No primeiro dia do Acampamento Terra Livre Roraima 2025, o Movimento Indígena recebeu o desembargador Almiro Padilha, vice-presidente do Tribunal de Justiça de Roraima, e o coordenador do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do TJ/RR (GMF), além de Luís Lanfred, juiz auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Na ocasião, foi feita a leitura da carta do Movimento Indígena de Roraima, que destaca as demandas dos povos indígenas, em especial a PEC 48, proposta de autoria do senador Hiran Gonçalves, e a Câmara de Conciliação, que teve os trabalhos prorrogados até 25 de junho.
Nas falas, as lideranças explicaram o motivo da mobilização.
“A nossa mobilização tem a finalidade de lutar contra o marco temporal. Nós não aceitamos a forma como o Congresso age contra os direitos dos povos indígenas. Nosso território está destruído pelo garimpo ilegal, rios e peixes poluídos. Queremos que os senhores levem o nosso recado ao ministro Barroso, para que não deixe a Constituição ser violada. Além disso, queremos uma audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal”, reforçou Amarildo Macuxi, Tuxaua Geral do Conselho Indígena de Roraima.

O desembargador Almiro Padilha lembrou do caso Ovelário Tames Macuxi, fazendo referência à violação de direitos sofrida pelo indígena Macuxi na década de 90, e aos esforços que o Tribunal de Justiça de Roraima tem feito em prol dos povos indígenas.
“Estamos em um local de muita resistência, aqui na Praça Ovelário Tames Macuxi, jovem que morreu por ter seus direitos violados pelo Estado brasileiro”, lamentou o desembargador.
Após ouvir as lideranças indígenas, Luís Lanfred, juiz auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça, que veio a Roraima participar do lançamento do mutirão de atendimento a indígenas privados de liberdade, reforçou que levará as reivindicações do Movimento Indígena às autoridades em Brasília.
“Estar hoje aqui, diante dessa manifestação cultural e de resistência, me toca muito. Esse movimento não é só de Roraima, é uma voz nacional, e isso vai se projetar em Brasília, porque eu vou levar o documento com as reivindicações de vocês, e espero que o presidente do STF atenda o pedido de audiência”, expressou o juiz.

Kelliane Wapichana, Tuxaua Geral do Movimento de Mulheres Indígenas, reforçou que os direitos indígenas são inegociáveis, fazendo questionamentos às autoridades presentes.
“O nosso direito é inegociável. Eu faço essa pergunta: até quando vamos ser massacrados? Até quando vamos sair do nosso território para lutar por nossos direitos? Até quando? Por isso, peço que levem o nosso recado ao ministro Gilmar Mendes, para que ele reflita. Somos crianças, mulheres, jovens, anciões, homens em defesa dos direitos”, finalizou a Tuxaua.
Ao final, os jovens entregaram colares de sementes, artesanatos feitos pelas mãos das mulheres indígenas — um símbolo de resistência de quem protege o território.
O V Acampamento Terra Livre em Boa Vista segue até esta sexta-feira, 09.
Fotos: ASCOM- CIR.
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