Maior ideólogo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile considerou que o presidente Jair Bolsonaro cometeu um suicídio político ao vivo ao se manifestar, em pronunciamento feito na noite de terça-feira (24), contra as medidas de proteção à saúde da população, como o fechamento do comércio e escolas e a restrição a circulação de pessoas. “Ele não tem mais condições, sob o ponto de vista político, de estar onde está”, afirmou, em entrevista ao vivo ao Brasil 247, transmitida na tarde desta quarta-feira. “Quem comanda o país agora é a unidade entre todos nós”.

Stédile destacou a importância da união de todos os governadores para enfrentar o governo federal e manter as medidas para evitar a rápida expansão do coronavírus em território nacional. “Foi um movimento que começou com os governadores do Nordeste, que já estão organizados por conta do consórcio, e se espalhou para todos, independentemente da questão ideológica”, disse.

Para ele, o momento é de superar as diferenças ideológicas para, antes de mais nada, preservar vidas. Em seguida, garantir renda para toda a população. Superadas essas duas fases, somente então pensar em medidas para a recuperação da economia. “Fico muito feliz de ver alguém como o Henrique Meirelles, um ex-banqueiro do BankBoston, que agora é secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo, defender neste momento algo parecido”.

SONIA GUAJAJARA: ‘NÃO SÓ VULNERÁVEIS VÃO MORRER’

Logo após o pronunciamento, a coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sonia Guajajara, afirmou no Twitter que é um dever moral pedir o “fora Bolsonaro”: “Ninguém merece um presidente desses! Sua postura insana impõe um verdadeiro caos em toda a política de prevenção e combate ao coronavírus. Engana-se quem acha que essa irresponsabilidade vai matar somente grupos em situação de vulnerabilidade”, escreveu.

Sonia Guajara, da Apib. (Foto: Mídia Índia)

Pela manhã, Sonia — candidata a vice-presidente em 2018 pelo PSOL, na chapa de Guilherme Boulos — foi irônica para mais uma vez pedir a saída de Bolsonaro: “Essa noite eu tive um sonho. Sonhei que o Brasil tinha um presidente com poderes para acabar com a pandemia e que tudo não passou de histeria da imprensa. Acordei dentro de um pesadelo: o presidente é Bolsonaro e a pandemia só aumenta.”

Ao reforçar o pedido para as pessoas ficarem em casa, em mais um post no Twitter, Sonia voltou ao criticar o presidente. “Uma pessoa que só tem compromisso com o lucro e com a classe empresarial não é digno de merecer a nossa confiança”, afirmou. A afirmação veio com uma imagem onde estava escrito: “Não escute o presidente. Nossas aldeias continuam fechadas para visitas”.

LÍDER QUILOMBOLA DIZ QUE FALA REFORÇA ETNOCÍDIO

Coordenador nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Biko Rodrigues afirmou que as declarações de Bolsonaro reforçam o etnocídio contra a população negra. Ele afirmou que o presidente precisa ser afastado ou deixar o poder:

— Bolsonaro demonstrou, antes de ser eleito, que já não representava os quilombolas. Não era um presidente que queria trabalhar com quilombola. A fala dele  [no pronunciamento] reforça o etnocídio do negro, das pessoas que vivem nas comunidades urbanas, de situação de rua. A fala dele tem muita crueldade. Não imaginávamos que o presidente que deveria cuidar de seu povo colocaria o capital acima da população. Precisamos salvar o povo, depois a economia. O povo trabalha e compra. As comunidades quilombolas não têm assistência na saúde, Aliás, já não tinha, Agora vai ficar pior. Bolsonaro não tem condições de governar o País que tem diversidade social e étnica muito grande. Defendemos que ele saia do poder, seja pelo impedimento ou pela renúncia.

Foto principal: João Pedro Stédile, líder do MST. (ABI) |

 

 

Fonte: https://deolhonosruralistas.com.br/2020/03/25/lideres-do-campo-pedem-impeachment-renuncia-ou-um-comando-entre-todos-sem-bolsonaro/

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