Liderança Enock Taurepang e o Cacique Birac Brasil
Como forma de intercâmbio, em busca de obter novas experiências e conhecimentos, o vice-coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Enock Taurepang, esteve fazendo uma visita ao povo Yawanawá. Entre os dias 16 e 19 de janeiro, a liderança esteve junto com Biraci Brasil Júnior, cacique da aldeia Nova Esperança, que fica localizada no Terra Indígena do Rio Gregório, no município de Tarauacá, no estado de Acre.
Enock Taurepang conta que a vivência na aldeia Nova Esperança foi muito importante, pois conheceu a realidade do povo Yawanawá. Ele enfrentou uma longa viagem de três dias, desde a saída de Boa Vista-RR. Incluindo viagens aéreas, terrestres e de barco com duração de 4 horas até a aldeia. Vivenciou a forma de organização, como trabalham a sustentabilidade, política indígena, educação, saúde e cultura espiritual.
Destacou ainda o importante trabalho do cacique Biraci Brasil dentro da comunidade. Como por exemplo, a criação do centro Isku Vakehu, que vai trabalhar a valorização da língua, da crença, do ritual e das danças dos Yawanawá. Além de trabalhar em um outro espaço para receber grandes apresentações, a Arena da Queixada. Outro ponto interessante, foi o intercâmbio de lideranças de outros povos que tem interesse na questão do reflorestamento.
“Achei interessante essa junção das lideranças, um ajudando o outro. Vi a questão da medicina tradicional, que nesse período de pandemia, principalmente o chá que pude experimentar. Tive também o privilégio de participar da cerimônia de conexão e limpeza espiritual, na qual me fez muito bem, isso foi um dos motivos pelo qual fui até lá”, disse Enock.
Junção de lideranças indígenas
Além disso, destacou a importância da reativação do Centro Amazônico de Formação (CAF), local onde conheceu o líder Biraci Yawanawá. O centro ele proporciona a convivência e a formação de uma família feitas por lideranças e isso é importante no movimento indígena. É importante estarem conectados, expandir o conhecimento e a irmandade. Através das trocas de experiências pode alcançar objetivos maiores como movimento indígena.
“O Biraci foi uma liderança que estudou junto comigo no CAF e desde 2010 nunca nos separamos, sempre continuamos conectados, cada um vendo o crescimento do outro. Por isso a importância do CAF em retomar essas atividades, pois o centro é muito importante na formação de lideranças. Nesse ano, é bem provável que eu volte lá com o povo Yawanawá com um grupo de jovens pra levar sementes tradicionais e para pegar mais conhecimentos e outras coisas mais”, ressaltou.
Biraci Júnior, é filho do cacique Biraci Brasil Yawanawá, liderança histórica do Acre, com uma expressiva projeção. Ele é um dos líderes indígenas responsáveis pelo renascimento dos saberes, dos rituais de propriedades de cura e da conquista da importância do pajé. Hoje, o cacique Iskukua, como é conhecido, carrega os saberes do pai. Ele destaca a importância da visita realizada pelo Enock Taurepang.
“Recebi a visita do grande irmão e amigo, Enock Taurepang, que ficou alguns dias aqui na minha comunidade trabalhando junto com a gente e também participou de um ritual especial e muito forte. Trazendo essa energia da floresta, de cura, de limpeza e de revitalidade. Para mim foi uma grande honra recebê-lo em minha aldeia e cuidar um pouco dele. Ele que faz um trabalho muito importante em Roraima, cuidando de outras comunidades, lideranças e povos”, comentou.
Implantando o projeto Aliança Reflorestar na Terra Indígena
O cacique Biraci Júnior, é uma liderança que busca alternativas sustentáveis para manter sua comunidade. Umas das principais fontes do povo é o artesanato e vivências de retiros que fazem. Além do trabalho do etno-turismo recebendo as pessoas, visitantes de outras partes do país. As pessoas vão vivenciar na Amazônia, dentro da aldeia Yawanawá.
“Muitos vem vivenciar os conhecimentos tradicionais, dos cantos, as medicinas tradicionais, cerimônias e rituais que nós fazemos. Esses últimos dias, trabalhamos implantando o projeto Aliança Reflorestar. Na qual estamos reflorestando parte da minha comunidade que foi feita roçado que se tornou capoeira. Estamos revitalizando, para trazer um solo mais produtivo e também plantando árvores frutíferas em torno da aldeia para ter comida aos animais e para nós”, destacou.
Biraci Yawanawá agradeceu o presente levado por Enock Taurepang, sementes tradicionais da rede de sementes Zamaka Ydai, como: arroz, feijão e milho. Agora o cacique pretende visitar Enock Taurepang para conhecer a realidade do trabalho, o modo de viver e conhecer as comunidades indígenas de Roraima.
“Para mim foi uma honra e privilégio recebê-lo aqui, compartilhar um pouco desses trabalhos e desse projeto. Ele viu um trabalho que estou iniciando, um centro de estudos tradicionais para o povo Yawanawá, onde vai ser uma escola para onde vamos estar levando as crianças, jovens para estudar as línguas, as plantas e muitas outras matérias que existem na floresta. O Enock pôde vivenciar tudo isso e trouxe um grande presente para gente, que foram várias sementes aí da região que vive. Foi emocionante esse momento de fazer essa troca e receber esse presente aqui para nossas terras. Então para mim foi um grande privilégio receber o irmão, grande guerreiro de luta em prol dos povos indígenas”, finalizou o cacique.
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