Continuando a programação da I Reunião da Coordenação Ampliada Deliberativa, as lideranças indígenas das etnoregiões Amajari, Alto Cauamé, Baixo Cotingo, Murupú, Serra da Lua, Serras, Surumú, Raposa, Tabaio e Wai-wai, que compõem a base do Conselho Indígena de Roraima (CIR), repassaram informações e pontuaram o planejamento regional de cada local.

Na ocasião, os coordenadores regionais de tuxauas, mulheres e juventude compartilharam também os desafios e superações enfrentados nos últimos meses nas regiões.

Nas regiões Surumú, Serras, Raposa, Baixo Cotingo e T.I Raposa Serra do Sol, as situações são parecidas frente à proteção territorial, garimpo ilegal, turismo nas terras indígenas, projeto de grãos do governo e o desrespeito ao protocolo de consulta.

“Precisamos nos ajudar, lideranças, alinhar o plano de trabalho junto às quatro regiões da Raposa Serra do Sol e também junto com a nossa organização de base e os departamentos, para fortalecer as ações dentro do território”, explicou Nazareno Macuxi, coordenador regional do Surumú.

Nazareno Macuxi durante plenária. (Foto: ASCOM/CIR).
Nazareno Macuxi durante plenária. (Foto: ASCOM/CIR).

César Silva, coordenador regional da Serra da Lua, região com 21 comunidades indígenas, expressou a preocupação com a implantação da hidrelétrica do Bem Querer e o intenso fluxo na estrada de carretas que abastecem a termelétrica construída na região. A estrada atravessa as comunidades Canauanim e Malacacheta. O coordenador destacou ainda a poluição do Quitauaú com o despejo de dejetos no rio e a invasão territorial.

“Me preocupa como vamos enfrentar os problemas futuramente. Quando se trata da implantação da hidrelétrica do Bem Querer, teremos várias comunidades afetadas com isso. A Serra da Lua tem 21 comunidades indígenas, algumas na região de fronteira com a Guiana, e destaco os frequentes problemas com a questão de invasão dos territórios. Teremos a nossa assembleia regional em novembro e vamos discutir as estratégias para juntos enfrentar os desafios futuros”, afirmou o coordenador.

Aldenícia Cadete, coordenadora de mulheres da região, destacou as iniciativas desenvolvidas a nível regional, como a produção da medicina tradicional, agricultura sustentável, casa da mulher, empreendedorismo indígena, produção de artesanatos, entre outros.

Lideranças durante a Plenária de Coordenadores Regionais. (Foto: ASCOM/CIR).
Lideranças durante a Plenária de Coordenadores Regionais. (Foto: ASCOM/CIR).

Os coordenadores das regiões Tabaio, Alto Cauamé, Amajari e Murupú pontuaram os desafios dos territórios demarcados em ilhas, como a produção de grãos e o uso de agrotóxicos, invasão dos territórios por parte dos fazendeiros, bebida alcoólica, garimpo ilegal e a presença de não indígenas nas comunidades, o que tem ocasionado frequentes problemas.

“Os aviões, além de jogar agrotóxicos na soja, o veneno respinga nas comunidades indígenas próximas devido ao vento, e isso é muito grave. Tem plantação de grãos até na beira do lago”, destacou Altacir Lima, coordenador da região Murupú.

Alexandre Wai-wai expôs a expansão do cultivo das palmeiras de dendê na região, que tem ocasionado problemas para as comunidades próximas às plantações. Uma conquista relatada é a implantação da pecuária sustentável, com o recebimento de 51 reses da comunidade indígena Maturuca, região Serras, por meio do Projeto M+, com apoio do Conselho Indígena de Roraima. A entrega está prevista para ocorrer no dia 05 de setembro.

“Queremos agradecer à coordenação executiva do CIR e à região Serras pelo fortalecimento regional por meio da pecuária sustentável. Vamos aprender, assim como os Macuxis e Wapichana, a criar gados”, destacaram as lideranças da região Wai-wai.

Juventude Indígena

Os coordenadores regionais da juventude presentes na reunião ampliada também compartilharam as ações de fortalecimento nas regiões, destacando as atividades desenvolvidas com os jovens.

Na linha de frente nas mobilizações a nível estadual e nacional, a juventude deu destaque ao legado das lideranças na luta pela defesa dos direitos indígenas, lembrando da última mobilização realizada em Boa Vista, em frente ao DSEI Leste/RR.

“Somos o legado das nossas lideranças, por isso devemos seguir na luta assim como eles, unidos como o feixe de vara. É assim que sigo na minha gestão, fortalecendo a minha base, minhas lideranças que tanto lutaram pelos nossos direitos”, destacou Carla Macuxi, coordenadora da juventude na região Surumú.

Carla Macuxi durante fala. (Foto: ASCOM/CIR).
Carla Macuxi durante fala. (Foto: ASCOM/CIR).

Gerson Wapichana, coordenador da juventude na região Alto Cauamé, relembrou a experiência na coordenação dos jovens: uma caminhada cheia de desafios e inspiração, como a força recebida do ex-tuxaua geral do CIR, Enock Taurepang.

O jovem coordenador destacou que a próxima Assembleia Estadual da Juventude Indígena será realizada na região, comunidade Sucuba.

“É uma responsabilidade muito grande ser o anfitrião da assembleia estadual, mas também é uma honra, porque vêm jovens de todas as regiões do Estado. Já estamos trabalhando para receber a todos”, concluiu Gerson.

O Departamento da Juventude, criado em 2023, é coordenado por Raquel Wapichana, liderança jovem da comunidade Tabalascada, região Serra da Lua.

Os jovens, dos povos Macuxi, Wapichana, Taurepang, Wai Wai, Sapará e outros, recebem, por meio do Departamento da Juventude do CIR, fortalecimento de projetos sustentáveis existentes nas regiões, fortalecimento político, formação e incidência política a nível estadual e nacional, além de abordar a saúde mental dos jovens por meio de seminários.

Fonte: https://www.cir.org.br/post/informes-regionais-coordenadores-das-regioes-que-compoem-a-base-do-cir-compartilham-desafios-superacoes-e-planos-regionais