Nesta terça-feira, 11, às 21h, no Cine SESC/São Paulo, haverá a exibição do filme “Quentura” que trata das percepções das mulheres indígenas amazônicas sobre as mudanças climáticas sentidas no cotidiano de suas comunidades indígenas. A entrada é fraca.

O filme, com duração de 36 min, exibe o contexto tradicional e cultural de mulheres indígenas amazônicas que mantem conexão direta com o território tradicional através do usufruto coletivo, roças, medicina tradicional, artesanato, caça, pesca e o espiritual, formas de um bem viver que ao poucos vem sendo afetado com as reações climáticas sentidas com mais força a cada ano.

Entre as mulheres indígenas que representam as mulheres indígenas da Amazônia, do Brasil e do mundo, o filme tem como uma das protagonistas a gestora ambiental, Sineia Bezerra do Vale, do povo Wapichana, coordenadora do departamento de Gestão Territorial e Ambiental do Conselho Indígena de Roraima (CIR). Sineia também coordena a Câmara Técnica de Mudanças Climáticas do Comitê Gestor da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial (PNGATI) e membro do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC), além de uma vasta atuação e participações de evento regionais, nacionais e internacionais.

Com uma dedicação de 26 anos ao movimento indígena de Roraima, grande parte dedicada à atuação no Conselho Indígena de Roraima (CIR), Sineia, formada em gestão ambiental, criou em 2008 com ajuda de parceiros e apoio das lideranças indígenas, o departamento de Gestão Territorial e Ambiental do CIR. O departamento executa uma extensa demanda na linha ambiental, territorial e mudanças climáticas, além de ter em sua estrutura, o Setor de Sistema de Georeferenciamento(SIG), único no Brasil, coordenado pelo Técnico indígena Genisvan Melquior André, do povo Macuxi.

Nos últimos anos, o foco principal tem sido a formação de 280 Agentes Territoriais e Ambientais Indígenas (ATAIs), agentes que subsidiaram na construção dos nove Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) das terras indígenas. O último Plano contemplou as regiões da Raposa e Baixo Cotingo, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, considerado o primeiro plano regional construído em Roraima.

Outra recente conquista do departamento trata-se da publicação dos sete Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), fruto de uma parceria coletiva, entre o CIR, a entidade Natureza e Cultura Internacional (NCI), Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Universidade Federal de Roraima (UFRR), The Nature Conservancy (TNC) e outros parceiros.

A primeira publicação lançada em 2014 foi a Amazad Pana`adinhan – Percepções das Comunidades Indígenas sobre as Mudanças Climáticas, com foco na relação entre os povos indígenas e mudanças climáticas. A publicação foi construída a partir do estudo de caso realizado nas terras indígenas Malacacheta, Jacamim e Manoá – Pium, localizadas na etnoregião Serra da Lua.

Entre as diversas ações executadas pelo departamento, destaca – se também o Projeto Água, executado na região do Murupú e mais recente, na região do Baixo Cotingo. O projeto, apoiado pela entidade Cafod, tem como missão o acesso e melhoria da qualidade da água nas comunidades indígenas.

Na 47ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas, realizada no mês de março desse ano, no Centro Regional do Lago Caracaranã, região da Raposa – TI Raposa Serra do Sol, Sineia Wapichana foi homenageada pelos 26 anos dedicados à causa dos povos indígenas de Roraima, especialmente, pela dedicação a causa ambiental e direito indígena.

Por um contexto representativo e de vivência, Sineia tem uma participação histórica no Filme Quentura, onde expressa com sabedoria e compromisso uma realidade vivida nas comunidades indígenas, sobretudo pelas mulheres indígenas que lidam diretamente com a floresta, como ela mesma destaca no filme. São as mulheres que buscam os frutos, as sementes, as palhas, o cipó para fazer o seu artesanato, além do uso da medicina tradicional, plantação, do cultivo e, tantas outras funções tradicionais das mulheres indígenas.

O desmatamento é uma das principais causas das mudanças climáticas, além de outras ameaças aos direitos indígenas sobre seus territórios tradicionais, como a construção de mineradoras, hidrelétricas e outros grandes empreendimentos que buscam afetar diretamente a floresta que ainda existe na Amazônia. Sineia destaca no filme que, “os povos indígenas são uma barreira contra o desmatamento”.

O filme Quentura tem a direção e edição de Mari Corrêa do Instituto Catitu – Aldeia em Cena, produção do Instituto Catitu – Aldeia em Cena e Rede de Cooperação Amazônica(RCA) e o apoio institucional da entidade Regnskogfondet – Rainforest Foundation Norway.

A exibição em Roraima está prevista para o mês de outubro no Encontro de Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira.

Informações no link: https://www.sescsp.org.br/programacao/167474_QUENTURA

Fonte: Ascom/CIR

Foto: Mayra Wapichana

Fonte: http://www.cir.org.br/site/?p=807

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