O evento, promovido pelo Departamento de Gestão Territorial Ambiental e Mudanças Climáticas do Conselho Indígena de Roraima (CIR), iniciou dia 15 de agosto, com a participação de aproximadamente 100 lideranças representantes das dez regiões do estado. As mudanças climáticas estão causando impactos severos no Brasil, com secas intensas, chuvas excessivas, queimadas e enchentes. E essas mudanças impactam diretamente a vida dos povos indígenas.
“O tempo mudou, o inverno está curto e o verão longo, na minha região o tempo já não é mais frio como antes”, o relato da professora Ludernilda André, da comunidade Caraparu I traz os impactos sofridos na região Serras, T.I Raposa Serra do Sol.
“Nas comunidades da região Serras, mais uma vez a situação será ruim, o inverno já está acabando, os moradores esperavam um clima que era permanente da região, um friozinho que saia debaixo da terra, porém, não aconteceu esse ano, a chuva esperada não aconteceu, e com isso a plantação das sementes tradicionais ficou ruim. Antes de vim para cá teve uma forte chuva que destruiu as roças dos nossos parentes, lamentou a professora.
Participando pela primeira do debate, Ludernilda afirma que todo conhecimento será compartilhado com os alunos, que serão os multiplicadores dessas informações. A professora reforçou que os povos indígenas, protegem e preservam o meio ambiente, o plantio das roças, a caça e a pesca são feitas com respeito à natureza de maneira tradicional.
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Ludernilda afirma que todo conhecimento será compartilhado com os alunos, que serão os multiplicadores dessas informações. Fotos: Ascom/CIR
Durante os dois dias de evento, foram abordados temas importantes como as estratégias de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) no estado de Roraima, salvaguardas ambientais, justiça climática e o papel das mulheres indígenas. Outros tópicos incluíram o REDD jurisdicional e as dinâmicas do mercado de carbono. A participação dos povos indígenas na Conferência das Partes (COP 30), programada para ocorrer no Brasil em 2025, também foi discutida.
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Lideranças indígenas das regiões participam desse importante seminário. Fotos/ Ascom/CIR.
O seminário teve a colaboração de Patrícia Zuppi, indigenista e gestora de projetos socioambientais, que desde 2017 coordena os eixos temáticos de ações da Rede de Cooperação da Amazônica (RCA) em incidência climática e gênero, ela abordou a linha do tempo referente às mudanças climáticas.
“A preservação das florestas e dos biomas, são ações que podem amenizar os impactos da mudança climáticas, é preciso fazer isso em coletividade para reverter o aquecimento do clima. não é uma coisa fácil, isso exige dinheiro, ao que parece ninguém quer parar de produzir para que isso ocorra, mas, é preciso e urgente, porque não temos como parar o aquecimento global, temos que pensar em ações para enfrentar tudo isso, pontuou Zupp.
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O seminário teve a colaboração de Patrícia Zuppi, indigenista e gestora de projetos socioambientais. Fotos: Ascom/CIR
O CIR se destaca por ser pioneiro nos estudos de casos sobre mudanças climáticas e é referência mundial nesse campo. Sineia do Vale, do povo Wapichana, coordenadora do DGTAMC, ponto focal sobre o assunto, destacou a importância de realizar o seminário, fazendo referência aos pontos abordados e a participação dos órgãos governamentais, que puderam ouvir as lideranças e apresentar as ações referente às políticas públicas sobre mudanças climáticas.
“O seminário é uma sequência dos trabalhos que nós estamos fazendo sobre a questão das mudanças climáticas ou a transformação do tempo como falamos. O CIR desde 2011 trabalha com os planos de enfrentamento às mudanças climáticas, esse seminário é para as lideranças saberem como as instituições governamentais estão lhe dando com isso, tanto a nível regional e internacional”, frizou Wapichana.
Sineia, lembrou das graves consequências ocorridas em 2023 nos territórios, ocasionadas pelas mudanças climáticas, como por exemplo as perdas de sementes de manivas devido à forte seca, e a falta de água em algumas comunidades. A coordenadora falou sobre o terceiro estudo de casos sobre mudanças climáticas que está sendo realizado na região Murupu, feito pelos Agentes Ambientais Indígenas (ATAI). Murupu é uma das regiões mais impactadas com a questão da seca.
“A gente vai ter a primeira mostra agora, porque eles estão apenas com três meses que começaram o estudo, e vão trazer as informações daquilo que eles perceberam, é provável que o estudo esteja pronto no final do ano. Ressalto que a pedido do Ministério dos povos indígenas, os estudos serão usados para subsidiar a reunião do plano de adaptação nacional, que está sendo organizado presencial para os povos indígenas de todos os biomas do país”, concluiu Sineia.
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Sineia do Vale, do povo Wapichana, coordenadora do DGTAMC, ponto focal sobre o assunto. Fostos: Ascom/CIR
Além deste, tem o estudo de caso da região Serra da Lua e da região Raposa, que traz a vivência e percepção dos povos indígenas, de cada região, principalmente na questão do aquecimento das águas, a escassez dos peixes regionais, devido ao aquecimento das águas. A troca de experiências e estratégias durante o seminário, vai possibilitar a construção de ações mais eficazes para amenizar os impactos das mudanças climáticas não só nas comunidades indígenas, mas, além do território.
O vento contou com a participação de e representantes de instituições como a Defesa Civil Estadual, Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (FEMARH), brigadistas, FUNAI Roraima, Organização dos Professores de Roraima (OPIRR), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Diocese de Roraima e outras organizações.
O primeiro seminário de 2024 sobre “Povos Indígenas, Mudanças Climáticas e as Políticas Públicas”, foi realizado com apoio do Instituto Clima e Sociedade, Nia Tero, Fundação Amazônia Sustentável, e Fundação Rainforest.
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