A visita técnica às comunidades indígenas Anzol e Serra da Moça, na região Murupu, teve como objetivo conhecer de perto o território onde será implantado o projeto piloto “Luz da Floresta”, desenvolvido pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), em parceria com a Global Energy Alliance for People and Planet (GEAPP). A visita, realizada na quarta-feira (15), foi guiada pela equipe do Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas (DGTAMC), pela assessoria da coordenação executiva e pelas lideranças indígenas das comunidades.

O projeto Luz da Floresta busca fortalecer e apoiar as produções das comunidades com materiais de irrigação, placas solares, inversores e baterias de lítio, promovendo o desenvolvimento sustentável e gerando renda dentro e além do território indígena.

A visita contou com a participação de representantes da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Global Energy Alliance for People and Planet (GEAPP), Ministério de Minas e Energia (MME), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), IEMA e EPE.

Na comunidade Anzol, a comitiva conheceu a roça comunitária e o sistema de irrigação sustentável. A terra ainda estava sendo preparada para o plantio. Lá, foram recebidos pelo tuxaua Del Wekelenson, que apresentou a comunidade e suas necessidades, ressaltando que Anzol busca a demarcação do território e, por conta do processo, fica de fora de políticas públicas. Ele reforçou que a presença dos técnicos e a implantação do projeto na comunidade trarão grandes benefícios.

Outra comunidade visitada foi Serra da Moça, com 115 famílias e um total de 320 pessoas. Os visitantes foram recebidos pelo tuxaua Alexsandro Chagas e por alguns membros da comunidade. Logo, os técnicos foram informados de que o local estava sem energia elétrica desde as sete e meia da manhã, e que essa situação recorrente tem prejudicado as aulas e os pequenos comércios.

A equipe acompanhou de perto o cultivo em duas roças com apoio de sistema de irrigação movido por energia solar — uma iniciativa que tem dado certo e pôde ser comprovada pelo tamanho das mandiocas e macaxeiras colhidas e expostas durante a visita.

Outra roça visitada foi a do senhor Francisco, indígena do povo Wapichana, de 78 anos. Ele cultiva banana, feijão e maniva, e é da roça que tira o sustento da família. Diferente das outras iniciativas, sua plantação é irrigada com água de um poço de pequena vazão acoplado a uma bomba d’água. Para economizar na conta de energia, muitas vezes percorre a roça com um regador, o que torna a atividade cansativa para sua idade.

“Eu nasci e me criei aqui nessa comunidade e sempre trabalhei na roça. Aprendi com meus pais e até hoje sigo com meu plantio. Estou de idade, mas ainda dou conta do recado. Vou e volto molhando as plantas com o regador. Faço isso para economizar na conta de luz”, destacou.

Ao saber que os técnicos estavam conhecendo o território para implantar o projeto Luz da Floresta, seu Francisco ficou feliz, reconhecendo que a ação vai mudar a forma de trabalho, fortalecer a produção e, principalmente, ajudar a economizar energia.

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Equipe de técnicos durate visita. (Fotos: Ascom/CIR).

O tuxaua Alexsandro informou que a energia elétrica chegou à comunidade em 2011, mudando a forma de armazenamento dos alimentos e o cultivo em algumas roças. Ele destacou que Serra da Moça é reconhecida pela grande produção de banana, milho, melancia, farinha, além da criação de peixes, carneiros e outras culturas. Mas ressaltou que a execução desses projetos é desafiadora no período do verão, porque as fontes de água ficam distantes do centro da comunidade. A liderança reforçou ainda que receber o projeto vai mudar a realidade dos produtores indígenas.

“É uma honra receber vocês, representantes de segmentos importantes para fortalecer as ações aqui da nossa comunidade, em especial a comunidade Anzol. Por se tratar de um território não demarcado, vocês estão aqui para ver de perto as necessidades e iniciativas das comunidades Anzol e Serra da Moça, que necessitam de energia para manter a produção”, expressou o tuxaua.

Cada informação recebida era anotada pelos técnicos, que expressavam satisfação em ver que as iniciativas estão dando certo, mesmo diante dos desafios enfrentados pelos moradores.

Rosa Rios, coordenadora do Programa Protagonismo Indígena da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e responsável pela gestão técnica e administrativa do projeto, explicou que o projeto de energia é feito em parceria com a Global Energy Alliance for People and Planet (GEAPP) e será o primeiro a ser implantado em um território indígena.

“Trouxemos os parceiros para conhecer a realidade e as necessidades de quem mora aqui nesse território e apoiá-los, junto com a GEAPP, nesse projeto de energia.”

A responsável no Brasil pelas ações da GEAPP, Luísa Valentina Barros, destacou que a parceria com a FAS é importante, pois leva energia para regiões da Amazônia com uso produtivo. Conhecer as necessidades de perto vai facilitar a execução do projeto.

“O principal objetivo da visita é entender o que é produzido e o que precisam da energia para a produção agrícola e irrigação. Podemos ver que, em alguns casos, o uso da energia solar deu super certo, e isso vai contribuir bastante para os próximos passos.”

Representantes da Roraima Energia também estiveram na comunidade. Camila Figueiredo, da Agência de Gerenciamento de Energia da ANEEL, ressaltou que o trabalho em conjunto vai facilitar para que a energia chegue à comunidade da melhor maneira possível.

O projeto Luz da Floresta foi apresentado durante reunião entre o tuxaua geral do CIR, Amarildo Macuxi, a coordenadora do DGTAMC, Sineia do Vale, e representantes da Fundação Amazônia Sustentável (FAS). O encontro ocorreu na sexta-feira (3) de outubro de 2025.

Na ocasião, Sineia afirmou que o projeto representa um avanço significativo rumo a um futuro mais sustentável para as comunidades Anzol e Serra da Moça e para a região Murupu.

“A importância de tudo isso é que estamos trabalhando temas fundamentais, como energias renováveis e mudanças climáticas. Esses são assuntos que estamos levando para a COP30, em Belém”, destacou Sineia do Vale.

O responsável pela articulação política e acompanhamento da execução das atividades será o Conselho Indígena de Roraima (CIR), em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), responsável pela gestão técnica e administrativa do projeto, com financiamento da GEAPP.

Fonte: https://cir.org.br/post/cir-recebe-equipe-tecnica-para-conhecer-territorio-onde-sera-desenvolvido-o-projeto-piloto-luz-da-floresta-a-iniciativa-vai-fortalecer-o-desenvolvimento-sustentavel-na-regiao-murupu