Escadaria pintada pela primeira vez em 50 anos com tema indígena – Ronny Santos – 23.mar.23/Folhapress

Artistas yanomamis vêm produzindo e mostrando sua arte como forma de resistência

“Como os direitos dos povos indígenas em todo o mundo estão conectados à justiça ambiental? Como a arte e o ativismo podem contribuir para as lutas pela soberania indígena e justiça climática?” Esses são questionamentos feitos pela exposição “A luta Yanomami”, uma parceria entre a renomada fotógrafa Claudia Andujar e o povo yanomami, que está sendo exibida no museu The Shed em Nova York.

Desde o ano 2000, artistas yanomamis vêm produzindo e mostrando sua arte em todos os lugares do mundo como forma de resistência, mostrando suas realidades, levando sua forma olhar o mundo, sua sabedoria e apresentando um novo mundo, novos caminhos, inclusive para superar a batalha coletiva que o mundo enfrenta contra as emergências climáticas. Mas além de tudo, para apresentar a beleza e o encanto desse povo que segura o céu e nos traz a importância de nunca parar de sonhar.

O grande líder Davi Yanomami traz em sua fala que um dos problemas do não indígena é que ele não sonha e também uma dificuldade em nos ouvir, por isso ele decidiu escrever o livro “A queda do céu”, para que o homem branco conseguisse entender o que o povo yanomami está dizendo.

Utilizando do saber ancestral e da arte como instrumento de transformação, os povos indígenas mostram como garantir direitos indígenas significa alcançar a chamada justiça ambiental e garantir um agora e um futuro que só é possível através da ancestralidade e por isso dizemos que o futuro é ancestral.

Nos entendendo como natureza, conhecemos os caminhos para um lugar justo para todos e reafirmamos as soluções já colocadas em práticas em nossos territórios para uma floresta em pé. Relembramos a importância de saber ouvir a floresta que conversa através dos sonhos e fala através das vozes dos povos originários dessa terra.

Através da arte os povos originários vêm espalhando e semeando sonhos para adiar o fim do mundo. Trazendo a crítica e reflexão de um mundo que não consegue enxergar os outros mundos existentes aqui e que por isso também não consegue ver esses outros caminhos.

A luta pelos direitos indígenas é de todos nós, é uma luta por direitos humanos, mas sobretudo é uma luta pela vida. Hoje o mundo olha para a Amazônia, pois entendeu a importância desse lugar para a vida humana, mas é necessário entender que para proteger esse lugar devemos colocar a luta dos povos da floresta no centro dessa discussão. É voltar a sonhar e ouvir quem sabe o que esse ato tão importante tem a nos dizer. Sonhar é preciso e eu sonhei com um mundo onde nossos povos são livres e convido a todos meus leitores a compartilhar esse sonho comigo.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/txai-surui/2023/04/arte-indigena.shtml

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