Episódio de violência em Puyo também teria deixado seis militares com ferimentos graves

QUITO | AFP

Em nova escalada de tensão em torno dos protestos contra a alta no preço dos combustíveis, autoridades do Equador afirmaram nesta quarta-feira (22) que 18 policiais estariam desaparecidos desde um ataque supostamente realizado por indígenas contra instalações militares em Puyo, a 260 km de Quito.

Além de alertar para os desaparecimentos, o ministro do Interior, Patricio Carrillo, afirmou que o episódio de violência deixou seis policiais feridos por “balas e com traumas graves”. De acordo com o governo, os manifestantes atearam fogo em veículos de patrulha com policiais dentro, depredaram instalações policiais no centro da cidade e provocaram incêndios em unidades bancárias.

As acusações foram feitas um dia depois de declarações enfáticas das Forças Armadas. Na terça (21), o ministro da Defesa, Luis Lara, afirmou que os atos colocam a democracia do Equador em “sério risco”.

O líder da maior organização indígena do Equador, Leônidas Iza, por sua vez, havia condicionado o fim do estado de exceção que rege províncias do país para a retomada do diálogo com o Executivo.

Diante das acusações que vieram à tona nesta quarta, o governo equatoriano se recusou, mais uma vez, a revogar o estado de exceção. A medida habilita o presidente a mobilizar as Forças Armadas para manter a ordem interna, suspender direitos dos cidadãos e decretar toque de recolher.

A Aliança de Organizações pelos Direitos Humanos diz que duas pessoas morreram em meio à repressão. Afirma, ainda, que ao menos 90 civis ficaram feridos e 55 foram levados pela polícia até terça. Já o governo afirma que, até domingo, ao menos 63 manifestantes ficaram feridos e 21 foram detidos.

As mobilizações são em grande parte puxadas pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), que também participou das ondas de protestos que levaram à queda de três presidentes entre 1997 e 2005. Os atos diários se espalham pelo país e ganham intensidade, em especial, na capital Quito.

Além dos preços da gasolina, os manifestantes protestam pela renegociação de dívidas dos trabalhadores rurais com bancos e contra o desemprego e a concessão de licenças de mineração em terras indígenas.

O preço do galão do diesel no país subiu 90%, chegando a US$ 1,90 (R$ 9,75), e o da gasolina, 46%, indo a US$ 2,55 (R$ 13) em um ano. Desde outubro passado, os valores estão congelados após pressão popular, mas a Conaie reivindica que eles cheguem a US$ 1,50 e US$ 2,10, respectivamente. ​

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, acusou o movimento indígena de querer o fim de seu governo. “Temos pedido diálogo, mas eles buscam o caos, querem destituir o presidente”, afirmou o mandatário.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/06/governo-do-equador-acusa-indigenas-de-ataque-que-deixou-18-policiais-desaparecidos.shtml

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