as mulheres abraçaram umas às outras. A Tuxaua Geral do Movimento de Mulheres Indígenas, Kelliane Wapichana, promoveu a dinâmica com a finalidade de acolher e saber como elas estão.

“Estamos aqui de indígena para indígena, de mulher para mulher, e quero dizer que, independente do erro, todas estão sujeitas ao perdão, a cumprir suas penas. Reforço que vocês, mulheres, têm o poder de mudar a realidade da vida de vocês. Busquem o melhor para si. Nós, enquanto instituição, vamos buscar meios de fortalecer vocês aqui”, reforçou a Tuxaua.

Tuxaua Kelliane Wapichana durante fala. (Foto: Helena Leocádio- ASCOM/CIR)
Tuxaua Kelliane Wapichana durante fala. (Foto: Helena Leocádio- ASCOM/CIR)

Euzilene Vasconcelos, representante do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo do TJ/RR, esteve presente na ação e destacou a importância da iniciativa.

“Estamos aqui para acompanhar a atividade e conhecer as habilidades de cada uma, seja no canto, no artesanato. Elas têm suas características. E essas mulheres precisam conhecer os seus direitos. Essa iniciativa chegou até nós por meio do doutor Ivo Macuxi e, com certeza, vamos dar continuidade à ação”, pontuou Euzilene.

“Precisamos dar seguimento a essa iniciativa. Aqui, as mulheres têm habilidades que precisam ser valorizadas”, afirmou Naira Barros, diretora do presídio feminino.

Ao final do evento, foram entregues toalhas, lençóis e absorventes.

Kit's entregues as reeducandas. (Foto: Helena Leocádio- ASCOM/CIR)
Kit’s entregues as reeducandas. (Foto: Helena Leocádio- ASCOM/CIR)

As reeducandas agradeceram ao Conselho Indígena de Roraima pela iniciativa e pediram para que a organização continue o cuidado com as mulheres indígenas privadas de liberdade.

Bárbara laurentino, estagiária de direito no departamento jurídico, Luciane Xavier assessora jurídica, Kaline Mota, assistente e Leijane Macuxi, assessora do Departamento de Mulheres, participaram do evento.

Fonte: https://www.cir.org.br/post/cir-realiza-acao-na-cadeia-publica-feminina-de-boa-vista