Por Tiago Kirixi
Entre os dias 17 a 20 de julho, foi realizada a 17a Grande Assembleia do Povo Terena na Aldeia Bananal, localizada na Terra Indígena Taunay Ipegue, município de Aquidauana (MS). O encontro reuniu anciãos, anciãs, mulheres, homens, caciques, lideranças, professores, professoras e diversos profissionais Terena, além de representantes dos povos Guarani, Kaiowá, Kadiwéu e Kinikinau.
A Assembleia do Povo Terena tem como objetivo debater questões relacionadas à demarcação das terras indígenas e a construção de políticas públicas voltadas à saúde, educação, políticas para mulheres indígenas, juventude e sustentabilidade, além de promover a visibilidade e potencializar a voz dos povos indígenas do Pantanal e Cerrado no Mato Grosso do Sul.
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A abertura foi marcada por uma recepção cultural aos convidados e autoridades presentes. Na ocasião, as lideranças Terena enfatizaram a importância da assembleia para a defesa dos direitos e para o debate de temas fundamentais dentro de seus territórios.
“A assembleia busca fortalecer a voz indígena na formulação de políticas que atendam às necessidades específicas das comunidades, consolidando um espaço de articulação e reflexão sobre os desafios e oportunidades para o futuro das populações Terena e demais povos indígenas no Brasil”, enfatizaram as lideranças do Conselho do povo Terena.
Marco Temporal
A Lei 14.701/2023, que instituiu o Marco Temporal para a demarcação de terras indígenas e outras violações à constituição e aos direitos indígenas, aprovada no final de 2023 no Congresso Nacional e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 48/2023, foram temas de debate durante a programação da Assembleia Terena.
Nas mesas “Território (Conjuntura Política Nacional)” e “MPI, Bancada do Cocar e Parlamentares Indígenas”, lideranças e convidados discutiram os desafios enfrentados pelos povos indígenas no Brasil e destacaram que a Lei que instituiu o Marco Temporal é uma das maiores ameaças às populações originárias.
De acordo com as lideranças do Conselho do Povo Terena e convidados, a Lei tem causado insegurança física e jurídica para os povos indígenas e instaurado uma situação de conflitos e invasões em vários territórios pelo país. Na oportunidade, a equipe da Funai explicou que há uma paralisação dos processos de demarcações dos territórios indígenas, entre eles, as terras indígenas do povo Terena, em razão da Lei em vigor.
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Outro tema bastante debatido foi a da PEC 48, que segundo as lideranças e convidados, têm gerado um aumento significativo na insegurança jurídica e caso seja aprovada, a vida dos povos indígenas estará ainda mais em risco. Nomeada pelos povos indígenas como PEC da Morte, a PEC 48 pretende alterar a Constituição Federal fixando um marco temporal para a ocupação das terras indígenas em 05 de outubro de 1998.
Por fim, as lideranças e caciques Terena reafirmaram o compromisso de continuar lutando em sintonia com o movimento indígena nacional contra todos os retrocessos dos direitos originários, integrando a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), juntamente com as demais organizações de base do movimento indígena.
Educação e saúde
A saúde e a educação dentro dos territórios Terena foi tema de debate também na assembleia. Lideranças, caciques, e profissionais que atuam nos temas debateram questões importantes para melhorar e proporcionar melhores condições de saúde e educação para todas as aldeias do povo Terena do Mato Grosso do Sul.
Na oportunidade, os professores e lideranças terenas debateram sobre a educação escolar indígena e principalmente sobre a criação da Universidade Indígena no país. Uma proposta que visa uma educação diferenciada para os povos indígenas de todo o país.
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A criação da universidade indígena é uma demanda antiga dos povos indígenas, a demanda foi apresentada ao governo Lula ainda na transição de governo, no final de 2022, como prioritária para fortalecer a educação indígena no país.
Em relação à saúde, os caciques e lideranças Terena pediram que o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Mato Grosso do Sul seja fortalecido para utilizar as medicinas tradicionais nos tratamentos de saúde dos indígenas e que seja fortalecida e ampliada a equipe técnica do Saneamento, de modo que a instituição possa avançar com o atendimento das comunidades indígenas.
Agentes Ambientais Terena
Durante a programação da assembleia, os agentes ambientais Terena entregaram ao deputado estadual do Estado de Mato Grosso do Sul, Pedro Kemp, um documento solicitando o reconhecimento da categoria dos agentes ambientais como atuantes dentro de suas terras indígenas com o objetivo de realizar um trabalho mais efetivo no combate a destruição da natureza, e no processo de educação ambiental e valorização dos territórios e conhecimentos ancestrais.
A formação dos agentes ambientais Terena foi uma iniciativa desenvolvida no âmbito da parceria do Conselho do Povo Terena e o CTI para fortalecer a gestão territorial e ambiental das terras Terena. Para a realização das atividades também contou-se com a cooperação da Funai, Ministério dos Povos Indígenas e Organização Caianas; bem como com o financiamento da Fundação OAK, Programa Copaíbas e Embaixada Real da Noruega.
Iniciada em 2022, a formação dos agentes ambientais Terena contou com a realização de três módulos de aula presenciais: 1. direitos e legislação indigenista; 2. conhecimento e gestão do território e 3. metodologias de pesquisa. Além desses conteúdos, os agentes ambientais contribuíram ativamente para a realização do etnomapeamentos das Terras Indígenas Buriti, Cachoeirinha e Taunay-Ipegue, como etapa fundamental da construção dos seus PGTAs.
Fonte: https://trabalhoindigenista.org.br/povo-terena-realiza-17assembleia/
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