É fundamental fortalecer a representatividade de mulheres indígenas na política

Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

Entre os dias 11 e 13 de setembro, em Brasília, aconteceu a 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, com o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”.

O evento, que registrou a presença recorde de cerca de 8.000 mulheres, originárias de diferentes povos e biomas, teve o objetivo de conectar, reconectar e fortalecer a potência das vozes da ancestralidade que semeiam mentes e corações. São elas próprias sementes da terra. No encontro, foram debatidos os desafios e propostos novos diálogos de incidência na política indigenista do Brasil.

A marcha é organizada pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), que em janeiro, como parte dessa jornada de luta por direitos, realizou a Pré-Marcha das Mulheres Indígenas, com o tema “Vozes da Ancestralidade dos Seis Biomas do Brasil”, com a participação de mais de 200 mulheres, para debater a construção e a manutenção dos direitos e políticas públicas das mulheres indígenas.

Durante os últimos anos, com os inúmeros ataques contra os povos indígenas, pôde-se ver a resistência dessas mulheres diante do genocidio e do fascismo e a importância delas na luta pela democracia.
As mulheres indígenas ocuparam a política através da Bancada do Cocar, com 17 candidaturas representativas, que concorreram a mandatos de deputadas federais e estaduais. Fizeram história com a vitória de Sônia Guajajara e Célia Xakriabá, que hoje nos representam no Ministério dos Povos Indígenas e no Congresso.

Fortalecer a representatividade de mulheres indígenas na política é uma das estratégias para a garantia e o fortalecimento da democracia e de seus direitos.

“Por muitos anos a gente resistiu a ocupar a institucionalidade e ocupar governos. Agora, saindo de um período tão turbulento como o que tivemos, com pandemia e incitação de ódio contra os povos indígenas, nossa estratégia de luta foi de ocupar espaços, incluindo os políticos, lançando este recorte de Bancada do Cocar. Infelizmente, não elegemos nenhuma deputada estadual, mas vamos fazer esse compromisso de fortalecer a luta para conseguir eleger deputadas estaduais e aumentar o número de deputadas federais, vereadoras, prefeitas e governadoras “, disse a ministra Sonia Guajajara.

Para Josi Guarani, que tem 16 anos e esteve no evento, a “marcha das mulheres significa luta”. Josi disse ter se emocionado ao escutar o canto incansável dos povos que estavam ali e aprender sobre as leis de proteção às mulheres, ouvindo e aprendendo com histórias contadas pelas diversas mulheres de todas as idades que compartilharam suas experiências de vida e conhecimentos tradicionais umas para as outras.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/txai-surui/2023/09/as-indigenas-a-biodiversidade-e-os-biomas.shtml

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