Lideranças de nove regiões estiveram reunidas entre os dias 12 e 14 de julho, na I Reunião Ampliada Deliberativa de 2021 do Conselho Indígena de Roraima (CIR). Com o tema: “Luto e em luta e na Resistência pelo Bem Viver dos Povos Indígenas”, a Assembleia foi realizada no Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (CIFCRSS), localizado na comunidade do Barro, Região Surumú, no município de Pacaraima.
Durante os três dias de reunião, as lideranças das regiões, Serra da Lua, Surumu, Serras, Wai-Wai, Baixo Cotingo, Alto Cauamé, Raposa, Murupu e Amajari que integram a coordenação deliberativa do CIR, analisaram, debateram e deliberaram sobre questões acerca das políticas e ações públicas que afetam os povos indígenas.
As reuniões deliberativas ocorrem duas vezes ao ano. O encontro de lideranças também teve como objetivo discutir, deliberar e avaliar as ações estratégicas da organização. Além, de traçar novas estratégias de resistência contra os ataques aos direitos dos povos originários de Roraima e do Brasil.
No primeiro dia, o Departamento Administrativo Financeiro (DAF) realizou diante das lideranças a prestação de contas dos projetos existentes na organização. Em seguida, os conselheiros fiscais fizeram a leitura do relatório do ano de 2020.
Coordenadoras de mulheres
O coordenador dos Conselheiros Fiscais do CIR, Amarildo da Silva Mota, comentou sobre a importância dessas pessoas para a organização. “O Conselho Fiscal faz a fiscalização das contas e movimentações da organização que é executada pelos coordenadores. Eles são os responsáveis pelos projetos e a gente apenas seguiu de acordo com cada lançamento, além dos extratos de pagamentos e transferências dos recursos de acordo com cada nota fiscal”, comentou.
Foram discutidos assuntos voltados ao meio ambiente, sustentabilidade monitoramento territorial e ameaças aos territórios: garimpo ilegal, mineração empreendimento. Outro assunto bastante debatido foi sobre o Projeto de Lei (PL) 490 e o “Marco Temporal”, que será julgado no mês de agosto e que fere os direitos ao território dos povos originários do Brasil. Foi destacado ainda que o Governo Federal tem pressa em aprovar tudo em 2021 e que até hoje o governo de Jair Bolsonaro não tem nenhum plano de retirada de garimpos das terras indígenas.
Dário Yanomami, representante da Associação Hutukara, participou da reunião e relatou que os políticos estão lutando para derrubar os direitos indígenas com a PL 490. Destacou ainda que hoje são cerca de 20 mil garimpeiros dentro da reserva que prejudicam as comunidades levando bebidas alcoólicas, drogas, além das contaminações dos rios com o mercúrio.
O coordenador geral do CIR, Edinho Batista, do povo Macuxi, disse que não se deve apenas contar as histórias para a juventude, mas sim mostrar a verdadeira luta na linha de frente e por isso que está convidando os jovens para integrar as mobilizações em defesa dos nossos direitos. ” Nós acabamos nos acomodando na luta, temos que despertar, não devemos ter medo da luta e sempre estar dispostos a dar a sua vida pelo seu povo, devemos nos fortalecer cada vez mais”, destacou.
Coordenação executiva do CIR.
Quem também esteve participando foi Toya Machineri, assessor político, e Jéssica Wapichana, secretária executiva da Coordenação das Organizações Indígena da Amazônia Brasileira (Coiab). Toya explicou sobre os PLs que tramitam no Congresso Nacional e esclareceu sobre a atuação da Coiab. Ele também, destacoua participação da juventude indígena. É de acostume ver somente as lideranças tradicionais nas reuniões.Mas que dessa vez ficou surpreso pela grande quantidade de jovens participando da Ampliada. Destacou ainda que isso é de extrema importância e isso mostra que o CIR está preparando novas lideranças para o movimento indígena.
“Isso é muito bom, porque o CIR sempre foi um exemplo de organizações indígenas para a Amazônia e agora traz essa nova perspectiva do apoio ao jovem estar participando das assembleias como parte da sua formação e a partir daí lutar pelos seus direitos. Principalmente nesse momento que passa o nosso país que tem uma política genocida. O atual governo não respeita os direitos dos povos indígenas, a vida e nem o patrimônio do povo brasileiro”, enfatizou.
No último dia, os Departamentos do CIR apresentaram as ações e as atividades prevista para os próximos meses. Estiveram participando as organizações e parceiros CIMI, KAPOI, Hutukara, OPIRR, OMIRR, COIAB e a assessoria da deputada JoeniaWapichana. Devido ao período de pandemia que estamos vivendo, o número de participantes foi reduzido e todos já tinham sido vacinados contra a Covid-19. Ainda assim foram seguidos todos os protocolos de saúde, como o uso de máscara, álcool gel e distanciamento social.
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