Claudia Ferraz Wanano, Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro/FOIRN

Ministrada pela turismóloga, Ana Gabriela Fontoura, consultora da associação GARUPA, a oficina ocorreu nos dias 10 e 11 de Setembro na comunidade de São Miguel e contou com a participação de representantes das comunidades de São Sebastião, São Luis e Cabari. Comunitários do Morro dos Seis Lagos também vieram dialogar sobre a possibilidade de criar um plano de visitação em seu território que dá acesso ao morro, local de extrema beleza e protegido como Parque Estadual, além de estar dentro da Terra Indígena (TI) Balaio. O treinamento contou com apoio da Foirn, Funai e do Instituto Socioambiental (ISA).

O foco da oficina foi discutir sobre o planejamento turístico, possibilidades de roteiro, proposta de orçamentos, o que os indígenas desejam com o projeto de turismo e quais são os princípios dessa modalidade de turismo comunitário indígena, que é inovadora. A intenção é construir junto com as comunidades opções de melhorias na qualidade de vida, geração de renda e bem viver para seus habitantes. A metodologia utilizada na oficina foi participativa, na qual os comunitários criaram em grupos propostas de ações e ideias de como dar continuidade ao projeto de turismo em suas áreas.

Lembrando que depois de 2015 quando a FUNAI lançou uma instrução normativa (IN 03/2015) sobre a visitação nas terras indígenas, passou a ser possível implementar projetos de turismo de base comunitária em terras indígenas. Por isso, as comunidades que têm interesse em entrar neste tipo de empreendimento, deve procurar capacitações para que estejam preparadas e estruturadas para receber visitantes e seja um trabalho coletivo, no qual todos estejam informados e possam participar, sobretudo, jovens e mulheres.

Miguel Baré, capitão da comunidade onde a oficina foi realizada, falou que “esse projeto de ecoturismo de base comunitária é muito importante porque isso irá servir como uma geração de renda para as comunidades participantes do projeto e isso será muito bom para todos”. Já Edivaldo Baré, liderança da Comunidade de São Sebastião, disse que foi muito bom estar presente na oficina para ter mais esclarecimento sobre o projeto, assim tendo uma visão melhor e aprendendo mais sobre turismo. Ele contou que vai levar mais informações sobre o assunto para a sua comunidade.

Organização e participação comunitária

E para aquelas comunidades indígenas que tenham interesse em trabalhar com turismo em suas terras é importante que as mesmas comecem a se organizar para elaborar o seu próprio plano de gestão de visitação e dar continuidade junto com os parceiros como a FUNAI, ISA, FOIRN e outros parceiros que a comunidade poderá ter.

Protásio Tukano, liderança da comunidade São Luis/Médio Rio Negro, disse que gostou muito de ter participado desta oficina e que se tudo der certo vai servir para os comunitários, filhos e netos futuramente. E ressaltou sua confiança de que este projeto de turismo pode trazer vários benefícios para a sua comunidade.

Participantes da oficina trabalham em grupo para definir roteiros turísticos nas terras indígenas (foto: Claudia Ferraz Wanano/Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro)

Jovens como Carlos Desano, da TI Balaio, afirmou que ter participado da oficina foi muito positivo e que levará informações de volta para a sua própria comunidade. O mesmo disse também que o projeto de turismo é um meio de sustento para a comunidade e que os jovens poderiam estar ajudando e colaborando de alguma forma para o desenvolvimento deste projeto de Turismo de Base Comunitária. Carlos acredita que essa poderá ser uma boa alternativa de renda para jovens como ele, que poderá tirar o seu sustento trabalhando em seu próprio território e respeitando sua cultura e meio ambiente.

Fonte: https://foirn.wordpress.com/2018/09/25/turismo-de-base-comunitaria-e-tema-de-oficina-com-indigenas-da-serra-do-cabari/

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