Após três anos de trabalho conjunto, está disponível o livro Ka’aguy rupa nhangareko – Nosso jeito de cuidar da vida nas matas, que traz o Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) da Terra Indígena Nova Jacundá, do povo Guarani no município de Rondon do Pará (PA).
O documento foi elaborado pela comunidade guarani, com a participação do Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e parceria da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), em projeto apoiado pelo Fundo Amazônia do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).
Com todas as dificuldades decorrentes da pandemia de Covid-19, o evento de lançamento do livro foi um momento muito aguardado pelos Guarani de Nova Jacundá.
A comunidade recebeu visitantes de diferentes regiões da Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Estiveram presentes os parentes guarani e do povo Gavião que vivem na TI Mãe Maria (PA), parentes que vivem junto aos Karajá, na TI Xambioá (TO), em Goiânia (GO) e parentes que moram em áreas urbanas em Cocalinho (MT), estes últimos em situação de extrema vulnerabilidade após terem sido expulsos violentamente de sua terra de ocupação tradicional, há dez anos atrás. Pela Comissão Guarani Yvyrupa, esteve presente a coordenadora Kerexu Yxapyry, da TI Morro dos Cavalos (SC). Os parceiros não indígenas do CTI e outros parceiros locais também participaram do momento especial para a comunidade.
Além das ideias e propostas de gestão territorial e ambiental da TI Nova Jacundá, o livro também registra a história desse grupo que, a partir dos anos 1930, iniciou o seu percurso rumo ao Norte do país, uma trajetória diferente da maior parte das comunidades guarani que habita as regiões Sul e Sudeste.
Durante o encontro, o livro passou por um ritual de benzimento na Opy (casa de reza), seguido de cantos e danças do povo Guarani, da exposição de pinturas e artesanatos, e dos jogos e brincadeiras esportivas.
As lideranças locais e convidadas falaram sobre a articulação das organizações indígenas e a importância da participação das mulheres na defesa do território e dos direitos dos povos indígenas.
Compartilharam também os desafios e pressões territoriais e ambientais – como o desmatamento, as queimadas e os empreendimentos – enfrentados nas diferentes localidades onde vivem, seja em Terras Indígenas ou em contextos urbanos.
Para os Guarani da TI Nova Jacundá, a maior preocupação é a seca que passou a assolar o Igarapé Jacundá durante os meses de verão, deixando a comunidade sem água durante parte do ano, além de acelerar a erosão de suas margens e o assoreamento de seu leito.
A construção do Plano de Gestão Territorial e Ambiental foi concebido e projetado para ser realizado a partir das próprias formas guarani de organização e alianças. Foi destacado como sendo o início de um novo caminho para criar melhores condições para a existência da geração de Jaxuka, Kuaray, Pará, Karay, Werá, Tantantin, Nhamandu, Nhundju e todas as gerações futuras.
Fonte: https://trabalhoindigenista.org.br/pgta-nova-jacunda/
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