Ely Macuxi era um contador de histórias. Nascido no interior do Amazonas mas registrado em Manaus, ficou conhecido entre os indígenas como o “irmão que falava bem”.
Professor concursado de História da rede pública de ensino em Manaus, escritor e palestrante, Ely tinha o dom da palavra e da escrita e construiu um acervo de artigos e outros gêneros de textos de autoria própria. É autor do livro “Ipaty, o Curumim da Selva”, que traz as lendas, os mitos, as tradições, os costumes e o cotidiano dos macuxi.
Graduado em Filosofia, tinha mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia e especialização em Gestão e Etnodesenvolvimento, ambos na Universidade Federal do Amazonas.
Segundo Luiz Gustavo de Souza, 32, um dos filhos, Ely se destacou como incentivador e defensor incansável da educação escolar indígena de qualidade, respeitando a cultura e os saberes tradicionais.
Atualmente, assessorava o Conselho de Educação Escolar Indígena do Amazonas, vinculado à Secretaria Estadual da Educação. Ely também fundou o Núcleo de Educação Escolar Indígena de Manaus.
Por ter sido Seminarista, educado na Paróquia de Santa Luzia, em Manaus, Ely era muito religioso. Lá conheceu a esposa, a professora Terezinha Souza e Souza, 64, que morava num internato de freiras. Casaram-se em dois anos. Em 2020, completaram 33 anos de união.
Homem da natureza, mantinha como hábito as caminhadas na mata e os banhos de rio. Aos domingos, a oração e o almoço ao lado da família eram sagrados.
Ely Macuxi morreu dia 21 de janeiro, aos 59 anos, por complicações da Covid-19. Deixa a esposa, cinco filhos e dois netos.
“Ele deixa para nós a capacidade de lutar e acreditar que a cultura indígena poderá ser respeitada como uma forma de vida não arcaica, mas atual”, afirma Luiz Gustavo.
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