Com 1 ano de idade, criança pesava 3 quilos; índigenas cobram ministério por suposto atraso em atendimento

 

MANAUS

Um bebê yanomami de cerca de um ano e peso de três quilos morreu na última sexta-feira (21) com quadro de desnutrição. A informação é do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-YY), que está cobrando do Ministério da Saúde esclarecimentos sobre um suposto atraso na remoção aérea da aldeia para Boa Vista (RR).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o peso médio para um bebê do sexo masculino é de 9,6 kg. Além do diagnóstico de desnutrição, a criança também apresentava olhos fundos e choro sem lágrimas.

Terra Indígena Yanomami (RR), alvo de operação da Polícia Federal contra garimpo ilegal
Terra Indígena Yanomami (RR), alvo de operação da Polícia Federal contra garimpo ilegal – Divulgação – mar.2021/Polícia Federal

A remoção do bebê foi solicitada às 16h53 de quinta-feira (20), de acordo com documento obtido pelo Condisi. Ele estava sendo atendido na comunidade Homoxi, na Terra Indígena Yanomami, e morreu no dia seguinte, às 12h29.

Em ofício ao Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) Yanomami, do Ministério da Saúde, o presidente do Condisi, Junior Hekurari Yanomami, questionou sobre a tramitação do pedido de remoção e sobre qual é a estratégia para o combate à desnutrição dentro do território indígena.

Reconhecidos pelo Ministério da Saúde, os Condisis fazem o controle social das ações do Dseis espalhados pelo país.

A crise na atenção à saúde yanomami ganhou visibilidade após a publicação da foto de uma menina de 8 anos com quadro grave de desnutrição. Ela pesava 12,5 kg, embora o peso médio para essa idade seja de 25 kg, segundo a OMS.

Transferida para Boa Vista em estado grave em abril, ela ganhou peso e está fora de perigo, embora continue internada, segundo a Folha apurou.

Com quadro de verminose e malária, criança yanomami dorme em rede na aldeia Maimasi, perto da Missão Catrimani, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
Com quadro de verminose e malária, criança yanomami dorme em rede na aldeia Maimasi, perto da Missão Catrimani, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. – abr.2020/Divulgação

Em entrevista recente, o assistente de enfermagem Tony Gino Rodrigues, do Dsei Yanomami, disse que há falta de estrutura de trabalho e de medicamentos para tratar malária e verminoses, problemas endêmicos, muitas vezes associados à desnutrição.

Procurado, o Ministério da Saúde não comentou sobre o caso do bebê morto com quadro de desnutrição. A pasta tem negado a falta de medicamentos para os yanomamis.

Relatório da Unicef divulgado em 2019 revelou que 81,2% das crianças yanomamis menores de cinco anos tinham baixa estatura para a idade, 48,5% apresentavam baixo peso, e 67,8% estavam anêmicas.

 

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2021/05/bebe-yanomami-morre-com-quadro-de-desnutricao-em-roraima.shtml

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