Para discutir a implementação do Fundo Indígena Rutî, uma iniciativa voltada para apoiar, fortalecer e potencializar a produção sustentável das comunidades indígenas em Roraima, iniciou hoje(17), em Boa Vista, o encontro com as lideranças indígenas de onze regiões, que são base do Conselho Indígena de Roraima (CIR). Com o nome Rutî, que na língua indígena Macuxi significa jamaxim, a iniciativa foi aprovada na 53ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, realizada em março deste ano.
O encontro que segue até amanhã, 18, tem como principais objetivos apresentar às lideranças informações e esclarecimentos sobre a iniciativa, colher contribuições e definir um cronograma de funcionamento do Fundo Rutî. O início da implementação está prevista para começar em 2025, com o lançamento do primeiro edital que apoiará três linhas, regionais, comunitárias e familiares.



Durante o encontro, as lideranças destacaram como objetivo do Fundo, fortalecer e potencializar a produção sustentável das comunidades indígenas, principalmente as iniciativas que já existem, como a produção bovina, agrícola, artesanato e outras produções existentes nas suas comunidades.
Para a implementação, foram definidas cinco modalidades temáticas que devem subsidiar a iniciativa: fortalecimento da economia indígena; implementação dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PGTA); soberania alimentar; emergência climática; e participação econômica dos jovens e das mulheres.
Na abertura do encontro, o vice-Tuxaua Geral do CIR, Enock Taurepang, que desde o início acompanha o processo de construção, destacou a atividade como a realização e concretização de um sonho, fortalecendo a autonomia e a sustentabilidade das comunidades indígenas.
“ O Fundo Indígena Rutî é o sonho das comunidades indígenas, é o sonho dos meus pais, foi o sonho dos meus avós e hoje a gente vem para concretizar. A gente vem para fortalecer o que a gente é, a gente vem para ter essa autonomia tão sonhada dentro dos nossos territórios, na questão econômica, na questão principalmente alimentar, de tirar das nossas mesas a alimentação industrializada, de colocar o que é nosso, de colocar a nossa comida, a nossa medicina e de colocar tudo o que a gente foi um dia”, destacou.
A iniciativa também atenderá projetos das mulheres indígenas, que também estão em suas comunidades trabalhando a produção sustentável e outras iniciativas, como pontuou a coordenadora regional das mulheres do Alto Cauamé, Valterlina de Souza, que o Fundo vem para potencializar a sustentabilidade. “A gente hoje, vendo as nossas lideranças aqui, com um olhar muito brilhante, vendo esse fundo com bons olhos, porque ele vem para potencializar a nossa sustentabilidade”.
A coordenadora do Fundo Indígena, Josimara Baré, frisou que o encontro é um processo de escuta e consulta às lideranças para validar o que já foi construído desde 2023. “Esse momento é um momento muito importante de diálogo, escuta e consulta às lideranças, para que a gente tire esse fundo do papel, que é um sonho tão importante para o Conselho Indígena de Roraima”, frisou.
Como experiência, no primeiro ano(2025), o Fundo deve apoiar projetos com estimativa de R$25 mil, R$50 mil e de R$150 mil.
O Fundo atenderá as regiões que são base do Conselho Indígena de Roraima (CIR). O encontro conta com o apoio institucional do Instituto Internacional de Educação do Brasil ( IEB), com recursos da USAID, e da Embaixada Real da Noruega (ERN), parceira da organização há mais de 20 anos.
Este ano, em mais uma parceria consolidada, a USAID por meio do Projeto “Nossa Terra, Nossa Mãe”, vem apoiando iniciativas que fortaleçam cada vez mais a gestão dos territórios e conservação da biodiversidade, e a proteção das terras indígenas.
O projeto envolve a parceria, além do IEB, o Instituto Terra Brasilis (ITB) e a Operação Amazônia Nativa (OPAN).

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