Nos dias 22 e 23 de outubro de 2025, lideranças e representantes da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) esteve em Manaus (AM) participando do Fórum Socioambiental sobre Políticas Climáticas, evento que reuniu lideranças indígenas, representantes de governos, organizações da sociedade civil e instituições de pesquisa comprometidas com o futuro da Amazônia.

Com o tema “Desafios, oportunidades e perspectivas para a transição climática justa no Amazonas”, o Fórum foi promovido pelo Instituto Socioambiental (ISA), Memorial Chico Mendes e o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), em parceria com a FOIRN e o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam). A iniciativa buscou fortalecer o diálogo entre comunidades tradicionais, academia e gestores públicos sobre os caminhos possíveis para uma transição climática que seja, de fato, justa e inclusiva.
Protagonismo indígena na construção de políticas climáticas
resença da FOIRN foi estratégica para garantir que as discussões sobre políticas climáticas considerem as realidades, os direitos e os conhecimentos dos povos indígenas — fundamentais para a conservação da floresta amazônica e para o enfrentamento da crise climática global.
A delegação foi liderada pela Diretoria Executiva da FOIRN, composta pelo presidente Dário Baniwa, a vice-presidenta Janete Dessana e os diretores Carlos Piratapuya, Hélio Tukano e Edison Baré. Também participaram coordenadores regionais das cinco coordenadorias de base (CAIMBRN, CAIBARNX, COID, DIAWI e NADZOERI), além de representantes dos Departamentos de Educação e Juventude, da coordenação dos Agentes Indígenas de Manejo Ambiental (AIMAs) e do Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN).

Essa composição reafirma o compromisso da FOIRN com uma atuação articulada e representativa, envolvendo diferentes setores e territórios indígenas na defesa de políticas climáticas construídas de forma coletiva.
A voz dos territórios: experiências e desafios
Durante o evento, a vice-presidenta Janete Dessana participou da mesa temática “A Voz dos Territórios no Amazonas: Como os Projetos de Carbono Estão Chegando nas Comunidades?”, levando ao debate as experiências e preocupações das comunidades indígenas do Rio Negro frente à implementação de projetos ambientais em seus territórios.
Em sua fala, a Diretora Janete Dessana trouxe um alerta urgente sobre a chegada de projetos de crédito de carbono nas comunidades. Ela destacou que, em sua região da Coordenadoria das Organizações Indigenas do Distrito de Iauaretê (COIDI), essa chegada foi “de forma negativa”, citando uma “situação complexa vinda pelo lado da Colômbia, com algumas invasões no território brasileiro.” e enfatizou a importância da participação maciça da delegação para enfrentar esse novo cenário:

“Nós estamos com uma delegação grande… porque a gente precisa aprofundar mais, precisa estudar mais e, principalmente, ouvir os parentes que já têm experiência com esses projetos em outros territórios… É uma pauta difícil de entender, é verdade. Porém, com essas participações, a gente acaba aprofundando bastante e, assim, conseguiremos levar informações qualificadas e seguras para as nossas bases.”
Com a crescente regulamentação do mercado de carbono e dos Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) no Brasil, o Fórum serviu como espaço de reflexão sobre os impactos, desafios e oportunidades dessas políticas para os povos indígenas, comunidades quilombolas e extrativistas.
Floresta viva e conhecimento tradicional
As lideranças da FOIRN destacaram que os territórios indígenas são essenciais para o equilíbrio climático global, pois neles a floresta permanece viva e o conhecimento tradicional orienta formas sustentáveis de viver, produzir e conservar.

“Quando falamos de políticas climáticas, falamos da defesa dos nossos territórios e modos de vida.
Os povos indígenas do Rio Negro estão prontos para contribuir com soluções baseadas na floresta e no conhecimento tradicional”, afirmou Dário Baniwa, presidente da FOIRN.
Fortalecendo alianças e incidência política
O Fórum também foi um espaço importante de articulação política e fortalecimento de alianças entre os povos do Rio Negro e instituições parceiras. A participação da FOIRN ampliou a incidência indígena nas discussões sobre políticas ambientais e climáticas do Estado do Amazonas e do Brasil, reforçando o papel dos povos da floresta como protagonistas das soluções climáticas.

Ao final do encontro, a FOIRN reafirmou seu compromisso com uma transição climática justa, inclusiva e respeitosa dos direitos coletivos, além da defesa da autonomia, sustentabilidade e valorização cultural dos povos indígenas.
Com sabedoria ancestral e visão de futuro, a Federação segue firme na construção de estratégias conjuntas para enfrentar a crise climática, garantindo que as políticas públicas e os mecanismos de financiamento ambiental promovam benefícios reais e duradouros para quem cuida da floresta há milênios.
Assessoria de Comunicação: DECOM-FOIRN
Fotos: Rede De Comunicadores Indigenas do Rio Negro – REDE WAYURI
Comentários