- Série veiculada no feed do Café da Manhã no Spotify levou o prêmio na categoria Produção Jornalística em Áudio
- Episódios investigaram morte de indígena de recente contato e revelaram provas que levaram a pedido de reabertura do caso
Capa do podcast ‘Dois Mundos’, da Folha – Catarina Pignato/Folhapress
São Paulo e Belém
A série “Dois Mundos”, da Folha, publicada no podcast Café da Manhã, venceu o 47º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria Produção Jornalística em Áudio.
Os jurados escolheram os vencedores das oito categorias nesta terça-feira (7), a partir dos finalistas indicados em setembro, em sessão pública de julgamento transmitida ao vivo no canal do prêmio no YouTube. O prêmio reconhece trabalhos em temas como defesa da democracia, de direitos humanos e cidadania, e é considerado o mais importante do país nessa área.
O podcast “Dois Mundos” foi veiculado no feed do Café da Manhã no Spotify e no site da Folha, em maio e junho deste ano. A série, em quatro episódios, teve reportagem, roteiro e apresentação de Vinicius Sassine, repórter especial e correspondente do jornal na Amazônia; Raphael Concli fez a edição de som, e a coordenação da série foi de Daniel E. de Castro, Gustavo Simon e Magê Flores.
O podcast investigou as circunstâncias da morte de Tadeo Kulina, um indígena de recente contato que desapareceu de uma maternidade pública em Manaus e foi encontrado morto mais de uma semana depois, no IML (Instituto Médico-Legal).
Ele e a mulher, de uma aldeia na região do médio rio Juruá, foram à capital do Amazonas porque Ccorima Kulina estava na fase final de uma gestação com complicações e corria risco de morte; ela e a bebê ficaram bem.
A série revelou novas provas sobre o que aconteceu com Tadeo em Manaus, depois de ele sumir da maternidade onde ocorreu o parto da filha. Ao reconstituir caminhos, o podcast entrevistou dezenas de testemunhas e pessoas próximas do caso e acessou centenas de páginas de documentos.
A apuração também revelou falhas na investigação da Polícia Civil do Amazonas —que apontou, na conclusão, uma morte acidental e pediu o arquivamento do inquérito. A série motivou dois pedidos na Justiça do Amazonas para reabertura do caso, protocolados em 29 de setembro e em 1º de outubro.
O Prêmio Vladimir Herzog é promovido pelo Instituto Vladimir Herzog —que homenageia o jornalista assassinado pela ditadura militar, em outubro de 1975— e mais 17 instituições da sociedade civil, como Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), ISA (Instituto Socioambiental) e OAB Nacional.
Concorriam com “Dois Mundos” na categoria Produção Jornalística em Áudio os podcasts “Caso K – A História Oculta do Fundador das Casas Bahia”, da Agência Pública, e “Projeto de Poder”, do ICL Notícias —este último recebeu menção honrosa. Pelo regulamento, no caso de séries, só um episódio deveria ser inscrito; “Dois Mundos” concorreu com o episódio 1, “Nascimento e Morte”.
A Folha também concorria na categoria especial Defesa da Democracia, que lembra 50 anos do assassinato de Vladimir Herzog, com o documentário “8 de Janeiro: Anatomia de um Ataque Golpista”. Na categoria, venceram o documentário “8/1 – A democracia Resiste”, da GloboNews, e a reportagem “Os Kids Pretos: O Papel da Elite de Combate do Exército nas Maquinações Golpistas”, da revista Piauí.
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