Entre os dias 09 e 19 de setembro de 2023 uma delegação composta por representantes das organizações indígenas Wyty Cate, COAPIMA, AMIMA e indigenistas do CTI e ISPN participou de uma série de atividades junto à organizações e povos indígenas no Estados Unidos.

A viagem teve como objetivo o aprofundamento das relações entre povos indígenas do Maranhão e Tocantins e indígenas dos Estados Unidos. Resguardadas todas as diferenças do contexto atual e histórico e das bases legais sobre as quais estão assentados os direitos desses povos, há desafios comuns na gestão dos territórios e proteção de seus recursos. Além disso, do ponto de vista dos dirigentes das organizações indígenas, a viagem foi uma oportunidade de formação e crescimento para sua atuação na luta pela defesa dos direitos indígenas.

A primeira parte da viagem foi dedicada à participação da Conferência Regional da Native American Fish & Wildlife Society (NAFWS)organização indígena norte americana fundada no início da década de 1980 que funciona como uma rede nacional de comunicação, assistência técnica e troca de informações sobre a proteção dos recursos naturais, em especial a vida silvestre. De acordo com a NAFWS, os povos indígenas reconhecidos legalmente nos Estados Unidos ocupam uma vasta área, somando mais de 50 milhões de hectares, sendo importantes atores na proteção do meio ambiente. Há uma diversidade enorme de povos e uma forte luta pela garantia de direitos, recuperação de territórios tradicionais ou reconhecimento de direitos relacionados ao manejo dos recursos naturais por meio de acordos e tratados com o governo.

A NAFWS atua nas 07 regiões dos EUA, com mais de 200 povos indígenas. A conferência regional, foi realizada na cidade de Sault Saint Marie, no estado do Michigan, sendo recepcionada pelo povo Chippewa no Kewadin Sault Ste. Marie Hotel e Centro de Convenções, de propriedade dos indígenas. Reuniu povos nativos norte americanos da região dos Grandes Lagos (ao norte dos EUA) e foram debatidos vários temas relacionados à proteção e gestão dos recursos naturais. A delegação dos indígenas brasileiros acompanhou mesas de discussão relacionadas à vida silvestre, pesca e mudanças climáticas. Foi no âmbito dessas sessões que a delegação brasileira teve um espaço para apresentação do contexto dos povos indígenas do Brasil e dos desafios enfrentados na gestão de seus territórios.

A segunda parte da viagem foi dedicada à uma visita ao povo de Tamaya ou povo de Santa Ana, no Novo México, ao longo do rio Grande. Com aproximadamente 900 pessoas, os Tamaya possuem duas terras indígenas, uma reconhecida por meio de tratados com o Governo a partir de muita resistência e outra que foi adquirida pelos indígenas em 2016, por meio de recursos próprios. São mais de 800 pessoas que vivem nesse território, e parte deles fala a língua Keresan. Os Tamaya, assim como os demais povos dos Estados Unidos, têm soberania sobre seu território, isto é, possuem autonomia para aplicar suas próprias leis e conduzir seu orçamento, por exemplo. O seu governador, é um intermediário importante entre seu povo e o mundo exterior. O cacique, é o cargo mais sagrado e é responsável por nomear os principais cargos e cuidar da parte ritual de seu povo. Além disso, eles se dividem em uma série de departamentos que asseguram a proteção e gestão dos seus territórios.

A agenda nos Estados Unidos é desdobramento da visita e participação de indígenas norte americanos no seminário “Diálogos Indígenas sobre Proteção Territorial”, realizado pelo CTI em novembro de 2022, e se deu no âmbito da parceria com a organização indígena norte americana Native American Fish & Wildlife Society e as agências U.S Fish & Wildlife Service e International Technical Assistance Program – ITAP.

Fonte: https://trabalhoindigenista.org.br/intercambio-povos-indigenas-brasil-eua/

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