Mais Os dados são levantados com a colaboração de diversas organizações indígenas regionais, e mostram números mais trágicos que os oficiais: 55 mortos e 223 contaminados, mais que os 16 mortos e 214 contaminados do boletim de sábado (9) da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) do Ministério da Saúde.
Contraste A diferença nos números se dá porque a Sesai contabiliza apenas os casos que ocorrem em aldeias e terras indígenas, deixando de fora da conta os que são tratados nas redes dos centros urbanos.
Papel Neles, os indígenas se queixam de não serem reconhecidos e contabilizados como indígenas se não estiveram portando o Rani, uma certidão de nascimento indígena. Em alguns casos, relatam, têm sido registrados como pardos ou somente como civis, sem distinção, o que poderia gerar subnotificação.
Amazonas É o que dizem os representantes do povo kokama, de comunidades localizadas no alto e médio rio Solimões, no Amazonas. Seus representantes dizem que nas UPAs e no Hospital de Guarnição de Tabatinga, eles não têm sido registrados como indígenas se não estiverem com o Rani, o que, além de ter impacto simbólico em relação a suas identidades, pode afetar as estatísticas do efeito do coronavírus sobre as comunidades indígenas.
“Para quem vive na cidade, é preciso ter Rani para provar que é índio, e isso é errado. A partir do momento que a pessoa deixa a aldeia, não deixa de ser índio. Estamos fazendo o levantamento, sabemos que estamos morrendo”, diz Glades Rodrigues, presidente da Federação Indígena do Povo Kokama, que calcula terem morrido até o momento nove membros da comunidade.
Sobre o hospital militar de Tabatinga, o Exército afirma que um paciente só é registrado como indígena quando porta “carteira de identificação indígena” ou quando “acompanhado de informações de membro da Sesai”. Sem os documentos, são classificados como “civis”, indistintamente.
O governo do Amazonas não respondeu sobre os registros em UPAs.
Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto
Comentários