O estado precário da edificação da escola municipal e estadual da Comunidade Indígena Homologação, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, município de Normandia demonstra o absoluto descaso do poder público com os povos indígenas. Não é nenhuma novidade que a educação escolar indígena de Roraima anda esquecida e abandonada pelo poder público do estado e município. A falta de estrutura das escolas é uma realidade, que coloca em risco o ensino aprendizado dos alunos e a saúde dos estudantes, professores e pessoal de apoio.
A maioria das escolas foram construídas pelos próprios moradores da comunidade, como é o caso da escola da comunidade Homologação, localizada a 120 km da capital Boa Vista, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, município de Normandia. Nesse período chuvoso, a única casa que atende alunos da rede municipal e estadual, a parede desabou, prejudicando ainda mais o andamento das aulas. Os alunos foram transferidos para uma sala do posto se saúde, que atenderá alunos da rede municipal de 1º período ao 5º ano e da rede estadual de 7º ano ao ensino médio.
O tuxaua Nelino Galé, registrou a situação da escola e o acesso até sua comunidade. Além de construírem a própria escola, os moradores também têm tentado melhorar o acesso à comunidade colocando pedras para que os veículos não atolem na passagem pelo igarapé e assim ajudar alunos de comunidades vizinhas. Porém, mesmo diante de tantos esforços, isso não tem sido suficiente e por isso cobra uma solução urgente.
“É muito difícil nossa situação, nós temos a escola estadual e municipal no mesmo local. Tem vários locais improvisados onde os professores estão dando aula, seja do estado ou do município. Onde está o recurso destinado para a construção de escolas?” questionou tuxaua Nelino.
Professor desde 1993, Telmo Ribeiro, do povo macuxi, e referência na educação indígena, disse que a situação desta escola é o descompromisso do poder público. “Da mesma forma existem dezenas e dezenas de escola que passam por essa situação. Mas em meio de comunicação o gestor público estadual diz que educação é prioridade é de qualidade, os fatos mostram que não é assim”,declarou.
Em meio ao descaso com a educação escolar indígena os pais de alunos se reúnem e constroem pequenas casinhas para que o professor (a), possa exercer sua função. “Em todos esses anos mostramos resistência a esse descaso com nossas crianças e tudo aqui quer for bom para o bem das crianças o resiste e estamos enfrentando o desafio. Enquanto haver esperança haverá resistência”, finalizou o professor.
A Escola Estadual Indígena Arlindo Gastão de Medeiros, atende 49 estudantes do 6º ano do ensino fundamental e médio. Já a Escola Municipal Indígena Damásio José Raimundo, também atende 49 alunos do 1º ao 5º ano. Ambas necessitam de medidas urgentes para que as crianças e adolescentes possam continuar estudando na educação formal e tendo o seu direito à educação, à dignidade e à cidadania respeitados.
Fonte: https://cir.org.br/site/2022/07/22/liderancas-denunciam-falta-de-estrutura-em-escola-na-comunidade-indigena-homologacao/
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