A articulação é resultado da incidência realizada pelas lideranças de Roraima, das regiões Serras, Murupu, Serra da Lua e Raposa, que estão em Brasília em uma ação estratégica para fortalecer a voz dos povos indígenas do Estado, com o objetivo de discutir demandas prioritárias para as comunidades indígenas.

Na tarde desta terça-feira (21), as lideranças estiveram no Ministério dos Povos Indígenas (MPI), onde apresentaram demandas na área de proteção territorial. A comitiva foi recepcionada por Marcos Kaingang, secretário nacional de Direitos Territoriais Indígenas (SEDATI), André Dallagnol, coordenador-geral de Proteção Territorial, e Beatriz Almeida, diretora do Departamento de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato da SEDATI/MPI.

Os desafios enfrentados nos territórios indígenas, nas áreas de invasão territorial, garantia dos direitos, sustentabilidade, saúde e educação, foram apresentados pelas lideranças. As situações estão detalhadas no Memorial sobre a Situação das Terras Indígenas em Roraima, entregue oficialmente aos representantes do MPI.

Os relatos foram ouvidos com atenção. Marcos Kaingang expressou preocupação com o avanço do garimpo ilegal e as invasões nas Terras Indígenas de Roraima, em especial na T.I. Raposa Serra do Sol, como reflexo das ações de desintrusão na Terra Yanomami.

“Vemos a situação de invasão com preocupação. Vamos pensar em ações conjuntas com outros órgãos para mudar essa realidade, incluindo estratégias específicas para Raposa Serra do Sol, a fim de combater a entrada de garimpeiros. Sabemos que há parentes que acabam se aliando ao garimpo, enquanto o CIR luta pela defesa do território. Precisamos encontrar meios eficazes para garantir a desintrusão desses invasores”, declarou Kaingang.

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Lideranças roraimenses durante incidência no MPI. (Fotos: Helena Leocádio- ASCOM/CIR).

Ainda conforme o secretário, as informações do Memorial sobre a Situação das Terras Indígenas em Roraima, produzido pelos assessores jurídicos do Conselho Indígena de Roraima (CIR), servirão de base para o desenvolvimento das próximas ações de proteção territorial.

As lideranças reforçaram a importância de que suas demandas sejam ouvidas e respeitadas, assim como as decisões coletivas dos povos, especialmente em questões que afetam diretamente seus territórios e modos de vida.

“Queremos a desintrusão do nosso território. Os garimpeiros vindos da Terra Yanomami estão destruindo a T.I. Raposa Serra do Sol. Nossos rios estão poluídos. Queremos a retirada deles com urgência”, afirmou Ivaldo André, liderança da região Serras.

A liderança destacou ainda que os povos indígenas de Roraima não são entraves para o desenvolvimento do Estado. Pelo contrário, vêm fortalecendo experiências sustentáveis, como o projeto M+ Uma Vaca para o Índio, desenvolvido nas comunidades indígenas com foco na pecuária sustentável.

Júnior Nicácio, assessor jurídico do CIR, pontuou os desafios da criminalização das lideranças e o avanço do garimpo nas Terras Indígenas, além de destacar as ações do CIR e das lideranças locais no monitoramento e proteção dos territórios.

O Tuxaua Geral do CIR, Amarildo Macuxi, manifestou preocupação com a situação da saúde indígena em Roraima, denunciando o descaso do DSEI Leste/RR no atendimento aos pacientes que necessitam de remoção. Também relatou a demissão em massa de profissionais da instituição, barrada pela Justiça do Trabalho, que determinou a suspensão imediata das dispensas. Amarildo pediu atenção especial do Ministério ao caso da saúde indígena no Estado.

Fonte: https://cir.org.br/post/incidencia-em-brasilia-ministerio-dos-povos-indigenas-se-dispoe-a-articular-com-demais-orgaos-o-processo-de-desintrusao-dos-invasores-das-terras-indigenas-em-roraima