Representante de cooperativa afirma que encaminhou ofício solicitando barco, mas não fazendo acusações a organizações que atuam na região.

O diretor-presidente da FOIRN, Marivelton Rodrigues Baré, e o diretor de referência do povo Baniwa, Dario Casimiro Baniwa, participaram de reunião na Comunidade Castelo Branco na Bacia do Içana no último final de semana. O objetivo foi fortalecer o diálogo e esclarecer sobre carta lida na tribuna do Senado no dia 2 de fevereiro e que foi atribuída a alguns moradores dessa comunidade.

Na ocasião, durante pronunciamento, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) mencionou carta de jovens lideranças indígenas Baniwa da comunidade de Castelo Branco na qual eles atacam organizações da sociedade civil e as acusam de tutelarem os indígenas e impedirem o desenvolvimento econômico.

Durante o encontro na comunidade Castelo Branco, a diretoria da Foirn foi informada por lideranças indígenas que a cooperativa local realmente encaminhou ofício para o senador, porém, o conteúdo foi a reivindicação de um barco para escoamento dos produtos da comunidade, o que não foi mencionado na carta lida.

“A nossa cooperativa, em processo de consolidação, propõe sim lutar e buscar realizar ações que melhorem a vida das famílias desta comunidade, porém, desconhecemos o conteúdo da carta. O que enviamos para o Senador Plínio Valério foi pedido de um barco. E está claro para nós aqui, que não apoiamos os projetos de leis mencionados na carta”, disse Silvio Benjamim.

Durante a reunião com a presidência da FOIRN, lideranças da etnia Baniwa informaram que foi um choque receber a informação sobre a carta em nome da comunidade. Lideranças locais, professores e comunitários foram unânimes em afirmar que, na data de assinatura do documento, não teve sequer reunião convocada para tratar sobre a carta em questão.

Diretor-presidente da FOIRN, Marivelton Barroso Baré reafirmou que a luta da federação é pelos direitos indígenas e por seus territórios, sendo o controle social um dos seus principais objetivos. Além disso, ele ressaltou que a FOIRN atua tendo como base as decisões coletivas.

“Como representante das organizações de comunidades indígenas do Rio Negro, é nosso dever buscar meios e recursos para implementar e realizar as demandas das comunidades, desde que sejam decisões coletivas e que busquem benefícios coletivos. Portanto, trabalhamos a partir das demandas das nossas bases”, afirmou Marivelton Baré.

Na viagem ao médio Içana, a equipe da FOIRN recebeu demandas das comunidades Castelo Branco e Nazaré, além de visitar a comunidade Assunção do Içana. Lideranças afirmaram que há ausência efetiva de políticas públicas na microrregião e cobraram a presença mais ativa das instituições.

NOTA

Em 3 de fevereiro, um dia após a leitura no Senado da carta citando a comunidade Castelo Branco, a FOIRN divulgou nota informando que a Nadzoeri, coordenadoria que representa os povos originários da calha do rio Içana e seus afluentes, desconhecia o conteúdo dessa carta feita por apenas uma das 85 comunidades e assinada por somente 50 pessoas, de uma população total de 6 mil indígenas que habitam a Bacia do rio Içana.

“Com isso, afirmamos que essa carta não representa os interesses do povo Baniwa e Koripako e sequer chegou ao conhecimento das suas lideranças tradicionais e de líderes eleitos e reconhecidos pelas organizações sociais e políticas do nosso povo”, diz a nota.

Ainda segundo o texto, os interesses de grupos empresariais que desejam explorar as terras indígenas sem passar pela consulta livre, prévia e informada parecem mover o senador Plínio Valério.

Leia a íntegra da nota: https://foirn.blog/2022/02/03/nota-de-esclarecimento/

Fonte: https://foirn.blog/2022/02/15/foirn-visita-comunidade-baniwa-fortalece-dialogo-e-esclarece-sobre-carta-lida-no-senado/

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