O evento reúne jovens lideranças e representantes de instituições em momentos de reflexão, espiritualidade e fortalecimento político. O segundo dia da programação iniciou com uma oração, seguida de um ritual de proteção conduzido pelo pajé Mariana, que realizou a tradicional prática de colocar pimenta nos olhos, uma cerimônia espiritual dos povos indígenas.

Após o momento espiritual, os participantes deram início à pauta do dia com o tema: “O protagonismo da juventude indígena nos espaços de luta: qual é a nossa missão nos espaços que estamos ocupando?” A discussão reuniu representantes de diversas instituições, como a Universidade Federal de Roraima (UFRR), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Conselho Nacional de Políticas Indigenistas (CNPI), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Coordenação do CIR, Departamento de Juventude do CIR e o Fundo Indígena Rutî.

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Juventude participando do ritual de proteção. (Foto: Wey Tenente- Rede Wakywaa Amajari).

Na formação, resistência e ocupação dos espaços, Jucilene Carneiro, professora do curso de Gestão Territorial Indígena do Instituto Insikiran da UFRR, destacou a importância da formação educacional dos jovens indígenas. “Vocês precisam definir os caminhos, e um deles é a formação. Não é fácil, os desafios são muitos, como o preconceito, mas precisamos ocupar esses espaços. As vagas que existem lá são frutos de muita luta. O Instituto Insikiran é resultado do movimento indígena e é território nosso dentro da universidade. O Insikiran sem a base não existe.”

O assistente de Monitoramento do Fundo Indígena Rutî, Romeson Viriato, reforçou a importância de foco e propósito na caminhada. “Quando falamos em espaços de luta, precisamos refletir sobre nosso objetivo, o que queremos e onde queremos chegar.”

O vice-coordenador da Coiab, Alcebias Sapara, compartilhou sua trajetória de liderança iniciada aos 16 anos. “Tudo começou com o movimento da juventude. Hoje construímos esse espaço, vocês são Coiab. Tenho 30 anos e muitos deles foram de luta. Aproveitem as oportunidades, vivam a adolescência com responsabilidade. Valorizem cada momento aqui na assembleia.”

Lázaro Wapichana, 24 anos, atualmente atuando na Funai/RR, destacou a importância do momento formativo vivido pelos jovens presentes. “Nunca imaginei estar numa instituição como a Funai. Vocês não estão perdendo aula à toa. Este é um espaço de diálogo e construção. Vocês têm capacidade de ocupar essas instituições, basta manter a essência de vocês.” Ele finalizou dizendo: “Valorizem cada passo e conquista com suas famílias. Vocês são capazes de realizar seus sonhos. Não desistam.”

Lucas, do povo Wapichana, da comunidade Taxi, região do Surumu, tem 25 anos e ocupa a suplência no CNPI. Ele reforçou a importância do engajamento juvenil. “Admiro os trabalhos que fazemos no CNPI. Tratamos de políticas públicas para nossas comunidades. Sou fruto da base, formado pelas minhas lideranças. O conhecimento adquirido aqui é gigante e deve ser usado para ajudar o nosso povo. Hoje estou no CNPI; amanhã pode ser qualquer um de vocês.”

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Participantes da mesa de plenária. (Fotos: Divulgação- CIR).

O vice-tuxaua do CIR, Paulo Ricardo, do povo Macuxi, 23 anos, da região da Raposa, falou sobre os sacrifícios feitos para assumir responsabilidades maiores. “Tivemos que renunciar a muitas coisas para estar aqui, até sonhos da família. Mas, se você quer algo grande, tem que renunciar a algo grande. As responsabilidades começam com a gente mesmo, com sinceridade e respeito próprio.”

Raquel Wapichana, coordenadora do Departamento da Juventude, encerrou com um chamado à resistência e à persistência. “Nossa missão é muito grande. Este ano é um ano avaliativo. Nunca abaixei a cabeça para nada. Estar à frente do departamento é uma responsabilidade imensa.”

O segundo dia iniciou com falas inspiradoras e dinâmicas que promoveram integração, fortalecimento coletivo e reflexão sobre o papel fundamental da juventude indígena na construção de um presente e futuro representativo.

Fotos: Charles Taurepang- ASCOM/CIR, Wey Tenente, Kamilla Krislayne, Denismar Batista e Gleydson Luan- Rede Wakywaa: Amajari, Serra da Lua, Baixo Cotingo e CIFCRSS.

Fonte: https://cir.org.br/post/juventude-indigena-debate-protagonismo-e-resistencia-no-segundo-dia-de-programacao